A Câmara Municipal de São Paulo aprovou, na quarta-feira (17), em primeiro turno, o projeto que abre caminho para a privatização da Sabesp (SBSP3). Para o Itaú BBA, o modelo da oferta da Sabesp aumenta a chance de atrair um investidor estratégico, o que é visto como crucial para aumentar a eficiência da empresa e alcançar a universalização dos serviços até 2029.
“Os termos são muito positivos, oferecendo uma solução inteligente para a maior questão levantada pelos investidores nos últimos meses: como o governo atrairá um investidor estratégico se o preço das ações da Sabesp aumentar significativamente?”, afirma o BBA, que recomenda a compra dos papéis, com preço-alvo de R$ 120.
De acordo com a research, existem alguns potenciais investidores estratégicos, incluindo Aegea, Equatorial (EQTL3), Cosan (CSAN3), Votorantim e IG4. A Sabesp estipula o prazo para a precificação da oferta para agosto, tendo como referência o resultado do primeiro trimestre de 2024.
Na mesma linha, o Safra vê o modelo de oferta como um desenvolvimento positivo e importante para o processo de privatização da Sabesp: “O modelo proposto para selecionar investidores em dois blocos pode abordar um dos principais desafios desta oferta, que é garantir a participação e seleção de um investidor estratégico.”
Além disso, o banco também considera como positivas as regras de governança, pois incluem limites de votação de 30%, estabelecendo um limite para o poder do Estado, e cláusulas de bloqueio adicionadas para os investidores estratégicos que permanecerão em vigor até que a meta de universalização seja alcançada (2029), garantindo assim compromisso com a qualidade das operações.
“Também vemos a aprovação do projeto de lei proposto pelo município de São Paulo (para permitir a privatização da Sabesp) na primeira (de duas) rodadas de votação como um marco positivo para o processo”, cita o Safra.
Sabesp: Safra vê melhoras na proposta de regulamentação
Em 17 de abril, o Governo do Estado de São Paulo anunciou a conclusão da consulta pública para a privatização da Sabesp e apresentou as diretrizes para o novo estatuto da empresa, detalhes do follow-on e os próximos passos do processo de privatização.
Neste contexto, o Governo do Estado mencionou que fez algumas mudanças importantes, conforme sugerido na audiência pública, como a inclusão de áreas adicionais a serem atendidas pela Sabesp, um plano para crises hídricas e penalidades claras (com descontos nas tarifas) se a empresa não atender às metas regulatórias exigidas.
Segundo o Safra, o follow-on da Sabesp será dividido em dois blocos. O primeiro bloco (bloco prioritário) selecionará dois investidores estratégicos, que poderão concorrer a uma participação de 15% na Sabesp. As duas maiores ofertas serão escolhidas para passar para a segunda fase.
Na segunda fase (segundo bloco), os dois investidores participarão de um processo de bookbuilding, que é uma prática utilizada no mercado financeiro para determinar o preço de emissão de ações em uma oferta pública inicial (IPO) ou em uma oferta subsequente (follow-on).
Durante o bookbuilding, os coordenadores da oferta (bancos de investimento) e a empresa emissora da ação interagem com investidores institucionais e individuais para determinar o interesse na oferta e o preço pelo qual estão dispostos a comprar as ações.
Sobre a governança, o investidor estratégico celebrará um acordo de investimento com o Governo do Estado que incluirá as seguintes disposições:
- (1) um período de bloqueio de cinco anos (as ações só podem ser vendidas após 2030), com possibilidade de prorrogação até 2034, desde que uma participação mínima de 10% seja mantida na empresa;
- (2) o conselho de administração será composto por três membros escolhidos pelo investidor estratégico, três membros escolhidos pelo Governo do Estado e três membros independentes;
- (3) ação de ouro de propriedade do Governo do Estado para manter os objetivos da empresa, localização da sede, entre outras disposições;
- (4) limite de 30% para os direitos de voto; e (5) pílula de veneno.
O governo também mencionou que sua participação final na Sabesp não será inferior a 18%.
Oferta da estatal deve chegar a R$ 15 bilhões
A oferta de ações da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp (SBSP3), pode chegar até R$ 15 bilhões, segundo o CEO da companhia, André Salcedo.
No início do mês, durante o Brazil-Investment Forum,
presidente-executivo da Sabesp disse que, apesar de ainda não haver uma definição final sobre a oferta, as estimativas do mercado na casa dos 11 dígitos (entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões) estão sendo acompanhadas.
Além disso, André Salcedo ainda afirmou que a oferta de ações da Sabesp deve acontecer até o fim de maio ou começo de junho. No mais tardar, as operações podem ser estendidas até agosto, considerando eventuais atrasos.
Ainda não se pode precisar a parcela das ações da Sabesp que deverão ir a público na oferta. Contudo, estima-se que a redução de participação do Estado de SP seja encurtada dos 50,3% atuais para algo entre 18% e 30%.
Cotação das ações da Sabesp
Nesta quinta-feira (18), as ações da Sabesp subiram 1,63%, cotadas em R$ 82,77.
Cotação SBSP3