A produção industrial cresceu 8% em julho, na comparação com o mês anterior, com uma alta inédita em 25 dos 26 setores. Esse é o terceiro mês seguido de alta, após um avanço de 8,7% em maio e 9,7% em junho. As informações foram divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (3), por meio da Pesquisa Industrial Mensal (PIM).
De acordo com o Instituto, essa é a primeira vez na série histórica, iniciada em 2002, que 25 dos 26 setores apurados na pesquisa mensal registraram crescimento. Entretanto, a retomada da produção industrial ainda não recuperou a baixa de 27% acumulada entre março e abril, meses de maior impactado da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no País.
Em relação ao mesmo mês do ano passado, a indústria apresenta uma queda de 3% — esse é o nono resultado negativo seguido em comparações anualizadas. No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa da produção está negativa em 5,7%, pior resultado desde dezembro de 2016, período em que o Brasil passava por uma recessão econômica.
Nos sete primeiros meses deste ano, a indústria registra uma queda de 9,6%. No entanto, segundo o gerente de pesquisa do IBGE, André Macedo, o nível ainda abaixo do ano passado demostra que há espaço para a recuperação “Observa-se uma volta à produção desde maio, e é um crescimento importante, mas que ainda não recupera as perdas do período mais forte de isolamento”, disse.
Destaques da produção industrial em julho
O principal destaque da produção industrial em julho ficou por conta do setor de veículos automotores, reboques e carrocerias, que avançou 43,9%. O setor acumula uma expansão de 761,3% nos últimos três meses, após o tombo histórico de abril. Todavia, ainda registra um nível 32,9% menor em relação a fereveiro.
Segundo Macedo, a quase totalidade de avanços nas categorias estudadas mostra um crescimento da produção após a flexibilização das medidas de isolamento social. “Alguns setores sentiram menos, como alimentos e produtos de limpeza, mas no geral, houve uma perda muito grande no isolamento”, afirmou o diretor. Outros destaques reportados fora:
- Metalurgia (18,7%);
- Indústrias Extrativas (6,7%);
- Máquinas e Equipamentos (14,2%);
- Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,8);
- Outros produtos químicos (6,7%);
- Produtos alimentícios (2,2%);
- Produtos de metal (12,4%);
- Produtos de minerais não metálicos (10,4%);
- Confecção de artigos do vestuário e acessórios (29,7%);
- Produtos de borracha e de material plásticos (9,8%);
- Produtos têxteis (26,2%);
- Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (13,8%);
- Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (12%);
- Produtos diversos (27,9%);
- Bebidas (4,6%).
A única categoria com resultado negativo foi o de impressão e reprodução de gravações, com uma baixa de 40,6%. Macedo explica que “é uma atividade que se caracteriza por um comportamento volátil mesmo. Caiu em julho, mas havia avançado 77,1% em junho”.
No índice das grandes categorias econômicas da produção industrial, destacam-se bens de consumo duráveis (42%), setores produtores de bens de capital (15%) e de bens intermediários (8,4%), além dos setores produtores de bens de consumo semi e não duráveis (4,7%). Todas as categorias, no entanto, ainda estão abaixo do patamar registrado em fevereiro deste ano.