O BTG Pactual (BPAC11) divulgou um novo relatório sobre a Petrobras (PETR4) nesta terça-feira (26), após as declarações do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, dizendo que a privatização da estatal “está no radar”. Na análise do banco, a venda da empresa ainda é sonho distante e 0 assunto está sendo usado para desviar a atenção do aumento no preço dos combustíveis.
As ações da Petrobras subiram 7% ontem, depois da notícia de que o governo estaria estudando a venda de suas ações majoritárias na companhia. “Não vemos isso como uma mera coincidência e acreditamos que o governo pode estar mais uma vez tentando convencer a sociedade de que o fardo de definir os preços dos combustíveis não deve estar sujeito à vontade de alguém, mas sim estabelecido sob um dinâmica de preços de mercado e que a privatização da Petrobras seria o melhor para o país”, diz o relatório.
O BTG acredita que conversas sobre a privatização para os “próximos 12 meses devem ser encaradas com uma grande dose de ceticismo”. O banco mantém sua recomendação neutra de compra, com preço-alvo para os próximos 12 meses de US$ 15.
O banco considera que a privatização da Petrobras iria depender da aprovação de medidas no Congresso, ou seja, demandaria muito capital político, algo controverso demais para ser feito em 2022, ano eleitoral.
Petrobras não precisa ser privatizada, diz BTG
Na avaliação do BTG Pactual, a Petrobras não necessariamente precisa ser privatizada. Segundo a análise, privatizar as refinarias do Brasil pode ser suficiente, tendo em mente que seria uma operação menos controversa.
“Sua posição monopolística no país tem sido indiscutivelmente a principal razão para interferência política, já que os governos costumam usar os preços dos combustíveis como uma ferramenta política para controlar a inflação. Em última análise, privatizar as refinarias do Brasil pode ser suficiente, em nossa opinião, contribuindo fortemente para reduzir o risco do caso de investimento da Petrobras e desencadear uma potencial re-rating sem todo o barulho criado pela privatização a empresa inteira”, diz o relatório.
“Recomendamos uma abordagem cautelosa em relação à privatização da Petrobras. Enquanto nós não descartamos uma potencial venda de ações preferenciais do BNDES (com pouco ou nenhum impacto sobre o cenário de controle da empresa) devido à diminuição dos empecilhos legais e regulatórios, nós achamos que a principal fonte de vantagens de curto prazo é altamente dependente da distribuição de dividendos da empresa”, conclui o BTG.