Presidente do Banco Central considera possível novo corte de juros

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, declarou nesta segunda-feira (12) que existe espaço para mais um corte de juros no Brasil.

Segundo o presidente do Banco Central, o ambiente econômico de fraco crescimento, junto com a inflação sob controle e expectativas ancoradas. “O
BC entende que o cenário prescreve um juro estimulativo”, declarou Campos Neto.

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Para o economista, “entendemos que existe espaço para queda adicional” além do corte da taxa básica de juros (Selic) de 0,5 ponto percentual realizado durante a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no fim de julho.

Causas para corte de juros

Entre as causas que poderiam levar a esse corte, segundo o presidente do BC, está a forte desaceleração da economia mundial. Campos Neto salientou a redução das expectativas de expansão global pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 3,7% para 3,3% em 2019. Além disso, Campos Neto salientou como “houve rapidamente uma desaceleração também nas expectativas para 2020”.

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As expectativas também não são positivas para o próximo ano. “Muito provavelmente, olhando para os últimos dados que vieram, esses números [de crescimento da atividade] devem cair mais”, disse Campos Neto. O presidente do BC salientou como os analistas já reprecificaram os juros a nível internacional.

“O mundo enxerga que vamos viver com juros mais baixos tanto nos EUA, quanto na Inglaterra e na Europa”, declarou Campos Neto. Para o economista, quatro fatores influenciaram a desaceleração do crescimento global.

“Entre os fatores estão as tensões comerciais, o envelhecimento da população mundial, os problemas geopolíticos e a polarização política”, explicou Campos Neto, citando a atual situação política da Argentina. No país vizinho a moeda chegou a cair mais de 30%, assim como a Bolsa de Valores de Buenos Aires, após a divulgação dos resultados da eleição prévia realizada no último domingo (11).

“A polarização política tem tido importância em várias partes do mundo e a Argentina é um exemplo disso”, explicou Campos Neto.

Brasil preparado para enfrentar crises

Para o presidente do Banco Central, o Brasil está preparado para enfrentar essa conjuntura adversa. “O Brasil está preparado para enfrentar as crises. Hoje mesmo é um dia desafiador, pois a Argentina subiu os juros e
está vendendo moeda no mercado. Mas o Brasil está preparado para esse cenário”, disse Campos Neto.

Entre as mudanças que o Brasil deveria levar adiante para estar ainda mais preparado está um aperfeiçoamento do sistema cambial brasileiro. Segundo Campos Neto, essa reforma está pronta e deverá  ser apresentada em breve.

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“O sistema cambial precisa ser aperfeiçoado e temos uma grande reforma do sistema cambial em três fases: vamos trabalhar na simplificação, na modernização e na segurança jurídica”, disse o presidente do Banco Central.

Para Campos Neto, o primeiro projeto de hedge cambial se tornará uma peça importante para atrair investidores estrangeiro para projetos de infraestrutura.

Banco Central vê possível recuperação

O presidente do Banco Central vê  ”uma recuperação de crescimento na ponta e entendemos que a partir do segundo semestre [a economia] deve melhorar um pouco”.

A aprovação da reforma da Previdência e o seguimento de
outras reformas, segundo ele, levarão “o Brasil a conseguir uma posição melhor de rating”.

“O processo de reformas e ajustes tem avançado e entendemos que a continuação da agenda é essencial nesse processo” de estabilização econômica, disse o economista, salientando a necessidade de manter a sustentabilidade dos juros baixos e as expectativas de inflação ancoradas.

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Para o presidente do BC, a credibilidade em relação à inflação futura atualmente está “bastante sólida”. “Quando anunciamos a meta de inflação
para 2021, o mercado demorou seis meses para convergir, mas quando foi
anunciada a meta para 2022, atingimos a convergência em uma semana”, salientou Campos Neto, mostrando dois momentos da política monetária.

Gap entre crédito e PIB do Brasil

Pra Campos Neto, existe um gap no crédito em relação ao PIB. Por isso, existiria um potencial de crescimento dos empréstimos no Brasil.

Entre os setores que registraram queda no saldo de recursos estão:

  • infraestrutura
  • habitacional
  • comércio exterior
  • rural e agroindustrial

“Um canal bastante sólido é a parte do crédito. Tivemos crescimento de quase 12% ao fim de junho, com a diminuição do crédito direcionado e o impulso do segmento livre, com mais crédito privado que público”, explicou Campos Neto.

Segundo o presidente do BC, parte do impulso virá do mercado de capitais. Entretanto, é necessário debater como levar o crédito a outro patamar. Isso pois o Brasil está em um patamar muito inferior que qualquer outro País da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) em financiamento e infraestrutura.

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Um segmento onde haveria, segundo Campos Neto, um grande desafio de marco legal e no setor de saneamento. “O Brasil tem uma defasagem muito grande. Temos uma penetração de celular muito maior que em saneamento”, explicou o presidente do Banco Central.

Carlo Cauti

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