Previdência: regime atual está condenado à falência, diz Guedes em Comissão Especial

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na quarta-feira (8) que o atual regime da reforma da Previdência está condenado à falência. Por mais de 8 horas, o economista debateu os pontos da proposta na Comissão Especial.

“O sistema já está condenado à quebra. A razão principal para fazermos a reforma é que a velha Previdência é um regime condenado à falência”, disse Guedes aos deputados. O ministro ainda acrescentou que a atual Previdência é “uma fábrica de privilégios e uma máquina perversa de transferência de renda”.

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Usando os números, Guedes esclareceu que a proporção entre contribuintes e aposentados segue aumentando o desequilíbrio. Dessa forma, o economista afirmou que há 40 anos havia 14 contribuintes para cada aposentado. No momento, esse número é de sete para um. “Quando os filhos e netos dos presentes pensarem em se aposentar, serão dois, três jovens para cada idoso”, disse.

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Capitalização

A alteração da Previdência para o regime de capitalização é uma das principais defesas do governo. Contudo, é também um dos pontos que mais enfrentam resistência dos parlamentares. Com isso, Guedes argumentou sobre a importância da mudança no sistema.

Assim, a principal defesa do ministro foi negar que o novo regime acarretaria na troca de funcionários mais velhos por jovens. “Nenhum empresário vai trocar um empregado experiente por um jovem sem experiência nenhuma. O que estou fazendo é dar a oportunidade a esse jovem que hoje deixa de ter um emprego formal por causa dos encargos trabalhistas”, disse Guedes.

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Nesse sentido, o ministro afirmou que não pretende extinguir o regime de repartição. “Não cometeria esse crime com a geração futura, de desativar a Previdência que existe.”

Sendo assim, o economista relembrou que é responsabilidade do Congresso adotar ou não a capitalização. Entretanto, reiterou que o regime só pode ser implementado se a reforma promover uma economia de R$ 1 trilhão. Para isso, é preciso que os parlamentares não “desidratem” muitos pontos do texto.

Quebra de privilégios

A linha de discurso adotada na Comissão Especial por Guedes foi a de quebra de privilégios. “Não é razoável que quem legisla, legisla em benefício próprio com uma aposentadoria 20 vezes maior do que a do trabalhador comum”, afirmou.

Depois da fala, o ministro corrigiu e afirmou que são os servidores do Legislativo que recebem 20 vezes mais que os da iniciativa privada, e não os parlamentares.

“Tem que corrigir o andar de cima, como dizemos o tempo inteiro, tentando reduzir a desigualdade. Os direitos não estão sendo atingidos. O que fizemos foi uma transição para uma convergência de regimes lá na frente”, declarou.

Guedes também afirmou que não há espaço para a criação de novos impostos. “Não tem como fugir [das dívidas] com os impostos. Os impostos vieram de 18% para 35% do PIB nas últimas décadas”, argumentou. O economista afirmou que gerar novos tributos só faria piorar a situação. “Se tentar esse caminho, é o caminho da destruição total da economia brasileira”, disse.

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Confusão na comissão da Previdência

Mais para o fim da reunião sobre a Previdência, os ânimos foram alterados e a relativa calma de até então foi substituída por um tumulto. Isso porque Guedes se irritou com parlamentares da oposição. Assim, o ministro começou a responder mais agressivamente aos deputados. Por consequência, houve uma gritaria no plenário.

Ao ser questionado com pontos mais delicados, Guedes afirmou que não reagiria nem responderia às ofensivas. Além disso, o economista declarou ter percebido um padrão nas reuniões.

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“Depois de umas seis horas, a escalada fica um pouco mais pessoal. Então, eu estou sendo ameaçado de crime de responsabilidade, estão entrando no Google para pegar coisas minhas. Mas eu já estou compreendendo um pouco mais como é que funciona a Casa. Então, não vou reagir nem à ameaça nem à ofensa”, afirmou Guedes.

Depois, o ministro afirmou ter se sentido desrespeitado durante a Comissão Especial da Previdência. “Quero que os senhores me perdoem se eu me excedi em algum momento. Merece respeito quem respeita. Em alguns momentos me senti desrespeitado”, concluiu.

Beatriz Oliveira

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