PIB negativo no 1º tri teve influência da Vale e Brumadinho, diz IBGE

As restrições impostas à produção de minério de ferro pela Vale em Minas Gerais, após a tragédia de Brumadinho, afetou a indústria de mineração brasileira a ponto de auxiliar a retração de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do primeiro trimestre de 2019.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o recuo no PIB de todo o setor industrial foi de 0,7%, na comparação com o trimestre anterior. O segmento extrativo obteve contração de 6,3% entre janeiro e março de 2019, ante os três meses anteriores. Tal recuo foi estimulado pelas operações da Vale em menor escala.

Anteriormente, a última vez que a indústria extrativa apresentou contração deste nível foi no quarto trimestre de 2008, após a crise do subprime. No período, os preços das commodities despencaram devido à crise financeira global, que obteve como estopim a falência do banco Lehman Brothers em setembro daquele ano.

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Conforme a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, “a indústria extrativa foi responsável pela queda do PIB”. Caso a indústria extrativa não tivesse caído, o PIB do Brasil poderia ter apresentado resultado estável, com crescimento próximo de zero.

As restrições às operações da Vale afetaram minas com capacidade equivalente a 20% da produção nacional de minério de ferro. O maior ativo da Vale, a mina de Brucutu, também obteve a produção influenciada negativamente.

Minério de ferro e mercado mundial

Com a maior demanda da China por minério de ferro, visto que a exportação de aço está em alta, a cotação dos contratos futuros do minério de ferro subiram na Bolsa de Valores chinesa de Dalian.

Deste modo, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3), que também extrai minério de ferro, foi beneficiada. Mas, caso a Vale estivesse operando em suas condições normais, a oferta de minério de ferro talvez tivesse impedido a alta do preço da commodity.

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Tragédia de Brumadinho e a Vale

A barragem 1 de rejeitos da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) foi rompida no dia 25 de janeiro de 2019. A mina, localizada na área metropolitana de Belo Horizonte, é de propriedade da Vale.

Segundo o Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte, ao menos 245 pessoas morreram com o rompimento da barragem da tragédia de Brumadinho.

O acidente gerou uma avalanche de lama, que liberou em torno de 13 milhões de metros cúbicos (m³) de rejeitos. A lama destruiu parte do centro administrativo da empresa em Brumadinho, e arrastou casas e até uma ponte. A barragem da Vale rompida fazia parte do complexo de Paraopeba.

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Com o acidente, a própria mineradora anunciou a suspensão das atividades em minas com barragens semelhantes. Tais barragens são construídas com o método de alteamento a montante.

Este método tem custos mais baixos para a contenção dos rejeitos da mineração. Contudo, há métodos mais eficazes para garantir a segurança e a proteção ambiental. Como a mineração a seco, que não produz rejeitos.

Posteriormente, o Ministério Público de MG e a Agência Nacional de Mineração (ANM) decidiram pelo fechamento de outras unidades da Vale.

Amanda Gushiken

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