A Petrobras (PETR4) aprovou ontem (26) a indicação de Jean Paul Prates à presidência da estatal e, ainda que a notícia n]ao tenha sido surpresa para o mercado, as ações da estatal recuaram — na direção oposta ao petróleo Brent, que subiu — e derrubaram o Ibovespa. Os investidores temem como será a nova gestão da petroleira.
E para entender qual é a perspectiva do mercado com a presidência de Prates na Petrobras, o Suno Notícias reuniu as análises das principais casas de investimentos.
A seguir, confira qual é a percepção do mercado com a nova gestão da Petrobras, segundo o BB Investimentos, BTG Pactual (BPAC11), Goldman Sachs (GSGI34) e Citi.
BB Investimentos: experiência de Prates é vista como positiva
Em relatório publicado na noite desta quinta, o BB destaca a atuação de Prates na área de regulação em setores de petróleo, energia renovável, biocombustíveis e infraestrutura. Além disso, cita que o novo presidente da Petrobras foi consultor do Ministério de Minas e Energia (MME) e secretário de Energia e Assuntos Internacionais do Rio Grande do Norte.
Avaliamos a confirmação do nome como positiva, dado o vínculo de longo prazo e experiência acumulada no setor.
Os analistas do BB Investimentos destacam que são esperadas mudanças na política de preços, na venda de ativos e nas regras para distribuição de dividendos — este último, eles afirmam que “os investidores já precificam um cenário de redução”.
“Entendemos que as propostas da nova administração da Petrobras devem trazer mudanças significativas para a estratégia de longo prazo, com aumento dos investimentos em diversificação energética, movimento que outras grandes companhias do setor já vêm adotando ao longo dos últimos anos”, afirmam Daniel Cobucci e Wesley Bernabé, que assinam o documento.
Diante disso, o BB Investimentos manteve a recomendação de compra das ações da Petrobras com preço-alvo de R$ 43.
BTG: nova gestão poder não ter “freios e contrapesos” esperados
Em relatório publicado na manhã de hoje (27), os analistas do BTG Pactual frisaram que, embora o mercado já soubesse que Prates não seria rejeitado pelo conselho de administração da Petrobras, o fato de ele ter sido aprovado em unanimidade trouxe preocupações — o que refletiu na queda de quase 3% das ações.
Reduziu a confiança do investidor de que a atual diretoria executiva fornecerá os freios e contrapesos que os investidores esperavam.
A análise da casa acredita que esse cenário abre espaço para mais ruídos sobre política de preços, política de distribuição de dividendos e plano de capex nas próximas semanas.
De acordo com Bruno Tomazetto, Bruno Lima e Thiago Duarte, especialistas que assinam a análise, os riscos que a Petrobras está exposta em suas atividades incluem:
- risco exploratório em seu portfólio de exploração de petróleo;
- risco de execução em novos ativos de produção e downstream;
- riscos de preços de commodities em seus negócios diários de marketing e negociação;
- riscos administrativos devido à potencial mudança de gestão que a empresa enfrenta a cada quatro anos, em linha com as eleições presidenciais do Brasil.
Segundo os analistas, entre os riscos mais relevantes para as projeções estão a capacidade da Petrobras de aumentar sua produção de petróleo e gás, manter a independência política para decidir os preços domésticos dos combustíveis e a taxa de câmbio brasileira.
“E como acreditamos que a ação não está barata em muitos cenários prováveis, continuamos cautelosos”, afirmam. O BTG manteve a recomendação de compra de ações da Petrobras neutra, com preço-alvo de R$ 35,70.
Goldman Sachs: mudança gradual na estratégia
Enquanto isso, a Goldman Sachs reforça que a confirmação de Prates na Petrobras já era esperada e que o movimento não surpreendeu o mercado. A casa ainda destaca que, baseado no que a imprensa tem repercutido, a intenção do novo presidente é mudar gradualmente a estratégia da Petrobras.
“Tranquilizando o mercado de que não há nada drástico na agenda — principalmente no que diz respeito à política de preços de combustível da empresa”, escrevem Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins.
Embora as ações tenham recuado após a confirmação de Prates como novo presidente da Petrobras, a Goldman mantém a classificação neutra para a petroleira. A casa manteve o preço-alvo de R$ 29,50 para as ações ordinárias (PETR3) e R$ 26,90 para as preferenciais (PETR4).
Apesar da avaliação atraente, reconhecemos o aumento da incerteza sobre as políticas a serem adotadas nos próximos anos.
Citi: riscos para a tese de investimentos
Por fim, os analistas do Citi afirmam que veem riscos na tese de investimentos da Petrobras, sobretudo por causa das mudanças previstas na estratégia da empresa.
Segundo os analistas Gabriel Barra, Andrés Cardona e Joaquim Alves Atie, uma das áreas de discussão mais importantes é a futura política de dividendos da Petrobras, que pode convergir para o mínimo de 25%.
Neste cenário, vemos as ações sendo negociadas a um rendimento de dividendos de aproximadamente 9%, implicando potenciais riscos negativos para o preço da ação.
Diante da confirmação de Prates na presidência da Petrobras, o Citi mantém a recomendação de compra e o preço-alvo de US$ 19 por recibo de ação (ADR).
Cotação da Petrobras
Nesta sexta-feira, os ativos preferenciais (PETR4) e ordinários (PETR3) da Petrobras operam em queda de 2,33% e 2,40%, cotados a R$ 25,59 e R$ 28,86, respectivamente. Apesar disso, no acumulado dos últimos 12 meses, os papéis da petroleira tiveram uma valorização de 33,68%.