O Banco Central informou nesta segunda (6) que houve uma retirada líquida de R$ 12,377 bilhões nas cadernetas de poupança em novembro, com os saques superando os depósitos pelo quarto mês consecutivo.
Esse também foi o terceiro recorde negativo seguido para um determinado mês na série histórica, iniciada em 1995. Os volumes de saídas em setembro (R$ 7,719 bilhões) e outubro (R$ 7,430 bilhões) também foram inéditos para os respectivos meses.
Em novembro, os aportes na poupança somaram R$ 281,713 bilhões, enquanto os saques foram de R$ 294,090 bilhões. Este movimento gerou a retirada líquida total de R$ 12,377 bilhões no mês. Considerando o rendimento de R$ 3,648 bilhões da caderneta em novembro, o saldo total das contas ficou em R$ 1,018 trilhão.
Novembro foi o sétimo mês de 2021 em que os saques superaram os depósitos na poupança. Nos meses de janeiro, fevereiro e março, os brasileiros também haviam retirado recursos da caderneta. No acumulado de janeiro a novembro, a população retirou R$ 43,156 bilhões líquidos da caderneta.
Apenas entre abril a julho houve depósitos líquidos nas cadernetas, influenciados pela volta do pagamento do auxílio emergencial para uma parcela da população. Os pagamentos começaram a ser feitos em 6 de abril. Desde agosto, porém, em meio à alta da inflação, a poupança voltou a registrar mais retiradas que aportes.
Banco Central estuda mudar regra de rendimento da poupança
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que a instituição está estudando alterar a regra de correção da caderneta da poupança. Segundo o presidente, o BC está há mais de ano dedicado a fazer uma nova fórmula da caderneta que funcione como captador de recursos e como repassador.
A poupança é remunerada atualmente pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros), hoje em 7,75% ao ano.
Na prática, a remuneração atual da poupança é de 5,425% ao ano. O porcentual não cobre necessariamente a inflação.
Esta regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso – o que deve ocorrer a partir desta semana – a poupança passará a ser atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).
Segundo os estudos, hoje há um descasamento de prazos e de indexadores. A poupança tem uma liquidez de curto prazo, ou seja, pode ser resgatada a qualquer momento, mas é também fonte do crédito imobiliário, em geral de longo prazo, entre 20 anos e 30 anos. A mudança poderá ser anunciada ainda em 2022.
“Com a Selic em 2%, estávamos preocupados com a migração alta para a poupança. Com a taxa de juros subindo, temos preocupação com a saída de recursos da poupança”, disse Campos Neto durante um evento do setor imobiliário.
(Com informações da Agência Estado)