Presidente da Petrobras: é inconcebível que uma empresa tenha 98% do refino do Brasil

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, criticou o alto percentual de refino da estatal.

Para Castello Branco, “não é concebível que uma única companhia (a Petrobras) tenha 98% da capacidade de refino, seja ela qual for, em um país. E nós estamos sendo alvo de ações do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica]”, disse.

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A fala ocorreu em uma entrevista divulgada internamente ao qual a agência “Reuters” teve acesso.

Na última quinta-feira (08) em seu discurso de posse, Castello Branco já havia reiterado os malefícios do monopólio da estatal.

De acordo com o presidente da Petrobras,”o relevante é ser forte e não ser gigante”. Além disso, acrescentou que os monopólios são “inadmissíveis” em sociedades livres.

Greve dos caminhoneiros

Castello Branco utilizou a greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio do ano passado, como argumento para defender a quebra dos monopólios.

“Será que é bom para a Petrobras de fato ter quase a totalidade da capacidade de refino no país? Eu acho que isso nos expõe a críticas e ataques por parte de muitas pessoas, de segmentos da sociedade, como foi feito na greve dos caminhoneiros”, afirmou Castello Branco.

Na ocasião, a política de preços da Petrobras — que segue a variação dos preços internacionais — foi alvo de críticas. Em consequência, o governo adotou um programa de subsídio ao diesel. A decisão foi amplamente criticada por Castello Branco. Em 2019, a concessão foi suspensa.

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“Será que nós não poderíamos fazer melhor vendendo algumas refinarias e utilizando esses recursos para financiar o pré-sal, onde nós somos o número 1 do mundo? Essas questões têm que ser levantadas e respondidas”, afirmou.

Durante a crise dos caminhoneiros, o ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, renunciou ao cargo.

Privatização

De acordo com Castello Branco, a privatização está fora dos planos da estatal.

“Eu não tenho nenhum mandato para privatizar a Petrobras e nem eu, se tivesse, gostaria de transmitir o controle dessa empresa para uma empresa privada. Nós teríamos que pensar em algo mais inteligente. O que pode acontecer são eventuais desinvestimentos”, afirmou.

Renan Dantas

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