Presidente da Ucrânia quer negociar fim da guerra com Putin; bolsas sobem e petróleo recua

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta quarta-feira (9) que está disposto a fazer concessões para acabar com a guerra que a Rússia travou contra o seu país. Entretanto, o chefe do executivo acredita que isso só será possível quando ele negociar diretamente com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, segundo o jornal Valor Econômico. A notícia melhorou o clima nos mercados: as bolsas de Nova York e São Paulo subiram, enquanto o preço do barril do petróleo recuou.

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O líder da Ucrânia afirmou ao canal Bild TV que ainda não teve contato direto com Putin, algo que ele acredita ser necessário para que as negociações entre os dois países avancem. A guerra entre Ucrânia e Rússia já dura 14 dias com um número incerto de mortos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 500 civis ucranianos já morreram com o conflito. O número de refugiados já chegou a 2,2 milhões – cerca de um a cada 20 ucranianos.

Para Zelensky, um dos pontos essenciais para que a negociação tenha um final conclusivo são as duas partes estarem dispostas a fazer concessões. O presidente da Ucrânia já afirmou algumas vezes que está flexível para esse diálogo.

“Somente após conversas diretas entre os dois presidentes poderemos encerrar esta guerra”, disse ele.

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Disputa entre Rússia e Ucrânia por território

Embora o presidente da Ucrânia afirme estar disposta a fazer concessões, Zelensky não está aberto a negociar o território ucraniano.

Um dos principais assessores do presidente afirmou em entrevista à Bloomberg que a Ucrânia deseja encontrar uma solução diplomática para o conflito, mas isso não inclui a concessão de nem “um único centímetro” do próprio território para a Rússia.

Nesse embate, pelo menos três territórios são disputados pelos países: península da Crimeia, Donetsk e Luhansk.

Em 2014, a Rússia anexou a península da Crimeia e desde então exige que a Ucrânia reconheça a soberania do país sobre esse território. Além disso, Vladimir Putin também quer que o país de Zelensky conceda a independência das registões separatistas Donetsk e Luhansk, que são controladas por grupos pró-Moscou.

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Petróleo cai com aceno diplomático de Zelensky

O petróleo fechou a sessão desta quarta em forte queda, devolvendo parte dos ganhos robustos de ontem (8). Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI fechou em queda de 12,12%, a US$ 108,70. Enquanto o barril do Brent perdeu 13,16% na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 111,14.

O mercado acompanhou o acordo de cessar-fogo da Rússia para a evacuação de civis, além das sinalizações de solução do embate vindas da Ucrânia. A liberação emergencial de estoques do óleo e dados semanais do Departamento de Energia (DoE) norte-americano também entrou no radar e ajudou a derrubar a cotação.

Os contratos futuros do petróleo operavam em alta durante a madrugada, porém, a commodity passou a cair com a notícia de que a Agência Internacional de Energia (AIE) informou que os Estados membros já liberaram 62,7 milhões de barris de petróleo de maneira emergencial de seus estoques.

Depois disso, as quedas aceleraram em meio ao cessar-fogo para permitir a fuga de ucranianos, enquanto investidores monitoravam as perspectivas de diálogo para uma eventual solução no conflito.

O vice-chefe de gabinete do presidente ucraniano, Ihor Zhokva, afirmou que a Ucrânia está disposta a discutir neutralidade em relação à Organização do Tratado do Atlântico Nort (Otan), enquanto o presidente Volodymyr Zelensky afirma estar preparado para fazer concessões em prol de terminar a guerra.

Bolsas de NY fecham em alta, com recuperação de apetite por risco com sinalizações da Ucrânia

As bolsas de Nova York fecharam com ganhos nesta quarta-feira, 9, em sessão na qual o apetite por risco foi recuperado, movimento em grande parte inspirado por sinalizações ucranianas de que possa haver um caminho diplomático para um acordo com a Rússia sobre o conflito no país. Apesar dos temores pelas repercussões da guerra, incluindo pressões inflacionárias pela alta das commodities, analistas consideram que o mercado acionário americano mostra resiliência em meio ao conflito.

O índice Dow Jones subiu 2,00%, a 33.286,25 pontos, o S&P 500 ganhou 2,57%, a 4.277,88 pontos, e o Nasdaq teve alta de 3,59%, a 13.255,55 pontos.

Na visão de Edward Moya, analista da Oanda, as ações se recuperam, depois de duas semanas desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, com os traders “um pouco otimistas de que um acordo poderia acontecer”. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deu sinalizações de que pode ceder concessões a Moscou, incluindo uma desistência da entrada na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Para Moya, o S&P 500 foi capaz de se defender das baixas iniciais que atingiram os mercados, com muitos investidores precificando um ciclo de aperto menos agressivo pelo Federal Reserve (Fed).

A Capital Economics reforça a avaliação, e projeta que os índices provavelmente conseguirão obter pequenos ganhos ao longo do resto do ano, “embora existam claros riscos de queda”. A consultoria lembra que o S&P 500 praticamente não sofreu perdas desde a invasão da Ucrânia. Como justificativa, a Capital aponta a possibilidade de que, apesar das sanções e interrupções nos mercados de commodities, as expectativas de lucros para as empresas do S&P 500 provavelmente não caíram muito. Além disso, a consultoria avalia que o impacto econômico da guerra na economia dos EUA, embora negativo, será relativamente pequeno.

Com o petróleo caindo mais de 10% seguindo as notícias sobre o conflito na Ucrânia, as ações de empresas do setor foram pressionadas. ExxonMobil (-5,68%), Chevron (-2,50%), ConocoPhillips (-2,62%) recuaram. Por outro lado, ações de tecnologia e serviços de comunicação tiveram fortes ganhos, e ajudaram a impulsionar os índices. Meta (+4,31%), Apple (+3,50%), Alphabet (+2,40%), Microsoft (+4,59%) e Netflix (+4,98%) avançaram em bloco.

Com Estadão Conteúdo

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Monique Lima

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