A cotação do ouro passou dos US$ 2.036,5 por onça no dia 3 de agosto para US$ 1.882,5 nesta quarta-feira (23), perdendo cerca de 7% de seu valor em pouco mais de 6 semanas.
Sobretudo nos últimos dias a queda do preço do ouro se tornou mais forte, com uma baixa de mais de US$ 70 na sessão da segunda-feira (21). Mesmo dia em que a prata caiu mais de 11% .
Essa queda acentuada surpreendeu muitos no mercado, mas não reverte a tendência de alta do metal precioso, cujos preços cresceram mais de 24% desde o início do ano.
A crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19) em nível global e a consequente queda nas taxas de juros devido às políticas monetárias ultra-expansivas implementadas pelos bancos centrais em todo o mundo, alimentaram essa forte alta.
Essa mistura de taxas de juros cada vez mais baixas e aversão ao risco empurrou os preços do ouro para a máxima histórica de US$ 2.036 em agosto, com muitos analistas que já estavam prevendo uma cotação na casa dos US$ 3 mil por onça.
Entretanto, além desses fenômenos estruturais, os preços do ouro também são afetados por outros fatores, como a taxa de câmbio do dólar e o “humor” geral dos mercados.
Ouro afetado por dólar e humor dos mercados
O ouro é um investimento improdutivo. Não gera dividendos ou fluxos de caixa de qualquer tipo. Por isso que as taxas de juros influem tanto assim sobre sua cotação.
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Isso pois quando outros ativos financeiros, principalmente títulos públicos, começam a oferecer rendimentos próximos de zero ou negativos (os títulos do Tesouro dos EUA com vencimento em dez anos rendem apenas 0,66%), o metal precioso irá se beneficiar de sua natureza de porto seguro sem ter que pagar o preço da ausência de ganhos.
Além das taxas de juros e da percepção de risco global, que afetam os preços do ouro, outro fator que afeta sua cotação é o nível das taxas de câmbio. Em particular, a taxa de câmbio do dólar.
O preço do ouro cai quando a moeda norte-americana se fortalece. Isso pois o dólar também é considerado um porto seguro em situações de incerteza.
Por último, existe a influência da demanda por ouro físico – para a indústria e a joalheria – que também afeta a cotação do metal.
Nesse momento na China, primeiro país do mundo a consumir ouro, os preços são mais baixos do que na Bolsa de Valores de Londres.
Este é um indicador que reflete um excesso de oferta em relação à demanda desde março passado.
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Uma situação de desequilíbrio que pesa sobre a evolução dos preços de longo prazo do metal precioso.
Previsões sobre a cotação futura
Mas então, o que pode se esperar para o futuro no mercado do ouro?
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Considerando o nível baixo das taxas de juros, cenário que deve ser manter nos próximos anos, é difícil pensar em uma reversão dos preços do ouro.
As previsões otimistas de algumas semanas atrás, de preço-alvo para o metal precioso de US$ 3,4 mil nos próximos anos, parecem fora do contexto.
Parece mais provável imaginar uma oscilação na faixa de US$ 1,8 mil a US$ 2 mil.
Todavia, a cotação do ouro é imprevisível, e altas repentinas não podem ser descartadas. Ainda mais perto das eleições presidenciais dos Estados Unidos, cujo resultado é muito incerto e sujeito a reviravoltas que podem aumentar o medo e, portanto, o preço do metal precioso.