PIB da Indústria em “recessão”: alta intensidade tecnológica puxou a baixa
O Produto Interno Bruto (PIB) da indústria já soma dois trimestres consecutivos de contração. Em adendo, o setor foi o principal responsável pelo PIB negativo (-0,2%) do Brasil no primeiro trimestre de 2019. Segundo estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o segmento de alta intensidade tecnológica puxou o setor para baixo. A pesquisa foi obtida pelo “Estado de S. Paulo”.
De acordo com o estudo, o segmento da indústria de alta intensidade tecnológica caiu 12,5% no primeiro trimestre de 2019, na comparação com o mesmo período do ano anterior. No quarto trimestre do ano passado, o segmento registrou recuo de 1,5%. Deste modo, o segmento já está configurado como em “recessão“.
A pesquisa calculou a retração de outros segmentos da indústria, confira:
- Farmacêutico: 10,6%
- Material de escritório e informática: 11,6%4
- Instrumentos médicos, de ótica e de precisão: 7,7%
- Equipamentos de rádio/TV e comunicação: 14% (apesar do maior percentual, segmento não configura “recessão” devido ao quarto trimestre de 2019 com PIB positivo)
“Parte do setor farmacêutico pode estar sendo puxado [para baixo] pela restrição do gasto público, pela redução nas compras para hospitais e serviços de saúde públicos. Mas o problema do complexo de eletroeletrônicos é demanda. O crédito não tem melhorado, o desemprego continua alto, e a renda não está conseguindo ganho substancial, o que explica também a redução no nível de confiança dos consumidores”, explicou o economista-chefe do Iedi, Rafael Cagnin.
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Alta intensidade tecnológica da indústria não apresenta avanços
O ramo da alta intensidade tecnológica no setor industrial não apresentou avanços em 2019. Os avanços do mercado internacional, e a importação de produtos ainda é um grande risco de desarticulação destas cadeias produtivas.
“Essas atividades são a porta de entrada para as novas tecnologias. Então é importante que resistam, para assegurar o papel que o Brasil ainda desempenha no mundo. Esse setor de alta intensidade entrar em crise é fechar uma janela. Significa que nossos problemas de competitividade e produtividade ficarão ainda maiores”, opinou Cagnin ao “Estado de S. Paulo”.
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O diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Ronaldo de Castro Souza Júnior, apontou que outros fatores que desafiam o segmento da indústria são:
- desaceleração do comércio internacional;
- o acirramento da concorrência com a indústria de alta intensidade tecnológica de países asiáticos;
- a crise na Argentina;
- e a perda prolongada de produtividade.