PIB per capita só voltará a ‘plenos pulmões’ em 2028, diz FGV
Mesmo que o crescimento econômico brasileiro ganhe fôlego, a tendência é de que o Produto Interno Bruto por pessoa, o PIB per capita, volta a ser o que era em 2013, ano de pico histórico, somente no ano de 2028, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A estimativa do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, é de que o PIB per capita termine o ano em alta de 3,8% em relação a 2020. Apesar disso, o indicador segue 1% abaixo do período pré-pandemia, de 2019.
O pico histórico de 2013 foi de R$ 39.685 por pessoa, 7,7% maior do que as projeções para o ano de 2021.
“O Brasil conseguiu crescer nesse ritmo nos anos 2000, então é algo possível, sim. Seria preciso, porém, de um choque externo favorável para a economia brasileira e, internamente, de um ciclo vigoroso de reformas para termos esse crescimento. Sem esse ritmo mais acelerado, a recuperação das perdas dos últimos anos ficará para depois de 2030″, afirma Silvia Mattos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre/FGV.
Segundo os especialistas da casa, a economia brasileira reverteu a trajetória de recuperação que havia sido observada no terceiro e quarto trimestres de 2020 e no primeiro trimestre deste ano, comparativamente aos trimestres imediatamente anteriores.
Apesar disso, houve retração no segundo e terceiro trimestres deste ano: taxas negativas de -0,1% em comparação aos trimestres imediatamente anteriores, considerando o indicador macroeconômico do PIB.
“Destaca-se a taxa do setor de Serviços que havia sofrido quedas mensais contínuas e elevadas desde abril do ano passado até maio deste ano e apresenta taxas acumulada em doze meses positivas e crescentes desde junho, com a taxa até setembro sendo de 3%. No setor de serviços tem relevância a atividade de outros serviços, que representa cerca de 15% do PIB, que chegou a ter taxa mensal negativa de 22,7% e que apresentou taxas positivas elevadas a partir de abril deste ano”, afirma Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV.
PIB per capita acompanha deterioração e desigualdade
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, além do encolhimento do PIB per capita, a desigualdade piorou em 2018 e 2019.
Segundo o instituto, um em cada quatro brasileiros vive abaixo da linha da pobreza, o correspondente a 51 milhões de pessoas em 2020.
“Mesmo que continuemos sanando o desemprego aos pouquinhos, não vejo recuperação em massa do mercado de trabalho. Isso significa, na prática, concentração de renda. E falta política pública que resolva isso”, disse o pesquisador Rogério Barbosa, professor adjunto do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em entrevista ao Estado de S. Paulo.
“O Auxílio Brasil vai ter mais orçamento do que o Bolsa Família, mas ancorado de forma frágil, em atraso de pagamento de precatórios”, acrescenta.
Desde a pandemia, mais ricos têm proteção e mais pobres sofrem mais
Segundo o World Inequality Lab, a desigualdade aumentou ante uma concentração de 76% da riqueza global nas mãos de 10% da população, visto que a riqueza global dos bilionários saltou US$ 3,7 trilhões no ano de 2020.
O movimento acompanha o decréscimo da renda média, medida pelo PIB per capita, que demanda estímulos citados por autoridades como o Fundo Monetário Internacional (FMI) – que prevê financiamento e aceleração da vacinação como os únicos drivers de retomada da economia.