PIB cresce 0,8% no primeiro trimestre, ainda sem impactos do RS; mercado deve esperar ‘crescimento menor’ a seguir, diz economista

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou um crescimento de 0,8% no primeiro trimestre de 2024 ante o quarto trimestre de 2023.

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Os dados do PIB de 2024, indicador mais relevante de crescimento da economia, foram informados nesta terça-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE.

O PIB do primeiro trimestre de 2024 totalizou R$ 2,7 trilhões.

De acordo com o IBGE, pela ótima da produção, a alta trimestral foi puxada, principalmente, por Serviços (1,4%) com contribuições do Comércio (3,0%), de Informação e Comunicação (2,1%) e de Outras atividades de serviços (1,6%).

Além disso, no período a Agropecuária cresceu 11,3% e a Indústria registrou uma pequena variação negativa (-0,1%), considerada estabilidade.

PIB ainda não reflete tragédia no RS

Vale lembrar que neste resultado do PIB ainda não foram refletidos os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul, que poderão ter efeito nos dados do segundo trimestre.

O economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, estima que a tragédia no RS pode ter impacto negativo de 0,2 ponto percentual (p.p.) a 0,3 p.p. sobre o PIB.

“Isso irá depender do tamanho dos prejuízos. No médio e longo prazo, a reconstrução da região pode trazer um impacto positivo para o crescimento do país,” comenta o economista.

O que esperar do PIB do segundo trimestre?

Na comparação com o primeiro trimestre de 2023, o PIB cresceu 2,5%.

“Pela ótica da oferta, o destaque vai novamente para Serviços e a Indústria puxada pelo setor extrativo. Porém, a Agropecuária recuou 3,0% por conta da queda da estimativa de produção e perda de produtividade de algumas culturas como soja, milho, fumo e mandioca”, diz Sung.

Para o segundo trimestre em diante, o economista acredita que o mercado verá um “crescimento menor”, ainda impulsionado pelo consumo, mercado de trabalho e pelos efeitos desfasados da queda dos juros sobre o mercado de crédito, apesar da Selic terminal ser maior que o esperado anteriormente.

“Com isso, esperamos que o PIB cresça 2,1% em 2024”, avalia Sung.

“O comércio varejista e os serviços pessoais, ligados ao crescimento do consumo das famílias, a atividade internet e desenvolvimento de sistemas e os serviços profissionais”, segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, foram algumas das atividades do setor de serviços que se destacaram na alta do PIB.

Pela ótica da demanda, Palis destaca que houve um crescimento do consumo das famílias, devido à melhoria do mercado de trabalho no país e às taxas de juros e de inflação mais baixas, além da continuidade dos programas governamentais de auxílio às famílias.

Outro destaque positivo foi o aumento dos investimentos, alavancados pelo aumento na importação de bens de capital, no desenvolvimento de software e na construção.

Por outro lado, a economista do IBGE lembra que a produção de bens de capital ainda está no terreno negativo na taxa interanual.

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Previsões para a economia em 2024

Nesta semana, o Boletim Focus do Banco Central manteve as suas estimativas do PIB até o final deste ano para 2,05%, igual à projeção da semana anterior.

A agência Moody’s prevê alta de 2,0% no PIB do Brasil em 2024, e 2,2% em 2025.

Em relatório, a agência aponta que a economia real brasileira cresceu 2,9% em 2023, uma queda modesta em relação aos 3,1% em 2022, mas acima do consenso de mercado no início do ano passado para uma expansão de pouco menos de 1%.

Na avaliação da agência de risco, os fatores cíclicos de 2023 devem se dissipar em 2024, à medida que a forte produção agrícola e de mineração, o estímulo fiscal e o consumo dinâmico diminuírem num contexto da taxa Selic, a taxa básica de juros, relativamente elevada.

No fechamento de 2023, o PIB cresceu 2,9% ante 2022, resultado também ligeiramente menor que a mediana das projeções do mercado (+3,0%). O intervalo das estimativas ia de alta de 2,8% a 3,2%.

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Camila Paim

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