O governo de Jair Bolsonaro trabalha com um plano de emergência caso a Venezuela decida cortar totalmente o fornecimento de eletricidade para Roraima. Trata-se do único estado brasileiro não conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do País.
O assunto foi abordado numa reunião entre o Ministério de Minas e Energia e o governo de Roraima em 30 de janeiro. No encontro estiveram o governador Antônio Denarium (PSL), o secretário de Energia Elétrica do ministério, Ricardo Cyrino, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, e diretores da Roraima Energia, responsável pela distribuição de eletricidade no estado.
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O governo considera a possibilidade de a hidrelétrica de Guri, no estado venezuelano de Bolívar, interromper integralmente o envio de eletricidade a Roraima. O ato seria uma forma de retaliação diante do reconhecimento do governo brasileiro de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, anunciado durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos. O reconhecimento de Guaidó já conta com vários países das Américas e da Europa.
Na prática, é como se Bolsonaro não reconhecesse mais a legitimidade de Nicolás Maduro enquanto presidente – um rompimento total da relação.
O risco de retaliação, entretanto, diminuiu nos últimos dias, conforme pessoas ouvidas pelo jornal Folha de S.Paulo. Na opinião dos interlocutores, a interrupção da eletricidade vinda de Guri já teria sido realizada se Maduro quisesse de fato enviar uma mensagem política ao governo do Brasil.
Mesmo assim, a hipótese está sobre a mesa e ações emergenciais são consideradas. O governo considera tomar as medidas inclusive por constantes falhas técnicas nas linhas de transmissão entre os países. Roraima é abastecida com energia venezuelana desde 2001, mas, com a crise econômica no país vizinho, as devidas manutenções na estrutura não têm sido implementadas.