Presidente do Fed diz que consumidores manterão cautela após pandemia
O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powel informou nessa quarta-feira (29) durante uma coletiva de imprensa, que mesmo quando as medidas de isolamento social, indicadas para conter o avanço do coronavírus (covid-19), não forem mais necessárias é provável que os consumidores mantenham uma certa cautela para seguirem suas vidas.
Além disso, o presidente do Fed informou que não está preocupado com com a possibilidade da crise atual levar à deflação, e indicou que “enquanto as expectativas de inflação permanecerem ancoradas não veremos deflação”.
Powel também salientou que quanto mais cedo o vírus for controlado, mais cedo as pessoas podem recuperar a confiança e a atividade econômica. Entretanto, ele disse que pode levar algum tempo para que a economia retorne ao emprego máximo.
Em contrapartida, há uma grande possibilidade de danos serem gerados na capacidade produtiva no país, caso ocorra alguns desses três fatores:
- Os trabalhadores afastados por muitos meses, percam as habilidades ou vínculos com a força de trabalho;
- Pequenas e médias empresas quebrem;
- A economia global apresente um desempenho ruim por muito tempo.
Em relação a uma boa recuperação da crise, o presidente da autoridade monetária dos EUA indicou que que a economia vai precisar de mais estímulos advindos da Casa Branca e do Congresso.
Como alguns legisladores do Partido Republicano mostraram uma certa resistência para aprovar os estímulos nos últimos dias, Powel declarou que “esta não é a hora, na minha opinião, de permitir que estes receios, que são receios muito sérios, nos impeça de fazer o necessário para vencermos esta batalha”.
Entretanto, o Banco Central dos EUA não pode distribuir recursos, só pode conceder empréstimos. Desse modo, o presidente Fed declarou “agiremos com todas as autoridades legais de que dispomos até que passemos por isto, mas há autoridades de que não dispomos, e pode haver necessidade de que estas autoridades sejam utilizadas, além das nossas”.
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Ademais, ele informou que a instituição não tem pressa para tirar as medidas econômicas de política monetária, e já espera que os juros permaneçam baixos por um longo tempo, pois é “apropriado”.
Ainda de acordo com o representante da instituição, o banco planeja apoiar mercados de crédito mais amplamente, em breve. Atualmente o banco está fornecendo financiamento para empresas com grau de investimentos e municípios maiores.
Em ralação ao desemprego no país, Powel declarou que prevê dados muito ruins pelos próximos meses. Segundo ele, o desemprego vai subir para um número alto no segundo trimestre do ano.
Fed mantém taxa de juros entre 0% e 0,25%
O banco central dos Estados Unidos, manteve a taxa de juros entre 0% e 0,25%. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (29) após a reunião do Comitê federal de mercado aberto (FOMC, na sigla em inglês).
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A autoridade monetária central norte-americana tinha reduzido a taxa de juros para esse patamar no dia 15 de março, de forma emergencial. No mesmo dia o Fed tinha anunciado um pacote de estímulos (Quantitative Easing (QE)) à economia por conta do avanço do coronavírus por um valor de US$ 700 bilhões (cerca de R$ 4 trilhões) para sustentar a atividade econômica dos EUA.