Mesmo com melhora na inflação, Copom deve manter Selic a 13,75% pela 6ª vez. Quando a taxa vai cair?

Nesta terça (2), teve início a terceira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC). O encontro começou às 10h13 e se estenderá até amanhã, para definir a taxa básica de juros (Selic).

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De acordo com os especialistas consultados pelo Suno Notícias, a expectativa é de que a taxa básica de juros seja mantida aos 13,75% ao ano — pela sexta vez consecutiva. 

Embora o novo arcabouço fiscal tenha enfim sido entregue pela equipe econômica do Ministério da Fazenda, a proposta ainda traz indefinições: como os efeitos sobre as expectativas de inflação, câmbio, além da curva de juros.

“Ainda que apresentação da proposta para o novo arcabouço fiscal possa contribuir para limitar incertezas e reduzir o risco fiscal estrutural, a evolução da trajetória da dívida pública ainda deve ser mencionada como risco de alta, junto com a piora das expectativas de inflação para horizontes mais longos”, explica o economista-chefe do Itaú Unibanco (ITUB4), Mário Mesquita. 

Por outro lado, o economista destaca as incertezas da inflação brasileira em meio a uma desaceleração global mais pronunciada, a queda adicional dos preços de commodities e uma redução na concessão doméstica de crédito maior do que a esperada. 

E por falar em inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o indicador oficial da inflação, ficou em 0,57% em abril — inferior na comparação com as de março deste ano (0,69%) e de abril do ano passado (1,73%). 

Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 4,16%, abaixo dos 5,36% registrados em janeiro e é o menor nível desde outubro de 2020, conforme projeções recentes do Boletim Focus

Já no cenário internacional, em meio à guerra na Ucrânia e episódios de bancos quebrando, a expectativa é de que o Federal Reserve (Fed), Banco Central dos Estados Unidos, encerre o ciclo de alta de juros em breve e inicie o processo de cortes na taxa de juros em setembro. 

Cenário econômico melhor

Segundo Gustavo Sung, economista-chefe do Suno Research, há um processo de desinflação em curso. Contudo, alguns grupos importantes continuam elevados e, quando é calculada a média móvel de três meses anualizados, os números não são tão bons. 

Ainda de acordo com o economista, na mesma direção o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto (RCN), declarou que inflação dá sinais de desaceleração, mas em passos lentos – ou seja, a batalha não está vencida. 

“É preciso esperar mais dados para entender a evolução do processo inflacionário brasileiro, mas o panorama atual é melhor do que meses atrás”, pontua Sung. Porém, ele destaca que após observar todos esses pontos, o cenário atual é melhor do que meses atrás.

“Acreditamos que se abriu uma janela de oportunidades para que o Copom comece uma discussão inicial sobre cortes na taxa de juros. Poderia até diminuir o tom duro do comunicado”, frisa. 

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Tom do comunicado do Copom

Para o estrategista-chefe da Warren, Sérgio Goldenstein, o Copom deve continuar com um tom hawkish [elevação de juros e contração monetária] e sinalizar que segue vigilante, de forma a assegurar a convergência da inflação. 

O economista ainda lembra que na última ata o comitê atribuiu grande peso à piora das expectativas de inflação a fatores como: 

  • seu aspecto fundamental na dinâmica inflacionária e no processo decisório do Copom;
  • risco altista para a inflação de uma desancoragem maior ou mais duradoura das expectativas de inflação para prazos mais longos;
  • desancoragem demandar maior atenção na condução da política monetária, elevar o custo da desinflação e representar o principal fator para a elevação das projeções de inflação do Copom. 

Segundo Goldenstein, a estabilidade recente das expectativas não deixa de ser uma notícia positiva, mas o desvio elevado em relação à meta de inflação gera desconforto e afeta as projeções do BC. 

“Nesse sentido, o tom em geral do Comitê deve continuar duro, mesmo que admita algumas indicações positivas, tendo em vista o firme propósito de promover a reancoragem das expectativas”, afirma.

Os analistas do Goldman Sachs também preveem que a ata do Copom permanecerá conservadora. “[O Banco Central] preservar uma postura restritiva e permanecer vigilante é justificado pelas ainda intensas pressões dos núcleos da inflação, maior deterioração da expectativa de inflação de curto e médio prazo, crescente estímulo fiscal e quase-fiscal e projeções de inflação acima da meta”, afirmam.

Quando a Selic vai cair?

Todos os especialistas consultados pelo Suno Notícias, entre bancos e corretoras financeiras, apontam que o Copom fará a sexta manutenção consecutiva da taxa básica de juros. A queda, da Selic, no entanto, está prevista para acontecer apenas no segundo semestre do ano. Confira abaixo:

InstituiçãoCopom maio/2023Corte na Selic
Associação Brasileira de Bancos (ABBC)13,75%a partir de setembro
BTG Pactual13,75%a partir de setembro
Daycoval Asset13,75%a partir de setembro
Goldman Sachs13,75%a partir de setembro
Itaú Unibanco13,75%a partir de setembro
Paraná Banco13,75%a partir de setembro
Suno Research13,75%a partir de agosto
Warren Investimentos13,75%a partir de setembro

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Janize Colaço

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