Prévia da inflação fica em 0,89% em agosto, a maior para o mês desde 2002
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, registrou alta de preços de 0,89% em agosto. A taxa é superior ao 0,72% de julho deste ano e ao 0,23% de agosto do ano passado. Esta é a maior variação para um mês de agosto desde 2002 (1%).
O IPCA-15 acumula taxas de inflação de 5,81% no ano e de 9,30% em 12 meses, segundo dados divulgados hoje (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na prévia de agosto, o principal impacto para a inflação veio do grupo de despesas habitação, que registrou alta de preços de 1,97%, influenciada pela energia elétrica, cujo custo subiu 5%.
Os transportes também tiveram contribuição importante, ao subir 1,11% na prévia do mês. O comportamento do grupo foi influenciado pelas altas de preços da gasolina (2,05%), do etanol (2,19%) e óleo diesel (1,37%). Em média, os combustíveis tiveram inflação de 2,02% no período.
Os alimentos e bebidas tiveram inflação de 1,02%, devido às altas de produtos como tomate (16,06%), frango em pedaços (4,48%), frutas (2,07%) e leite longa vida (2,07%). O grupo saúde e cuidados pessoais foi o único que apresentou deflação (queda de preços), ao recuar 0,29% na prévia do mês.
“Bens vieram acima do esperado, principalmente por conta de vestuários. Os serviços estiveram marginalmente em linha com o esperado, uma vez que apesar do avanço de despesas pessoais houve o recuo além do esperado de serviços de habitação”, disse o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.
Inflação é pressionada pela energia e mercado espera pressão do BC para aumentar Selic
Dentre os indicadores o ponto “preocupante” foi a questão da energia elétrica que teve um impacto ainda maior do que o mercado estava prevendo. O maior impacto e maior variação do IPCA-15 vieram de Habitação influenciado pela alta da energia elétrica (5,00%). A bandeira tarifária vermelha patamar 2 vigorou nos meses de julho e agosto, mas, a partir de 1º de julho, houve reajuste de 52% no valor adicional dessa bandeira tarifária, que passou a cobrar R$ 9,492 a cada 100 kWh. Antes, o acréscimo era de R$ 6,243.
Na análise do estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, esse reajuste tarifário preocupa ainda mais o mercado por causa da pressão que a energia elétrica terá no índice para o próximo mês.
“Esse reajuste é uma pressão muito forte para o mês de setembro. Então imagina a pressão que vai gerar no IPCA adiante. Isso pode pressionar muito o Banco Central para que ele suba juros (Selic) mais rápido na reunião de setembro, levando em conta que vai ser praticamente no auge desse impacto”, disse Cruz.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ontem que a crise hídrica pressionará a inflação nos próximos meses, mas não mencionou durante o evento online promovido por uma empresa de investimentos, sobre o rápido aumento na taxa básica de juros (Selic).
(Com informações da Agência Brasil)