Quais ações devem se destacar em 2024, fora as blue chips? Analistas respondem

Diante de um 2024 no qual a expectativa é o Ibovespa pontuar entre 130 mil a 140 mil pontos, os investidores estão cada vez mais atentos às oportunidades além das tradicionais ações blue chips, como Petrobras (PETR4), Ambev (ABEV3) e Weg (WEGE3). Especialistas apontam para um horizonte mais amplo, vislumbrando potencial de outras empresas que, segundo suas avaliações, estão posicionadas para se destacar no próximo ano.

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A partir de um cenário de fusões e aquisições desaquecido devido às altas taxas de juros, algumas dessas empresas estão conquistando a atenção de investidores ao demonstrarem resiliência e estratégias inovadoras.

Para Hulisses Dias, analista CNPI e mestre em finanças, a BR Partners (BRBI11) é uma delas. A empresa, segundo Dias, mantém uma lucratividade robusta e alto payout, destacando-se pela diversificação de suas receitas, incluindo atuação na reestruturação de dívidas e entrada no segmento de Wealth Management.

“Com as taxas de juros caindo e o mercado voltando a ficar mais aquecido, a empresa irá se beneficiar. O negócio apresenta cultura forte e o mercado ainda não precifica totalmente a qualidade da empresa e as oportunidades no horizonte”, diz ele.

Outra empresa no horizonte apontada pelo especialista é a Aliansce Sonae (ALOS3), que ganha destaque por sua gestão de capital eficiente e estratégias de desinvestimento em shoppings a cap rates atrativos de 8,5%.

De acordo com Dias, a recompra de ações a preços atrativos e a negociação próxima ao valor patrimonial sugerem uma subvalorização da Aliansce Sonae. Do ponto de vista macroeconômico, analistas apontam para o potencial de aumento dos aluguéis acima da inflação e acreditam que o mercado não reflete adequadamente a qualidade dos ativos detidos pela empresa.

Duas outras empresas também têm capturado a atenção de investidores que buscam oportunidades promissoras. A Cambuci (CAMB3) vem apresentando geração de caixa robusta, endividamento baixo e uma rentabilidade em ascensão. Com uma avaliação atraente de 3,9 vezes o EBIT, Dias vê a empresa com uma margem de segurança significativa.

Adicionalmente, a Simpar (SIMH3) que, de acordo com analistas, está prestes a entrar em um ciclo de ganhos de eficiência e desalavancagem em 2024. Após um período de crescimento impressionante, impulsionado pelo aumento da alavancagem desde 2020, a empresa enfrentou desafios na lucratividade do negócio.

No entanto, os especialistas projetam que os reflexos das taxas de juros mais baixas e um ambiente macroeconômico favorável deverão ser catalisadores para resultados positivos no próximo ano. “Com perspectivas de crescimento que ultrapassam três vezes a receita, a Simpar se posiciona como uma potencial aposta para investidores atentos às oportunidades emergentes no mercado”, diz Dias.

Dias ainda cita a Moura Dubeux Engenharia (MDNE3) que, apesar da alta expressiva no ano, é vista como uma oportunidade devido à expectativa de maior geração de caixa em 2024.

A empresa planeja destinar parte desse fluxo para dividendos, sendo líder de mercado na região Nordeste e com baixa competição em suas áreas de atuação. A recente aquisição do imóvel do Othon Palace em Salvador por R$ 82,6 milhões reforça sua posição no mercado.

Toro indica ações da Vivara (VIVA3), Cyrela (CYRE3) e mais

Dentro do universo de ações, a Toro Investimentos destaca Vivara (VIVA3), Multiplan (MULT3), Lavvi (LAVV3), Cyrela (CYRE3), BTG Pactual (BPAC11) e Banco ABC (ABCD4), informa Rodrigo Caetano, analista da corretora.

Em relação à Vivara, a empresa é líder no mercado brasileiro de joias há mais de 60 anos, com 99% de suas lojas situadas em shoppings. Para a corretora, a Vivara detém um portfólio diversificado de marcas, com uma posição consolidada dentro do comércio digital.

“Por consequência, a abertura de novas lojas, aliada aos elevados níveis das margens (operacional e líquida), devem fazer com que as estratégias traçadas pela companhia sejam positivas e sustentáveis para os próximos anos”, diz a Toro.

Outra ação em potencial é a Cyrela, que possui participação em diversas joint ventures e associadas, que permitem maior acesso a outros mercados. “O setor de construção civil foi impactado pelo aumento das taxas de juros e cenário econômico desafiador. Agora, com melhores perspectivas, a Cyrela está bem posicionada para capturar a recuperação do segmento. Além disso, a empresa negocia a múltiplos abaixo da média histórica, o que a torna mais atrativa”, afirma a Toro.

Ações: analistas da XP miram 150 mil pontos para o Ibovespa

A XP avalia que as ações brasileiras continuam baratas e que o país está bem posicionado para, em 2024, atrair fluxo de investidores dentro dos mercados emergentes. No cenário mais otimista, os analistas miram o Ibovespa acima dos 150 mil pontos. 

“O Brasil continua numa posição muito favorável nesse cenário de mercados emergentes. Além das chamadas Large Caps, as ações Small Caps estão muito descontadas”, afirmou Jennie Li, estrategista de ações da XP, durante live no YouTube da corretora. 

Para Li, o Ibovespa abaixo das médias históricas é um mercado atrativo para investidores locais e estrangeiro. Além disso, o prêmio de risco e o dividend yield também estão acima de suas médias, enquanto o ROE (retorno sobre patrimônio) negocia acima da média dos últimos 15 anos.

A XP projeta que, caso os bancos centrais globais comecem a cortar juros, a pressão para manter a taxa Selic em níveis elevados recuará e, consequentemente, ajudará ativos de risco brasileiros.

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De acordo com o time de estratégia da XP, o valor do Ibovespa foi ajustado para 142 mil pontos até o final de 2024. No cenário mais otimista, o Ibovespa poderia passar os 150 mil pontos, enquanto o pessimista prevê o valor justo em 105 mil pontos.

Dividendos: quais devem ser as melhores pagadoras em 2024?

Uma das abordagens sugeridas por especialistas é construir uma carteira com ações de empresas que tenham uma sólida política de distribuição de dividendos ou que apresentam os maiores “dividend yields”. Petrobras (PETR4) é um ótimo exemplo. 

Para João Daronco, analista CNPI da Suno Research, para uma empresa ser considerada boa pagadora de dividendos deve retornar um yield acima de 6%. 

No entanto, Daronco afirma que é preciso também estar de olho no preço/lucro e no endividamento da empresa. “A empresa pode estar distribuindo mais do que deveria do seu lucro e, para compensar essa distribuição maior do que o normal, acaba por se endividar”. Dessa forma, no futuro pode haver uma queda no rendimentos para o pagamento da dívida. 

Segundo consulta ao Status Invest, as 5 melhores pagadoras de dividendos nos últimos os últimos 12 meses até 12 de setembro são:

  •  Petrobras (PETR4): yield de 21,49%
  •  Petrobras (PETR3): yield de 20,49%
  •  Bradespar (BRAP3): yield de 13,23%
  •  BrasilAgro (AGRO3):yield de 13,14% 
  •  Bradespar (BRAP4): yield de 13,07

“Quando a gente olha a lista, predominam ações de commodities, com perspectiva bastante positiva. Uma empresa de commodity muitas vezes não tem tanto onde investir e quando o ciclo é positivo ela distribui o lucro”, diz Daronco. 

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Vinícius Alves

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