Quanto custa investir em ações das FAAMG? Apenas R$ 30 mil
Bolha? Que bolha? Apesar da alta registrada em 2020, segundo os especialistas as avaliações das ações das gigantes tecnológicas dos Estados Unidos – Facebook (Nasdaq: FB), Amazon (Nasdaq: AMZN), Apple (Nasdaq: AAPL), Microsoft e Google (Nasdaq: GOOG) (FAAMG) estão longe de ser esticadas, e longe dos múltiplos da bolha da internet do começo dos anos 2000.
Os analistas continuam prevendo um futuro de crescimento das FAAMG, que hoje representam cerca de 25% de todo o mercado de ações dos EUA e mais do que todos os mercados europeus juntos. Um futuro também favorecido por recentes operações extraordinárias de capital (como os splits das ações da Apple e Tesla, por exemplo). Então, tudo indica que um investimento diversificado no exterior poderia começar comprando ações dessas empresas de tecnologia.
Mas quanto custaria comprar apenas uma ação de cada uma? Um portfólio composto por uma ação de cada uma FAAMG, e acrescentando um papel da Zoom, envolveria um investimento de US$ 5.597,62 (cerca de R$ 30 mil) considerando o preço do último fechamento do Nasdaq, além do câmbio do dólar da última sexta-feira (11).
No final do ano passado, a mesma carteira teria custado cerca de US$ 3,3 mil (R$ 13,5 mil no câmbio da época). E, sem contar os desdobramentos de ações, a mesma teria um valor atual de US$ 6,5 mil. O rendimento registrado, portanto, teria sido de 101,71% em oito meses.
No caso da Tesla (Nasdaq: TSLA) e da Netflix (Nasdaq: NFLX), onde sim, segundo muitos analistas as ações estariam muito caras em relação a seus lucros atuais e prospectados, o cálculo mostraria uma alta ainda maior. As ações da Tesla estavam por volta de US$ 95 no final de 2019, e chegaram aos US$ 500 antes do split, no final de agosto. Uma valorização de 526%. Somando o fator câmbio, que tivesse comprado uma ação da empresa fundada por Elon Musk no final do ano passado teria investido cerca de R$ 400, obtendo hoje cerca de R$ 2.665.
Netflix, por sua vez, estava cotada em US$ 330 no final do ano passado, e chegou a US$ 522, fechando no último pregão em US$ 482,03. Quem comprou em dezembro de 2019 gastou R$ 1.386, e hoje teria R$ 2.569,21.
É verdade que o desempenho passado não oferece garantia de rendimento futuro. Todavia, considerando a nova normalidade provocada pelo coronavírus, com juros praticamente zero, baixos rendimentos dos títulos públicos e desdobramentos ocorrendo com frequência, o cenário do setor parece promissor para muitos analistas.
Efeito desdobramento
Em 31 de agosto, a Apple e a Tesla “dividiram” suas ações (o split é um desdobramento do capital social que resulta em um aumento no número de ações e uma diminuição em seu valor nominal), com uma relação de troca de ações, respectivamente 4 para 1 e 5 para 1.
Ou seja, aqueles que possuíam 1 ação da Apple receberam 4, enquanto aqueles que possuíam 1 ação da Tesla receberam 5.
De fato, o desdobramento não implica qualquer alteração da capitalização na Bolsa de Valores. Além disso, do lado do investidor o valor da carteira não muda.
Do ponto de vista técnico e prático, porém, com um corte “drástico” no preço das ações, o público potencial de investidores aumenta e por isso empresas com boa saúde e com elevada popularidade poderão registrar um aumento de seu valor na Bolsa.
Em uma análise histórica, enquanto para Tesla esta é a primeira divisão, a Apple já havia dividido as ações quatro vezes durante sua história. Após essas operações, seu valor cresceu em média 10,4% durante o ano seguinte (em fevereiro de 2005 e junho de 2014, elas subiram 58,2% e 36,4%, enquanto em junho de 2000 entraram em colapso em 61% devido à bolha).
Análise fundamentalista das FAAMG
Do ponto de vista de uma análise fundamentalista, as avaliações das FAAMG são altas, mas não tanto a ponto de pensar em uma bolha.
Se olharmos para Morgan Stanley Tech World, as ações de tecnologia registram em média um preço/lucro (p/l) de 1,3 vezes. Um valor mais caro que o índice MSCI World, mas longe dos valores registrados em 2000, quando o múltiplo relativo era 2,2.
Além disso, o prêmio de risco de uma Bolsa de Valores depende do múltiplo, mas também das chamadas alternativas livres de risco. E hoje, com juros no mundo inteiro em nível zero, a atratividade do setor, em termos de valorizações, aparece aceitável para muitos analistas.
É claro que em uma lógica de longo prazo não se pode excluir que mais cedo ou mais tarde serão os reguladores que intervirão em defesa dos consumidores com regras antitruste, principalmente por causa das participações de mercado semimonopolistas dessas empresas.
Entretanto, mesmo se o desempenho absoluto em termos comparativos com o mercado em geral não durará para sempre, nos curto e médio prazo a tecnologia ainda pode registrar resultados positivos.
Isso também porque, por causa da pandemia, o mundo (que já estava mudando) mudou mais rapidamente. Em cinco meses aconteceu o que deveria ter acontecido em 10 anos. Ações como a Zoom, até então pouco consideradas pelo mercado, agora chamam a atenção dos investidores. E além das altas de curto prazo, investir na tecnologia e em gigantes como as FAAMG pode se mostrar uma escolha vencedora no longo prazo. Mas tendo sempre bem clara a regra de ouro de cada investidor: diversificar.
Investir em ações
Antes de qualquer investimento em ações é importante ressaltar que quitar as dívidas deve sempre ser a prioridade. Os analistas da SUNO Research sempre salientam que é necessário antes poupar dinheiro para depois investir, e nunca se endividar para investir ou investir endividado. Esta matéria não é uma recomendação de investimento.