Se o caminho que toda startup precisa é se tornar um unicórnio, ou seja, uma empresa avaliada em mais de US$ 1 bilhão, a PM3, edtech especializada em ofertar cursos de product management, não faz questão de seguir essa rota.
Para o co-fundador da PM3 e diretor-presidente (CEO), Marcell Almeida, a companhia não precisa, necessariamente, virar um unicórnio, mas isso não quer dizer que ela não será lucrativa.
“Não seremos um unicórnio, mas sim extremamente saudáveis, com uma margem muito boa, dando dinheiro. Essas empresas que levantam capital via de regra não dão dinheiro. Não vejo glamour em virar unicórnio”, disse em entrevista ao Suno Notícias.
Cursos na área de tecnologia
De acordo com Almeida, como o setor de educação tem um ritmo diferente de outros, é natural que a PM3 trace caminhos distintos.
- A PM3 vende cursos a profissionais de tecnologia, que podem acessar conteúdos durante seis ou 12 meses
- A empresa diz ter alcançado mais de quatro mil alunos que buscam formação nesse segmento
- A edtech conta, atualmente, com três cursos na categoria on demand lançados (Product Management, Product Discovery e Product Growth).
“Um mercado de educação cresce mais devagar. O ticket não é de fintech: nosso valuation é menor e, por isso, não seremos unicórnios. Se você atira para todo lado, prejudica sua marca e seu produto”, afirma.
PM3: “sem vício de captação”
Marcell Almeida, que já passou por Nubank, Easy Taxi e VivaReal, tem uma visão um pouco diferente do restante do ecossistema.
Lembra que muitos gestores de fundos despejam caminhões de dinheiro em startups novas e que ainda não geram caixa.
Para ele, as startups estão caindo em um vício de captação graças à grande oferta de capital disponível no setor.
“Várias startups não precisam captar. Elas podem muito bem reinvestir o próprio dinheiro, o que por vários motivos pode ser mais eficiente”, diz.
“Essa frenesi de investimentos vai continuar porque as pessoas ainda não viram que podem perder capital daqui a alguns anos”, opina Almeida.
Ferramentas fora da empresa
Por ter essa visão, a PM3 diz não ter necessidade de capital tão elevada quanto outras empresas de tecnologia. Almeida conta que opta por buscar ferramentas fora de casa em vez de desenvolvê-las.
“A PM3 é 90% no-code. Não temos desenvolvedores de softwares, mas contratamos ferramentas que conversam entre si. Pagamos a anuidade, mas é muito mais barato do que ter um time de desenvolvedores dentro da empresa”, diz.
“A gente faz as coisas de maneira simples. Tem muita empresa que poderia ser assim, mas falta o conhecimento de bootstrap“, complementa.
PM3: faturamento de R$ 100 milhões em 2021
A estratégia, ao que parece, vem dando resultado. A PM3 foi parcialmente vendida este ano para o Grupo Alura, o maior grupo de educação na área de tecnologia no Brasil.
O grupo possui os mesmos investidores do Coursera. Juntas, PM3 e Alura devem ultrapassar o faturamento de R$ 100 milhões em 2021.
“Estamos crescendo 300% por mês ante o ano passado e está bem acima da nossa projeção, que já era otimista”, afirma o CEO.
Segundo Marcell Almeida, a demanda por educação a distância, principalmente na área de tecnologia, deve continuar a crescer e também não deve arrefecer com o final da pandemia causada pelo novo coronavírus.
“A educação em tecnologia tem muita probabilidade de ter um gap gigantesco de vagas. Há mais startups, desenvolvimento e tecnologia. Como somos mais focados em produtos, preenchemos essa necessidade”, explica o CEO da PM3.
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