A prisão do ex-presidente Michel Temer na última quinta (21) pela Operação Lava Jato trouxe de volta à tona a Angra 3, usina nuclear cujas obras estão não terminam e levantam suspeitas há muito tempo.
Temer foi preso numa operação cujos mandados de prisão (dez no total: oito preventivas e duas temporárias) foram expedidos pelo juiz federal Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio. Entre os presos, além do ex-presidente, estão Moreira Franco, ex-governador do Rio e ex-ministro de Temer, e João Batista Lima Filho, o coronel Lima. Ele é apontado como o “testa de ferro” e operador financeiro de Michel Temer. Isto é, o homem responsável fazer negociações em nome do emedebista, mantendo-o no anonimato.
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A operação é um desdobramento da Operação Radioatividade, gerada a partir da delação do dono da empreiteira Engevix, José Antunes Sobrinho. O executivo relatou em sua delação premiada que pagava propina a Othon Luiz Pinheiro da Silva, conhecido como almirante Othon, ex-diretor-presidente da Eletronuclear e responsável pela contratações de obras e do projeto da usina de Angra 3.
Sobrinho disse que o coronel Lima o abordou pedindo para que a Argeplan, empresa de engenharia ligada a Temer, entrasse no consórcio para executar obras na Angra 3. Segundo os procuradores, a Argeplan não tinha experiência nem capacidade técnica para operar em obras nucleares, já que era voltada a projetos metroviários.
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Nos e-mails interceptados pela polícia, há troca de mensagens deixando clara a constante pressão que o almirante Othon recebia do coronel Lima, lembrando-o de que ele devia seu cargo a Temer e, assim, cobrando benefícios à Argeplan. Associada a uma empresa estrangeira com expertise em obras nucleares, a Argeplan consegue entrar no consórcio de Angra 3, recebendo parte do dinheiro.
A denúncia contra Temer se refere à ligação dos pagamentos feitos à Argeplan com o uso de dinheiro em espécie na reforma de um imóvel de Maristela Temer, filha do ex-presidente. A obra foi realizada pela esposa do coronel Lima, Maria Rita Fratezi. Além disso, o próprio Michel Temer usava um celular da empresa de engenharia.
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Segundo a força-tarefa da Lava Jato, por meio da quebra dos sigilos fiscal e bancário da Engevix, foi possível correlacionar os repasses da empreiteira para uma empresa de consultoria usada pelo almirante Othon, a Aratec.
O caminho percorrido pelo dinheiro da propina da Engevix, além de outras empreiteiras envolvidas na corrupção em Angra 3 como Odebrecht, Andrade Gutierrez e UTC, segundo a investigação, leva a nomes como Michel Temer e Moreira Franco.