A XP Investimentos avalia que as ações brasileiras continuam baratas e que o país está bem posicionado para, em 2024, atrair fluxo de investidores dentro dos mercados emergentes. No cenário mais otimista, os analistas miram o Ibovespa acima dos 150 mil pontos.
“O Brasil continua numa posição muito favorável nesse cenário de mercados emergentes. Além das chamadas Large Caps, as ações Small Caps estão muito descontadas”, afirmou Jennie Li, estrategista de ações da XP, durante live no YouTube da corretora.
Para Li, o Ibovespa abaixo das médias históricas é um mercado atrativo para investidores locais e estrangeiro. Além disso, o prêmio de risco e o dividend yield também estão acima de suas médias, enquanto o ROE (retorno sobre patrimônio) negocia acima da média dos últimos 15 anos.
A XP projeta que, caso os bancos centrais globais comecem a cortar juros, a pressão para manter a taxa Selic em níveis elevados recuará e, consequentemente, ajudará ativos de risco brasileiros.
De acordo com o time de estratégia da XP, o valor do Ibovespa foi ajustado para 142 mil pontos até o final de 2024. No cenário mais otimista, o Ibovespa poderia passar os 150 mil pontos, enquanto o pessimista prevê o valor justo em 105 mil pontos.
Em relação ao cenário externo, Paulo Gitz, estrategista global da XP, afirma que 2023 foi marcado pela resiliência, com um ano de muito pessimismo.
Um dos motivos para esse cenário estão o “caráter estimulativo” do elevado déficit fiscal do governo americano, o excesso de poupança acumulada pelas famílias, a capacidade das empresas em repassar preços e cortar custos, além da injeção de liquidez no sistema financeiro.
Para 2024, a perspectiva para os Estados Unidos é negativa. O analista afirma que muitas das razões que justificam as visões mais pessimistas deste ano deverão estar presentes em 2024, como a inflação.
“Acreditamos que o Fed não voltará a subir os juros. As taxas dos títulos do Tesouro dos EUA com
vencimentos longos aumentaram significativamente nos últimos três meses, o que já representa um
aperto adicional das condições financeiras”, diz a XP.
Em relação à China, a visão é atrativa, justificada pelos baixos múltiplos numa região que deve apresentar crescimento econômico e de lucros em 2024. Japão, mercados emergentes, Reino Unido e Europa a visão da XP é neutra.
Ibovespa: XP diz que Selic com um dígito mostra hora de tomar mais risco
No ambiente atual, de Ibovespa a 127 mil pontos, o time de Research da XP segue convicto da tese de ‘bolsa barata’, e destaca que com a redução paulatina da taxa básica de juros, a Selic, a bolsa deve mostrar uma recuperação – e consequentemente esboçar uma alta.
Em coletiva com jornalistas nesta segunda (4), Fernando Ferreira, Estrategista chefe e Head de Research na XP, destaca que ‘é hora de tomar mais risco’, frisando que a queda da Selic é algo relativamente inevitável, apesar dos ruídos no lado fiscal.
Além disso, Ferreira, da XP, ainda acrescenta que o ambiente externo é um ponto de atenção.
“Ainda vemos a bolsa como atrativa, acreditamos na volta do fluxo, na medida em que a Selic caminha para ficar em um dígito. Mas, isso levando em consideração que o cenário externo ainda tem complexidades e obviamente levando em consideração o perfil do investidor“, analisa.
Caio Megale, economista-chefe da casa, ainda acrescentou que o fiscal é o grande ainda mantém os analistas um pouco mais receosos.
“O que nos deixa cauteloso é o fiscal. O arcabouço foi apresentado, mas ele ainda é um modelo que permite aumento de despesas. Você ainda tem a questão do contingenciamento, que deve ficar em R$ 20 bilhões. Há um certo viés expansionista em termos de política fiscal“, explica.
Contudo, Megale ainda destacou projeções relativamente otimistas acerca da trajetória da taxa básica de juros, reiterando a confiança na intensidade do ciclo baixista da Selic.
“O Banco Central tem muito espaço para cortar juros, ainda vemos mais quatro ou cinco cortes de 0,50 ponto percentual (p.p.). E destaco que, se não forem cortes de 0,50p.p., é mais provável que sejam maiores, de 0,75p.p., do que de 0,25p.p.”.
XP projeta crescimento do PIB mais fraco para Brasil
Em relatório, a XP projeta um crescimento econômico mais fraco, inflação mais baixa e taxa de câmbio
relativamente estável nos próximos meses, o que deve permitir ao Banco Central reduzir a taxa básica de juros.
No entanto, os analistas apontam que as incertezas fiscais permanecem elevadas e podem limitar o espaço para flexibilização monetária no próximo ano. Mas não é projetado uma deterioração nos fundamentos econômicos ou nos preços dos ativos financeiros.
A corretora projeta um crescimento de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) para 2024. “Apesar das incertezas em curso, os preços das commodities devem continuar elevados, e a postura dos bancos centrais dos mercados desenvolvidos provavelmente mudará para uma política monetária mais flexível, iniciando um ciclo gradual de afrouxamento em meados do ano.”
Mercado vê dólar abaixo de R$ 5 em 2024
O consenso do mercado financeiro projeta um dólar a R$ 4,99, conforme dados do Boletim Focus divulgado nesta segunda (4). Para os próximos dois anos, as projeções são de R$ 5,03 e R$ 5,10, respectivamente.
Atualmente a projeção da XP para a cotação do dólar é de R$ 4,80 para o ano de 2024, ao passo que a moeda negocia a R$ 4,93 nesta segunda (4).
Megale acrescenta que “outros cenários são pouco prováveis” e que os riscos mais monitorados no ambiente macroeconômico são os preços do petróleo e dos grãos caírem intensamente – o que considera pouco provável.
Neste contexto, a projeção vai em linha com o último relatório da XP Research sobre o Ibovespa, em que a casa projeta 142 mil pontos do índice em 2024 – implicando em uma renovação da máxima histórica da bolsa brasileira.