Com crescimento histórico, Positivo (POSI3) garante receita bilionária em 2022 e revela a estratégia
Apesar do cenário ainda mais desafiador que o varejo enfrentou, com o aumento da inflação, dificuldade de acesso a crédito e recuo do consumo, a Positivo Tecnologia (POSI3), garantiu no terceiro trimestre de 2021, de acordo com o documento que acompanha o balanço, um dos melhores resultados da história. A companhia promete desempenho semelhante em 2022. E se protege da projeção de um cenário provavelmente ainda adverso no ano que vem com o suporte de uma receita bilionária para os próximos trimestres — mas não só.
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Em entrevista exclusiva ao Suno Notícias, Caio Moraes, vice-presidente de Relações com Investidores da Positivo, explicou que a expansão de negócios com o setor público afastará a empresa da maré negativa do quadro macro em 2022.
“A diversificação da companhia em termos de produtos, canais e negócios permitiu que a empresa conseguisse passar por essas fases, preservando a estabilidade”, conta o executivo. “Quando se vê o que temos de contratos com as instituições públicas para entregar no quarto trimestre e ao longo do ano que vem, já temos uma receita de R$ 1,7 bilhão.”
A empresa de tecnologia vem apresentando nos últimos trimestres resultados promissores: nos nove primeiros meses de 2021, a receita bruta (R$ 2,7 bilhões) supera à observada de janeiro a dezembro de 2020. O lucro triplicou (R$ 161 milhões) e o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) dos últimos 12 meses alcançou recorde histórico (R$ 348 milhões).
As ações da Positivo, por sua vez, encerraram o 3T21 cotadas a R$ 10,25, apresentando uma valorização de 107% neste ano. Ao final do trimestre, a empresa atingiu R$ 1,45 bilhão de valor de mercado, alta de 137,5% em 12 meses, em relação aos R$ 612 milhões do ano passado.
Para garantir os bons resultados, a empresa com sede em Curitiba aposta no crescimento de suas “operações secundárias” para diminuir a dependência de seu core business — a venda de notebooks e computadores, além de periféricos –, mesmo com uma posição vulnerável diante de um cenário de queda de consumo.
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Fortalecimento das vendas
Mas boa parte da perspectiva otimista vem do fortalecimento das vendas de seus principais produtos para as unidades corporativa e pública, que representam, respectivamente, 15,9% e 27,9% da receita bruta até setembro. A empresa foi favorecida pelo cenário de home office e ensino a distância na pandemia, que aumentou a demanda por notebooks em suas três unidades de negócios – Consumer, Negócios Corporativos e Instituições Públicas.
O ritmo de crescimento da companhia nos últimos trimestres foi impulsionado pelo mercado aquecido de consumo, mas o grande motor agora é o setor público que, junto ao corporativo, tende a expandir, segundo o executivo. “A tendência a médio prazo é ter um equilíbrio maior entre as três unidades de negócio”, diz Moraes.
A receita bilionária é assegurada pelos contratos com instituições públicas, que incluem fornecimento de equipamentos para o setor educacional, negociações com empresas mistas como a Petrobras (PETR4), Banco do Brasil (BBAS3) e Correios, além de mais R$ 925 milhões para o produção e venda de urnas eletrônicas — números que serão vistos, segundo o executivo, no 4T21 e ao longo de 2022. Na operação das urnas, a Positivo foi a única empresa aprovada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para o fornecimento até 2024.
A licitação é composta por mais duas etapas, que incluem avaliações da proposta técnica e do modelo de engenharia da urna eletrônica e, depois da decisão sobre a qualificação técnica pelo Tribunal Superior Eleitoral, a proposta de preços apresentada pela Positivo.
O fornecimento será de até 176 mil novas urnas eletrônicas, além de outros produtos e serviços relacionados para as eleições de 2022, como comunicou a empresa em outubro:
- fornecimento de peças de reposição das urnas eletrônicas
- o desenvolvimento dos modelos dos equipamentos e do software básico
- a garantia das urnas fabricadas, as mídias de Aplicação e de Resultado;
- a elaboração do projeto para embalagem das máquinas;
- os documentos técnicos de especificação;
- e o treinamento, por meio de kits de desenvolvimento de firmwares.
Moraes costuma mencionar as operações como as “Avenidas de Crescimento”. Ele acredita que contratos de servidores, locação e soluções de pagamento — que ocorrerão em parceria com a Stone (STNE) — são provavelmente as três alternativas com maior potencial de desenvolvimento.
Guidance da Positivo conta com expansão de negócios
A Positivo apresentou seu guidance para o quarto trimestre deste ano, com expectativa para a receita de ao menos R$ 1,2 bilhão — ainda com consumo forte, levando-se em conta a Black Friday, mas caminhando rumo à normalização.
O cenário futuro não assusta a empresa, que confia na tese que o aumento da receita em outras unidades de negócios será “mais do que suficiente para compensar uma eventual queda [do consumo], e deve ser uma queda pequena”.
Segundo Moraes, a expansão das avenidas não é apenas pensamento otimista, mas “realidade concreta”. O que os números dizem? O setor de Haas (Hardware as a Service) cresceu 44,6% na comparação anual.
A Positivo cita mais duas operações que fortaleceram a empresa: “Em PCs, no segmento Consumer, a companhia está com o licenciamento da marca e incorporação das operações da Compaq desde abril. Em outubro, anunciamos a parceria para trazer ao Brasil a Infinix, marca de smartphones premium da empresa global Transsion Holdings, para ampliar portfolio na faixa de preços intermediária de R$ 1.000 a R$ 2.999, considerada a maior do mercado.”
É que a Positivo fechou em outubro uma parceria com a fabricante chinesa de celulares Transsion Holdings para lançar no Brasil os smartphones da marca Infinix. Com isso, a Positivo passa a fabricar os aparelhos em Manaus (AM) e entrou na linha de smartphones intermediários e premium acessíveis para competir com concorrentes como Samsung, Motorola e Xiaomi.
A Positivo prevê um investimento de R$ 50 milhões em produção local da nova linha, nos próximos três anos. O primeiro aparelho já disponível para venda é o Note 10 Pro, com preços de R$ 1.499 (128 GB) e R$ 1.699 (256 GB). Em janeiro, a empresa amplia a linha de fabricação de smartphones da Infinix com um potencial de 30 novos modelos.
Até lá, o Infinix Note 10 Pro vai concorrer diretamente com o Motorola Edge e o Samsung A72. Os diferenciais trazidos pela Positivo são a oferta de dois anos de garantia e preço R$ 500 mais acessível. Além disso, o aparelho recebeu este ano o prêmio iF Design Award, um dos principais da categoria de design no mundo.
A Positivo quer brigar pela fatia de mercado deixada pela LG Electronics, que encerrou a produção local de aparelhos em julho deste ano. A fabricante sul-coreana de eletroeletrônicos anunciou, em abril, que deixaria o mercado global de smartphones.
A empresa buscava parceiro para smartphones havia muito tempo, em um mercado dividido hoje entre dois players, Samsung e à Motorola.
O lançamento do Note 10 Pro no Brasil foi estratégico. Como a escassez de chips no mercado já ocorre há algum tempo, a Positivo procurou se preparar para o lançamento sem faltar produto tanto para a Black Friday quanto para o Natal.
Uma equipe de 50 engenheiros da Transsion passou seis meses no Brasil para desenvolver o produto. A Positivo não informa o investimento ou a duração da parceria com a chinesa, mas será de longo prazo, segundo Rotenberg.
A Transsion tem forte atuação em mercados emergentes, segundo a Positivo. Na Rússia, a marca conquistou 8% do mercado em dois anos e, na Índia, 12% em cinco anos. “É um lançamento transformacional para a Positivo”, ressalta o presidente da companhia.
O segmento Casa Inteligente — produtos tecnológicos para residências que vão de aparelhos de segurança aos de iluminação — caiu no terceiro trimestre, mas avançou 38,2% nos nove primeiros meses de 2021. a venda de servidores, porém, caiu 18% comparado aos 9M de 2020.
A unidade de negócio Instituições Públicas fechou o trimestre com faturamento expressivo de R$ 336,0 milhões, alta de 416,2% ante o 3T20, e a expectativa é de continuar crescendo com as licitações. A unidade Corporativa atingiu no 9M21 R$ 433,4 milhões, 24,3% maior comparado ao mesmo período no ano anterior.
“Esse é o grande recado. Economia bem diversificada, em transformação e que não depende apenas de um só negócio. E está preparada para dar novos saltos ainda, para crescer muito”, disse o executivo da Positivo Tecnologia.