Resultado de produção da Petrobras (PETR4) não causa surpresas entre analistas. Mas e os dividendos?
Os resultados de produção da Petrobras (PETR4) no quarto trimestre de 2022 não surpreenderam o mercado. Divulgado na noite de ontem (8), com alguns indicadores em queda, a estatal apresentou uma produção recorde de 3,641 milhões de barris de petróleo e gás (avanço de 2,1% frente a 2021). O relatório não impactou as ações da petroleira – nem do ponto de vista positivo nem no negativo.
Por volta das 16h do intradia desta quinta-feira, os ativos preferenciais e ordinários da Petrobras operavam com alta de 0,61% e 0,89%, respectivamente.
“Os números operacionais da Petrobras no 4T22 mostram uma produção estável de petróleo e gás e nas vendas de derivados no período. Inclusive, a empresa conseguiu atingir seu guidance de produção para o ano (2,68 milhões de barris por dia vs. guidance de 2,6 milhões de barris por dia”, pontuam Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello, analistas do Itaú BBA.
A casa, que tinha recomendação neutra para as ações da petroleira, não mudou sua posição. O preço-alvo permanece em R$ 38 para os papéis preferenciais da Petrobras.
Os resultados da estatal também estiveram em linha com as projeções dos analistas do Banco Safra, que também têm recomendação de compra neutra, mas com preço-alvo a R$ 34.
“Vemos esse desempenho como uma indicação da boa forma operacional da Petrobras, mas acreditamos que o preço das ações pode permanecer volátil no curto prazo até que tenhamos mais clareza sobre o novo posicionamento estratégico”, destaca a casa.
De olho nos dividendos da Petrobras
O novo posicionamento estratégico da Petrobras também é levantado por outras casas, como o BTG Pactual (BPAC11) e o Goldman Sachs (GSGI34). Assim como para o Itaú BBA e o Safra, os resultados apresentados também estavam em linha com suas respectivas projeções.
“Afirmar de forma assertiva que a Petrobras pagará dividendos neste trimestre não é algo trivial, já que o governo recém-eleito e o novo CEO, Jean Paul Prates, mostraram uma inclinação de reduzir pagamentos”, reforçam Pedro Soares e Thiago Duarte, analistas do BTG.
Segundo eles, o fato de a petroleira já ter pago o suficiente para cumprir sua atual política de dividendos também pode reduzir a “vontade” da administração em pagar mais proventos aos acionistas.
“Por enquanto, consideramos que a atual política de dividendos da Petrobras será seguida no próximo trimestre com pagamento de US$ 5,6 bilhões, rendendo 8% com base no atual valor de mercado.”
O BTG mantém a recomendação neutra e preço-alvo de US$ 13,50 (ADR).
O Goldman também tem recomendação neutra para a compra de ações da Petrobras com preço-alvo a US$ 11,05. Em seu relatório, os analistas destacam que “apesar de uma avaliação relativamente barata (potencial rendimento de dividendos em cerca de 33%), reconhecemos o aumento da incerteza em torno das políticas a serem adotadas nos próximos anos.”
Todos os olhos em Prates
Entre as casas, a XP Investimentos é a única que tinha (e mantém) a recomendação de compra das ações da Petrobras, com preço-alvo a R$ 35,50, mas reconhece que se trata de “um investimento de alto risco”.
Os analistas André Vidal, Guilherme Nippes e Helena Kelm destacam que na teleconferência do 4T22 (marcada para o dia 2 de março), todos os olhares estarão voltados para Prates e nas mensagens que ele transmitirá aos investidores.
Além disso, eles acreditam que o foco das perguntas estará relacionado a:
- política de dividendos;
- mudanças na governança corporativa;
- alocação de capital (CAPEX e M&A);
- precificação dos combustíveis.
“A Petrobras continua sendo uma das majors de petróleo e gás mais baratas do mundo, mas nas últimas semanas os riscos políticos parecem estar crescendo contra os acionistas minoritários”, afirmam.
Cotação
Nesta quinta-feira, as ações preferenciais e ordinárias da Petrobras fecharam em queda de 0,46% e estáveis, cotadas a R$ 25,93 e R$ 29,28, respectivamente. No acumulado dos últimos 12 meses, os papéis da petroleira tiveram uma valorização de 36,43%.