Fila do INSS ou descanso nas Maldivas? Responda enquanto é jovem
Guardar um dinheirinho para investir ou gastar tudo na festa com os amigos no final de semana? Está aí um dilema comum para os jovens. Não é qualquer pessoa que consegue ponderar os sacrifícios de hoje pensando no amanhã. Muito menos quando esse amanhã é tão longínquo quanto podem ser a aposentadoria e o planejamento de uma previdência privada para uma pessoa de 20 ou 30 e poucos.
A realidade é que a maioria dos brasileiros não sabe quanto vai ganhar quando se aposentar, segundo um levantamento da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) em parceria com o Datafolha.
É sobre isso que vamos falar hoje, no quarto dia da Semana Temática de Previdência Privada do Suno Notícias, em parceria com o Infomoney, e o apoio da Capitânia Investimentos e da Suno Asset. Você pode acompanhar tudo neste link.
Segundo a pesquisa, que ouviu 2.023 pessoas no fim do ano passado, 64% dos respondentes não sabem o valor que receberão com a aposentadoria pelo INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Porém, três em cada dez entrevistados pretendem viver com o dinheiro pago pela Previdência Social quando não puderem mais trabalhar.
Pode parecer uma preocupação distante quando a aposentadoria está a décadas de distância, mas, com a expectativa de vida dos brasileiros aumentando a cada ano, depois de cruzar a linha dos 65 anos, se tem mais 20 pela frente para viver, em média.
Para Fábio Gallo, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), o brasileiro está historicamente acostumado a ter uma solução para a sua aposentadoria por meio da Previdência Social, mas não parece bem resolvido em termos de educação financeira para entender que a aposentadoria envolve um planejamento futuro.
“No Brasil, temos diversos benefícios sociais que não se veem em outros países, mas isso não é garantido. Há 30 anos, o teto da aposentadoria era superior a 30 salários mínimos. Hoje, chega a 5 salários mínimos e mesmo assim é para poucos”, diz Gallo.
Em 2022, o teto do INSS está em R$ 7.087,22.
Além disso, com a última reforma da previdência, o professor indica que será difícil para o jovem de 20 a 30 anos de hoje conseguir se aposentar com a mesma facilidade de tempos atrás.
Planejar hoje para descansar amanhã
No mesmo levantamento feito pela Fenaprevi e o Datafolha, os pesquisadores levantaram o seguinte cenário hipotético: “Se você vivesse até 150 anos de idade, como se sustentaria?” Somente 8% dos respondentes disseram acreditar que teriam dinheiro suficiente guardado para se manter até lá.
Para cumprir esse plano, a maior parte deles indicou economizar e investir como o melhor caminho.
Considerando se tratar de um recorte de 8% da população, fica claro que planejar a velhice não está no gosto dos brasileiros de nenhuma idade. Porém, os especialistas indicam que se preocupar e planejar o futuro é, principalmente, um assunto para jovens.
Isso porque o longo prazo favorece os investimentos. Com as mudanças feitas por meio da reforma da previdência, os fundos de previdência privada passaram a ganhar mais atenção, principalmente por trabalhar com esse retorno de longo prazo.
Para uma pessoa com 25 anos de idade, que pretende se aposentar aos 65, por exemplo, para ter uma renda mensal de R$ 2,5 mil na aposentadoria, precisa depositar cerca de R$ 550,00 por mês até lá. Já para uma pessoa com 45 anos, que deseja a mesma renda na aposentadoria, os depósitos mensais aumentam para R$ 1,76 mil. Os cálculos são do Marcelo Cantieri, planejador fiduciário na Fiduc.
Felipe Magolo, líder na área de previdência privada da Suno Asset, explica que, ao investir com o pensamento no longo prazo, com anos à frente para o resgate, o investimento gera mais retorno por não estar suscetível aos percalços de curto prazo do mercado.
“Quando se tem o tempo a seu favor, crises como a que estamos vivendo agora têm menor importância, porque, com o passar dos anos, o mercado se restabelece e o dinheiro investido vai continuar rendendo, possivelmente até mais do que antes”, diz Magolo.
A previdência privada é uma modalidade de investimento que tem como objetivo esse carrego por décadas. De modo que, quanto mais tempo for possível manter o dinheiro no fundo, mais ele irá trabalhar para ser uma segurança futura que poderá complementar ou substituir a aposentadoria paga pela Previdência Social.
Previdência privada para todos os gostos
Em 2021, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em conjunto com o SPC Brasil fez uma pesquisa que mostrou que 71% dos idosos que se mantêm no mercado de trabalho, mesmo após a aposentadoria, o fazem para complementar a renda.
Se atualmente os valores já não sustentam cerca de dois terços da população aposentada, um estudo do IBGE indica que, até 2060, o Brasil terá mais beneficiários na Previdência Social do que contribuintes para arcar com os custos do INSS.
O resultado disso são pagamentos ainda menores e possíveis reformas futuras que devem restringir ainda mais os direitos à aposentadoria pelo governo. Nesse contexto, a previdência privada apresenta as suas vantagens para os jovens dispostos a planejarem seu futuro.
De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), existem atualmente 23 tipos de fundos de investimento na modalidade de previdência privada. Cada um deles apresenta especificações para se enquadrarem no perfil do investidor.
Existem muitas considerações, pois não se trata de um planejamento trivial – afinal, é um planejamento para segurança financeira futura. O professor da FGV Fabio Gallo indica que ter um assessor de investimentos que vai instruir e explicar cada tópico é importante.
“Tem muitas pessoas que contratam a previdência privada achando que é só fazer os depósitos todos os meses e quando aposentar vai ter o dinheiro na mão. Mas não é bem assim. Há muitas decisões envolvidas, diferentes planos no mercado e as pessoas precisam entender o que estão contratando”, diz Gallo.
Pedro Guimarães, CEO da Fiduc, indica os três principais tópicos que um investidor deve olhar ao considerar a sua previdência privada:
- Planejamento financeiro: questões como percentual dos aportes em relação ao salário e tempo de investimento;
- Estrutura do fundo: benefício fiscal mais adequado, incidência da tabela de Imposto de Renda, objetivo de uma renda vitalícia ou não;
- Ativos do portfólio: quais produtos (ações, fundos, CDBs, etc) combinam com o perfil do investidor, considerando o risco-retorno.
É trabalhoso contratar uma previdência privada. Esse é o motivo pelo qual muitos brasileiros não planejam a própria aposentadoria? Talvez. Mas, quando chegar a hora de descansar o despertador, o dinheirinho na conta pode se transformar numa cervejinha em uma viagem de turismo a Maldivas, graças à economia na festa com os amigos feita 40 anos atrás.