A chegada dos filhos na família é marcada por um momento de muita alegria para os pais, mas também por preocupações em relação à saúde financeira ao longo do crescimento da criança. Em meio a este cenário, muitas famílias pensam desde cedo em formas de poupar dinheiro para os filhos como uma ferramenta que possibilite um futuro mais tranquilo.
Muito além das tradicionais poupanças, que entregam rendimentos abaixo da média do mercado, existem diversas opções para que os pais possam poupar dinheiro para os filhos, como a previdência privada ou até mesmo a elaboração de uma carteira de investimentos baseada em dividendos. Algumas dessas opções, inclusive, contam com isenção de imposto de renda.
No longo prazo, o montante acumulado pode ser utilizado para a faculdade, programas de intercâmbio ou até mesmo oportunidades de negócios que poderão levar o filho à independência financeira.
Previdência privada para os filhos: como funciona?
A previdência privada pode ser uma boa alternativa para os pais que querem poupar dinheiro para os filhos olhando para o longo prazo. Além de ter uma taxa de rendimento que considera a perda do poder de compra, esse tipo de investimento pode ser interessante também para o ponto de vista tributário.
“Você pode fazer a poupança de diversas formas, mas a previdência tem otimizações tributárias interessantíssimas. Além disso, os fundos de previdência por lei não podem alavancar, ou seja, não podem apostar com mais do que tem de patrimônio, o que é uma segurança adicional para os investidores de previdência”, explica Rian Tavares, sócio da XP Investimentos e planejador financeiro.
Ao olhar para a previdência privada no Brasil, os investidores se deparam com duas opções: PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). De acordo com o especialista, a primeira opção é a mais recomendada para quem busca poupar dinheiro no longo prazo para os filhos, pois pode trazer benefícios tributários mais atrativos.
Isso porque esse tipo de previdência privada permite que o valor investido no plano seja deduzido em até 12% da renda bruta tributável recebida no ano, como salários, aluguéis, licenças remuneradas, premiações, pensões e aposentadoria.
“Vamos supor que eu ganhe R$ 100 mil reais de salário por ano hoje. Vou colocar 12% no PGBL do meu filho. Na hora que calcular meu imposto, vai incidir em R$ 88 mil, que são os R$ 100 mil [da renda anual] menos os R$ 12 mil reais aplicados”, explica Tavares.
Como resgatar o valor investido no PGBL?
Depois de anos poupando dinheiro para o seu filho, chega a hora de resgatar esse montante para que ele possa utilizá-lo. Diante deste cenário, existem duas possibilidades: sacar o valor total ou contratar renda, que consiste em receber um valor mensal da seguradora responsável pela previdência.
De acordo com o especialista, resgatar o valor total é uma opção interessante, pois permite que esse montante seja reinvestido em outros ativos que pagarão rendimentos superiores à correção da inflação, por exemplo. Entretanto, do ponto de vista tributário, contratar renda pode ser ainda mais atrativo.
“O PGBL é interessante porque você pega a renda de hoje, deixa de pagar o imposto hoje e coloca lá para o filho. Então, no futuro, se o seu filho contratar a renda no valor “zero” do imposto de renda (até dois salários mínimos), ele também não vai pagar esse imposto”, explica Tavares.
O especialista ressalta, no entanto, que é fundamental que a previdência esteja no nome do filho para garantir a isenção de imposto de renda dentro dessas condições.
Além disso, Tavares explica ainda que a previdência é um instrumento de longo prazo. Ou seja, é importante que o valor aplicado não seja resgatado dentro de um período curto de tempo. Caso contrário, a tributação será alta.
“Não é um instrumento de curto prazo. Previdência é um instrumento para pelo menos seis anos. A tributação é tremenda no começo. Tem duas formas de apurar imposto na previdência: a tabela regressiva e a progressiva. A regressiva é a que as pessoas mais utilizam, porque quanto mais tempo passa, menos imposto você paga”, diz ele.
Como educar os filhos e explicar a importância de poupar dinheiro?
Além da abertura de uma previdência privada ou da uma formação de uma carteira de investimentos, ensinar educação financeira para os filhos é fundamental para que eles saibam como lidar com as próprias finanças. De acordo com Tavares, tornar concreto o dinheiro e ensinar os filhos a poupar desde cedo é ainda mais importante do que ensiná-los a investir.
“Hoje o dinheiro virou um registro digital, então as pessoas não tem mais noção do valor do dinheiro e de quanto custa para conquistar aquele dinheiro. Então, é tangibilizar o dinheiro desde cedo é importante para que esse filho não se endivide”, explica ele.
Além disso, o sócio da XP ressalta ainda que é importante que os pais ensinem sobre juros compostos para os filhos e expliquem que poupar dinheiro no longo prazo é um caminho importante em direção à independência financeira. “Você, como pai, precisa ensinar os filhos a ficarem ricos devagar, ensinando os benefícios dos juros compostos e como eles ganham dinheiro com o tempo”, finaliza ele.
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