Putin reconhece independência de regiões separatistas e envia tropas para a Ucrânia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu a independência de Donetsk e Luhansk, regiões no leste da Ucrânia controladas por separatistas russos. Com a medida, Donetsk e Luhansk não serão mais reconhecidas como território ucraniano, o que abre espaço para a livre movimentação de tropas russas em direção à capital ucraniana, Kiev. Os EUA e países da União Europeia condenaram a medida e responderam que preparam sanções imediatas contra a Rússia.

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Moscou autorizou no fim do dia o envio de tropas para o leste da Ucrânia. Putin ordenou entrada de tropas russas. O decreto sobre a ação militar alega “missões de paz”. O governo russo disse que tem o direito de realizar a entrada  — que ele não chamou de “invasão”– depois de declarar a independência dessas regiões.

Com a decisão de Putin, o petróleo passou a segunda-feira (21) em alta intensa.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para abril fechou em alta de 3,16%, para US$ 93,95.

Já a cotação do petróleo Brent para abril subia 3,66%, para US$ 96,96, nos contratos futuros.

Mais cedo, as bolsas europeias já haviam fechado em queda. O Ibovespa encerrou o pregão em baixa de 1,02%, aos 111.725,30 pontos. Feriado nos EUA, hoje as bolsas americanas não tiveram pregão.

O dólar fechou em baixa de 0,64%, a R$ 5,1070, depois de oscilar entre R$ 5,0754 e R$ 5,1550. O fluxo de capital externo tem segurado a cotação.

Com a escalada da tensão no leste europeu, o presidente da França, Emmanuel Macron, pediu reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para discutir a Ucrânia.

Durante a fala de hoje sobre as regiões separatistas, Putin acusou a Ucrânia de bombardear áreas civis e matar moradores das áreas separatistas. “A Rússia fez tudo o que podia para manter a integridade territorial da Ucrânia. Mas foi tudo em vão”, declarou. “Os governantes de Kiev têm de parar com estas hostilidades e derramamento de sangue em Donbass. Caso contrário, qualquer consequência terá de pesar nas suas consciências.”

Em discurso, Putin afirmou que o governo ucraniano não cumpriu promessas de cessar-fogo. “Preciso tomar uma decisão que já deveria ter tomado: reconhecer a independência”, disse Putin em rede nacional, segundo informa a agência pública de notícias de Portugal RTP.

Reação da Casa Branca

A reação da Casa Branca foi imediata: “Estamos prontos para responder à Rússia imediatamente”. O comunicado do governo dos EUA acrescenta que Biden assinará decreto que proíbe investimentos e comércio com região separatista da Ucrânia.

“Vamos anunciar medidas adicionais e severa relativas à violação da Rússia em breve”, disse ainda a Casa Branca, em nota.

Antony Blinken, secretário de estado dos Estados Unidos, reiterou que a resposta americana será em conjunto com países aliadas e vai consistir em ações rápidas e duras.

A Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido anunciará amanhã sanções contra a Rússia

Putin disse mais cedo que a Rússia tem tentado resolver a situação de uma maneira pacífica, mas ficou “claro que o Protocolo de Minsk não será aplicado”. O protocolo se refere ao acordo de cessar-fogo após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.

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Com a decisão, os combatentes nas regiões podem requisitar assistência militar russa contra o exército ucraniano. Ou seja, há possibilidade de uma operação em território ucraniano. Putin já estava a caminho de reconhecer a independência das regiões, uma vez que na semana passada, o Parlamento russo aprovou um pedido para que o presidente reconhecesse as repúblicas autodeclaradas no leste da Ucrânia.

Tanto o primeiro-ministro britânico Boris Johnson quanto o chanceler alemão Olaf Scholz já haviam advertido Putin sobre um possível movimento de anexação ou liberação dos territórios da parte leste da Ucrânia. A União Europeia prepara sanções econômicas, que deverão ser anunciadas em breve contra a Rússia.

Mais cedo, os Estados Unidos haviam proposto uma nova rodada de negociações de paz com a Rússia em um encontro de presidentes. A condição imposta pelo presidente Joe Biden, no entanto, não foi cumprida pela Rússia. Entre os termos do acordo, a não invasão de território ucraniano.

Reflexo da decisão de Putin na Europa

Com as informações em mãos, o presidente da França, Emmanuel Macron, tentou ontem negociar um encontro entre Putin e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para diminuir as tensões. Macron convocou uma reunião de emergência em seu gabinete hoje mais cedo.

O gabinete do chanceler Alemão, Olaf Scholz, afirmou que era contra a decisão de Putin, de forma que o reconhecimento implicaria em uma “ruptura unilateral” do Tratado de Minsk.

Já o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, ressaltou que o bloco está “preparado para reagir fortemente se Putin reconhecer a independência das regiões”.

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Nos Estados Unidos, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse que o governo sempre esteve pronto para conversar para evitar uma guerra. Por outro lado, destacou que também estava preparado para responder a qualquer ataque.

“Então, quando o presidente Macron perguntou ao presidente Biden no domingo se ele estava preparado em princípio para se encontrar com o presidente Putin, se a Rússia não invadisse, é claro que o presidente Biden disse que sim”, disse ele ao programa “Today” da NBC na segunda-feira. “Mas todas as indicações que vemos no terreno agora em termos da disposição das forças russas é que elas estão, de fato, se preparando para um grande ataque à Ucrânia.”

A respeito do encontro entre os dois presidentes, o representante do Kremlin, Dmitri Peskov, comunicou a repórteres que é considerada uma reunião “viável”, mas que é “prematuro falar sobre planos específicos para uma cúpula”.

Cotações

As Bolsas da Europa fecharam todas em queda nesta segunda-feira (21), antes da assinatura definitiva de Putin sobre as regiões. Stoxx 600 caiu 1,30%, DAX (Alemanha) fechou em queda de 2,07%, CAC 40 (França) encerrou com -2,04%. Já em Londres, as perdas foram mais contidas, e o FTSE 100 fechou em queda de 0,39%, a 7.484,33 pontos. Já o Moex em Moscou tombou 10,50%.

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Com Agência Brasil 

Victória Anhesini

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