O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, afirmou que o risco à produção pela falta de semicondutores vai continuar em 2022. Segundo ele, há ainda a possibilidade de ver fábricas pararem por dias ou semanas por falta de componentes.
“A gente tem feito trabalho forte com nossas matrizes, mas existe risco, sim. Vamos verificar dias parados numa fábrica de veículos, semanas em uma outra. Esperamos que com menos emoção do que em 2021, mas risco continua no radar”, apontou Moraes.
A previsibilidade dada por fornecedores de componentes eletrônicos, segundo o presidente da Anfavea, é de apenas quatro semanas. “Os nossos fornecedores de semicondutores não sabem dizer o que vai acontecer em fevereiro.”
Reajuste das siderúrgicas
A Anfavea considerou inviável o aumento de 50% pedido pelas siderúrgicas no fornecimento de aço ao setor. Apesar de mostrar compreensão sobre a escalada dos preços das commodities no último ano, Luiz Carlos Moraes adiantou em entrevista coletiva que as montadoras vão brigar na mesa de negociações para derrubar o aumento pedido pelos produtores de aço, um dos principais materiais usados na fabricação de veículos.
“Vamos à mesa de negociação brigar por cada centavo”, disse o executivo.
Veículos para conclusão
A Anfavea informou também que menos de 20 mil veículos ficaram para ser concluídos dentro da exceção aberta na adaptação do setor aos limites mais baixos de emissão de poluentes dos automóveis. O Ibama autorizou as montadoras a terminar de montar, até o fim de março, carros cuja emissão deixou de ser aceita neste ano, mas que já estavam na linha de produção e não puderam ser finalizados por falta de componentes, principalmente eletrônicos.
Em entrevista coletiva à imprensa, Luiz Carlos Moraes considerou “razoável” o novo prazo, apesar da pouca previsibilidade dada por fornecedores nas entregas de componentes eletrônicos.
Também frisou que o volume pendente é “muito baixo”. “É possível completar os veículos até março”, comentou Moraes. “Estamos otimistas com esse prazo, é um prazo razoável”, acrescentou. O executivo contou ainda que algumas montadoras já tinham começado a antecipar, no mês passado, a produção de veículos compatíveis aos novos limites de emissões – em vigor desde o início deste mês – definidos pelo Proconve, o programa que visa a reduzir a emissão de poluentes lançados à atmosfera pelos veículos.
Durante a coletiva, ele procurou deixar claro que a liberação do Ibama é uma exceção válida apenas aos veículos que, por falta de peças, não puderam ter a produção concluída dentro do prazo que estava previsto pelo programa.
(Com informações do Estadão Conteúdo)