A loja de moda rápida Shein está preparando o lançamento de uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) em Londres.
A loja online Shein deve apresentar um prospecto confidencial para um IPO aos reguladores do Reino Unido já na próxima semana, informou a Sky News na noite de domingo.
O plano de listagem da Shein na Bolsa de Londres é uma mudança para a empresa, que antes era avaliada para ser lançada nos Estados Unidos, na Bolsa de Nova York.
Tensões entre os governos dos EUA e China acabaram afastando a companhia do território norte americano, do que era esperado como um dos maiores IPOs em anos. Segundo as fontes disseram à Bloomberg, a Shein pode buscar uma avaliação de mercado em torno de £50 bilhões (R$ 335 bilhões).
O IPO da Shein ainda teria o potencial de ser um dos maiores do Reino Unido, após a bolsa ter perdido força com muitas empresas se transferindo para os EUA.
“Pelo que sabemos, os reguladores britânicos também estão questionando bastante a adequação da Shein para essa listagem em Londres. Eles pedem maior detalhamento de informações e maior transparência”, comenta Caroline Sanchez, analista da Levante Inside Corp.
Enquanto isso, Sanchez destaca a força do e-commerce chinês, que como um todo vem incomodando bastante o varejo mundial, não apenas no Brasil, mas nas maiores economias do mundo, como os Estados Unidos.
“O domínio crescente deste mercado é inegável e a Shein é um exemplo desta clara tendência. Só no ano passado, a varejista chinesa atingiu o faturamento de cerca de US$ 30 bilhões (R$ 158 bilhões, na cotação de hoje), um crescimento de aproximadamente 50% em relação ao ano anterior”, ressalta Sanchez.
Por que a Shein quer um IPO fora da Ásia?
Apesar de a sede da Shein estar em Cingapura, a empresa foi fundada na China e ainda mantém a maior parte de suas operações comerciais no país.
A ligação com a China atraiu o escrutínio dos legisladores, que instaram os reguladores a impedir uma IPO nos EUA. Em maio de 2023, legisladores enviaram uma carta ao presidente da SEC (a CVM dos EUA) solicitando que a agência pedisse uma verificação independente da Shein para confirmação de que não há casos de trabalho forçado da população minoritária uigure da China, antes de aprovar uma listagem.
Sobre as acusações de trabalho forçado na Shein, a empresa afirma que tem uma “política de tolerância zero” para o crime e exige que os fabricantes contratados comprem algodão apenas de regiões aprovadas.
Quanto à entrada no mercado acionário, as bolsas de Nova York têm volumes de negociação mais elevados e uma base de investidores mais ampla, as cotações nos EUA tendem a obter avaliações melhores do que as mesmas empresas teriam obtido através dos IPOs de Londres.
“A Shein tem enfrentado uma série de barreiras regulatórias – desde a ideia inicial do IPO em NY – e está com o embate de tentar captar com a listagem em bolsa, porém a transparência não é um dos grandes fortes das empresas chinesas. A companhia está sendo muito questionada, além de ter de fazer uma série de ajustes regulatórios”, conta Sanchez.
IPO da Shein em Londres interessa ao país
Após anos de atividade lenta de IPO, a City – distrito financeiro de Londres –, está ansiosa por negócios de alto perfil, o que poderia ajudar a abrir caminho para Shein na Bolsa.
Enquanto isso, fontes informaram à Bloomberg que a diretoria da Shein vem se reunindo com o secretário de negócios do país, Jonathan Reynolds, em Davos e em Londres, desde o anúncio de uma eleição geral para 4 de julho.
Na corrida eleitoral, o Partido Trabalhista de oposição aparece muito à frente dos Conservadores.
Apesar do Partido Trabalhista de oposição se apresentar aberto ao IPO da Shein em Londres, a empresa ainda deveria ser submetida à legislação trabalhista do Reino Unido, em meio a preocupações sobre o tratamento dos trabalhadores pela empresa.
Com informações de Estadão Conteúdo.