Em pouco mais de um ano desde seu lançamento, o Pix já ultrapassou R$ 4,6 trilhões em transações, aproximadamente duas vezes mais que o volume de cartões, de acordo com relatório do Bank of America (BofA).
O sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC) também já possui cerca de 120 milhões de usuários.
Conforme o BofA, o Pix está substituindo as transferências de dinheiro entre pares (P2P) de baixo custo (dinheiro e transferência bancária). O movimento ocorre porque o sistema elaborado pelo BC é simples e fácil de ser utilizado, com liquidação instantânea e sem nenhum custo.
Já para o P2B (peer-to-business), o Pix ainda tem penetração limitada. O BofA acredita que a modalidade está avançando gradativamente, em especial quando se tratam de participações de dinheiro e cartões de débito.
O BofA aponta que transações com cartão de débito são as mais suscetíveis a serem substituídas pelo Pix. “Do ponto de vista financeiro, ambas as transações são idênticas para o consumidor, mas o Pix deve ser mais atraente para os comerciantes com taxas de administração (Merchant Discount Rates, MDR) mais baixas”, afirmam os analistas Mario Pierry e Antonio Ruette, que assinaram o relatório.
A avaliação do banco é de que o movimento pode pesar nas receitas de intercâmbio de débito dos bancos (cerca de 2% do total de tarifas), mas não deve afetar a lucratividade dos adquirentes.
A lógica é simples: enquanto os adquirentes cobram taxas de administração mais baixas (MDR) para transações Pix do que para débito, eles também têm custos de processamento mais baixos. A única preocupação, de acordo com o relatório, é que se um provedor terceirizado ofereça uma solução Pix completa, permitindo transações e conciliações fora do ecossistema.
“Achamos improvável que os cartões de crédito e boletos sejam substituídos pelo Pix no curto prazo, tendo em vista os múltiplos benefícios oferecidos aos portadores (carência, recompensas, etc) e todo o ecossistema por trás dos boletos, permitindo o controle total da liquidação, conciliação e processo de cobrança”, apontam.
Tarifas em conta corrente são mais impactadas pelo Pix até agora
O BofA aponta que o que mais sente o impacto do Pix são as tarifas de contas correntes dos bancos, que caíram 5% nos primeiros nove meses de 2021. Além disso, quando é considerada a base de clientes incumbentes, a receita por cliente diminuiu 11% na comparação anual.
As fintechs e bancos novos oferecem contas correntes sem taxa alguma, e há a facilidade do Pix de transferir dinheiro sem custo. Desta forma, o analistas acreditam que a mensalidade cobradas por incumbentes apenas para manutenção de contas fica vazia de propósito.
O BC ainda tem a intenção de lançar novos recursos para o Pix, como o Pix programado, saques em dinheiro, pagamentos por aproximação e offline, de forma que o engajamento seja ainda mais alto e tenha mais penetração.
“O Pix está democratizando o acesso aos pagamentos eletrônicos e trazendo novos usuários para o sistema financeiro, desempenhando um papel importante na inclusão financeira. Facilitou a entrada de neobancos, está mudando o comportamento do consumidor e está pressionando as receitas dos bancos tradicionais, principalmente as tarifas de conta corrente”, dizem os analistas.
Por fim, o BofA ressalta que o lado positivo do Pix é a inclusão de novos consumidores no sistema financeiro. Além de reduzir a população não bancarizada, há uma oportunidade aos bancos de realizar venda cruzada de outros produtos para esses clientes.