Quais são os riscos para quem investe em Bitcoin
O Bitcoin (BTC) superou mais um novo recorde nesta semana. Na última quinta-feira (7) a criptomoeda ultrapassou a marca de US$ 40.000 (cerca de R$ 212.000), sacramentando um novo rali do ativo.
Com a nova alta do Bitcoin o valor total do mercado de criptoativos superou US$ 1 trilhão pela primeira vez na história.
No acumulado de 2021, a criptomoeda já tem uma alta de mais de 30%, enquanto a valorização no ano passado superou os 400%.
Essa febre do Bitcoin levou muita gente que jamais teria pensado em investir na criptomoeda a entrar nesse mercado.
De acordo com a CNBC, a disparada do Bitcoin vem sendo atrelada a diversos fatores incluindo o aumento da compra parte de grandes investidores institucionais.
Segundo o site da rede de televisão norte-americana, otimistas em relação à criptomoeda defendem que o Bitcoin vai o ocupar o lugar de algo como um “ouro digital“, uma potencial alternativa e reserva contra a inflação. Em nota recente, o JPMorgan comunicou que o Bitcoin poderia atingir US$ 146.000 no longo prazo conforme ele começaria a competir com o próprio metal precioso.
Ainda conforme a CNBC, a ascensão do Bitcoin também foi amparada pela abertura em espaços de grandes empresas financeiras como PayPal e Fidelity. Em 2020, o PayPal anunciou um recurso que permite a seus usuários investimentos em criptomoedas e está planejando oferecer pagamentos criptográficos em sua enorme rede de varejistas ainda este ano.
Entretanto, mesmo com essa valorização expressiva, o mercado apresenta riscos elevados para quem investe.
Riscos para quem investe no Bitcoin
Em primeiro lugar é necessário deixar claro que o Bitcoin não é uma classe de ativos (asset class, em inglês). Isso pois a capitalização de todos os Bitcoins existentes no mundo é de cerca de US$ 400 bilhões. Enquanto uma empresa sozinha, como a Alphabet (Nasdaq: GOOG; GOOGL) ou a Tesla (Nasdaq: TSLA), valem mais do que o dobro desse valor.
Em termos de comparação, o ouro é uma classe de ativos que representa atualmente um valor total de cerca de US$ 12 trilhões. Portanto, comparar Bitcoin ao ouro significaria comparar uma lagoa a um oceano.
Além disso, o Bitcoin não pode ser definido como moeda alternativa.
Isso pois, na literatura econômica, uma moeda deve satisfazer três critérios básicos para ser considerada tal. Ou seja:
- meio de troca
- reserva de valor
- unidade de conta
O Bitcoin pode ser considerado uma reserva de valor, especialmente quando seu preço em dólares sobe. No entanto, é muito mais volátil em comparação com as moedas tradicionais para ser considerado como tal. Além disso, é ainda utilizado como moeda alternativa principalmente para atividades fraudulentas, pois é público e notório que o Bitcoin facilitou transferências financeiras de organizações criminais internacionais. Mas ainda não é aceito em larga escala no comércio de nenhum país do mundo.
Você sabe o que é halving?
Para quem queira investir em Bitcoin é necessário também saber que na base dessa forte alta existem razões principalmente técnicas. Um fenômeno que se chama halving, ocorrido na última vez em maio passado.
O halving é um evento que ocorre a cada 4 anos e que reduz pela metade a quantidade de criptomoeda produzida.
Isso pois o halving corta de 50% a recompensa dos mineradores, gerando características deflacionária do Bitcoin.
Portanto, a partir de maio do ano passado, quantidade emitida a cada 10 minutos pelos mineradores caiu de 12,5 para 6,25.
Quando ocorreram os últimos dois halving, em 2016 e 2012, o Bitcoin foi o protagonista de um crescimento nos 18 meses seguintes de cerca de 9.000%.
E se desta vez for igual, é possível que o Bitcoin chegue a US$ 300 mil em dezembro de 2021.
Entretanto, se após o último halving, em 2016, o Bitcoin passou de US$ 500 para cerca de US$ 20 mil, menos de um ano depois o valor da criptomoeda estava por volta de US$ 3 mil.
Se um investidor não consegue ter sangue frio para segurar uma queda de 30% na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), como ocorreu em março de 2020 por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19), quem dera segurar uma contração superior a 80% de seu património como nesse caso.
Liquidez inadequada
Por fim, o Bitcoin ainda tem uma liquidez inadequada. Até o momento, cerca de 18,5 milhões de Bitcoins já foram criados. Entretanto, estima-se que entre 25% e 30% destes poderiam ter se perdido para sempre por causa de problemas técnicos de hard disk ou de memórias USB perdidas.
Por isso que o Bitcoin se tornou algo mais parecido a um bilhete da loteria. Um fenômeno social que acaba atraindo pessoas que querem ficar ricas rapidamente comprando um ativo de risco.