No primeiro pregão de 2024, o Ibovespa, principal índice de ações brasileiras, opera a sessão em queda de 1,21% nesta terça-feira (2), aos 132.565 pontos. No mercado local, os investidores analisam o boletim Focus, após a aceleração do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) em dezembro. O dólar fechou com alta de 1,29%, cotado a R$ 4,8518.
O Ibovespa hoje é impactado pelo desempenho das bolsas de Nova York, que operam sem direção única: Dow Jones avança 0,14%, S&P 500 cede 0,49% e Nasdaq tem queda de 1,55%.
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria dos Estados Unidos caiu de 49,4 em dezembro a 47,9 na leitura final de dezembro, informou nesta terça-feira, 2, a S&P Global. Analistas ouvidos pela FactSet previam 48,2. O resultado é inferior à leitura preliminar, também de 48,2. Com isso, o PMI da indústria dos EUA se distancia mais da marca de 50, que separa contração da expansão da atividade nessa pesquisa.
Os investimentos em construção nos Estados Unidos cresceram 0,4% em novembro de 2023, na comparação com outubro, a US$ 2,050 bilhões, informou nesta terça-feira, 2, o Departamento do Comércio. Analistas ouvidos pela FactSet previam alta de 0,45%. O dado de outubro foi revisto, da alta de 0,6% ante o mês anterior antes calculada para um avanço maior, de 1,2%.
O movimento reflete a expectativa de desaceleração de economias como a americana e a chinesa, o que pesa nos juros futuros e consequentemente em papéis ligados ao ciclo econômico.
“Se pudéssemos expurgar as ações da Petrobras (PETR4) e da Vale (VALE3) que têm o maior peso, a queda do Ibovespa seria bem maior”, disse Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, citando como exemplo o declínio acima de 1,11% do SMAL11, um ETF que engloba as principais small caps da Bolsa brasileira.
Neste sentido, há grande expectativa pela divulgação de indicadores e falas de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), nesta semana, que poderão indicar quando se iniciará o processo de queda dos juros no país. Por ora, estima-se que a queda começará entre o primeiro e o segundo trimestres.
“Tem uma correção hoje apesar de a agenda não estar tão cheia”, diz Alan Soares, analista da Toro Investimentos. “Ao longo da semana sairão dados e informações importantes nos Estados Unidos como índices de serviços, de emprego como o payroll e ata da última reunião de política monetária.”
De todo modo, Ferrer não vê a queda desta terça do Ibovespa como uma tendência. “Naturalmente, após meses de novembro e dezembro em altas, é natural vermos alguma acomodação, algum ajuste. No geral, para o médio prazo, a tendência segue bastante positiva. 2024 pode ser um ano de bom desempenho para o Ibovespa”, estima o analista da Empiricus.
Como avalia a Guide Investimentos em relatório, os investidores estão sustentando um grau maior de cautela diante do forte desempenho dos ativos em novembro e dezembro, com destaque para a alta das taxas de juros nas economias centrais. Isso ocorre “ainda que as apostas continuem em torno de cortes de 1,5 ponto porcentual na Europa, EUA e Reino Unido para 2024.”
Apesar de ter caído 0,01%, aos 134.185,24 pontos na quinta-feira, 28, no último pregão de 2023, o Ibovespa subiu 22,8% no ano passado, a maior elevação desde 2019. Conforme a análise gráfica do Itaú BBA, os próximos objetivos do Índice Bovespa estão em 137 mil e 150 mil pontos – nível a ser perseguido ao longo de 2024.
Ibovespa: boletim Focus e projeções de inflação
No Boletim Focus, a expectativa para a inflação anual em 2023 seguiu em 4,46%. Um mês antes, a mediana era de 4,54%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção de IPCA mudou levemente, de 3,91% para 3,90%. Há um mês, estava em 3,92%.
Entre as maiores altas do Ibovespa, as ações da 3R Petroleum (RRRP3) sobem 0,84%. Do lado oposto, os papéis da Azul (AZUL4) cai 5,53% e a Gol (GOLL4) recua 3,90%.
A Petrobras (PETR4) lidera ganhos com as ações preferenciais em alta de 1,42%, cotadas a R$ 37,77. Movimento similar ocorre com as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) que têm alta de 1,21%, a R$ 39,45. Hoje, o petróleo sobe sua cotação para acima de US$ 78 em Londres em repercussão aos acontecimentos no Mar Vermelho.
A Vale (VALE3) tem baixa de 0,02%, cotada a R$ 77,18. O contrato futuro do minério de ferro em Cingapura registrou alta de 2,38%, a US$ 141,75 por tonelada, e o contrato à vista sobe +1,96%, a US$ 143,00. Na bolsa chinesa de Dalian, a commodity está em alta de +2,93% , cotada a US$ 140,38.
A Azul (AZUL4) lidera quedas. Na lista das maiores baixas estão Alpargatas (ALPA4), com -5,83%, e Magazine Luiza (MGLU3), que recua 5,09%.
Os bancos caem em bloco:
- Banco do Brasil (BBAS3): -1,64%
- Itaú (ITUB4): -1,87%
- Santander (SANB11): -1,24%
- Bradesco (BBDC4): -2,28%
No mercado externo, o dólar tem alta no exterior, acelerando ganhos ante uma cesta de moedas, como euro e libra, enquanto o mercado aguarda a divulgação de novos indicadores econômicos dos EUA para obter informações sobre qual será o próximo movimento do Federal Reserve (Fed).
As bolsas europeias iniciaram o ano com uma trajetória positiva, lideradas pelo setor de petróleo e gás. O Stoxx 600 europeu abriu com alta de 0,43%. Por sua vez, as bolsas asiáticas fecharam em desempenho misto, com as chinesas em queda após dados da atividade manufatureira no país.
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Último fechamento do Ibovespa
No último pregão de 2023, o Ibovespa fechou próximo da estabilidade, com queda de 0,01%, aos 134.185,24 pontos, após quatro recordes seguidos.
Com Estadão Conteúdo
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