PIB: FGV/Ibre corta projeção de crescimento de 1,8% para 1,4% em 2019

A projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2019 foi revisada pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargs (FGV). A nova estimativa caiu de 1,8% para 1,4%. Para 2020, a previsão continuou em 2%.

A divulgação da nova previsão do PIB ocorreu nesta quinta-feira (23), na sede FGV em São Paulo. O seminário “FGV Ibre – Estadão: Perspectivas 2019” contou com a presença da coordenadora técnica do Boletim Macro Ibre, Silvia Matos.

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A coordenadora apontou as principais criticidades no cenário externo que a economia brasileira deve enfrentar no segundo trimestre de deste ano:

  • Desaceleração econômica: economia mundial perde ritmo, em grande parte devido à guerra comercial.
  • Volatilidade: diante de tantas incertezas econômicas, os mercados tendem a ser mais voláteis.
  • Juros internacionais mais baixos: mas não por um bom motivo. Mudanças no apetite por risco podem ser um desafio para o Brasil.
  • Valorização do dólar: o real tem sido mais impactado pelo crescimento norte-americano, por conta da adição de fatores domésticos.

Quanto ao cenário doméstico, Matos apontou:

  • PIB: atividade econômica fraca no trimestre de 2019 (IBC-BR do Banco Central ficou em (-0,68%).
  • Confiança do investidor: após o “ciclo de otimismo” quanto ao desempenho futuro da economia, o quadro atual mostra perda generalizada da confiança.
  • Insolvência fiscal: há um alto risco do Brasil não conseguir arcar com suas dívidas, segundo a coordenadora.
  • Ineficiências microeconômicas.

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Inflação

De acordo com as projeções do Ibre, a inflação acelerou no primeiro trimestre de 2019, e deve encerrar a 4,1% no fim de 2019.

No Brasil, a inflação oficial é calculada através do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A meta de inflação é determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2019, a meta é de 4,25%, com intervalo de tolerância de 1,5% (entre 2,75% e 5,75%).

Desta forma, a meta de inflação do Ibre está de acordo com o intervalo de tolerância. Entretanto, Matos destacou que houve um “choque dos alimentos“, que elevou os preços do setor.

Saiba mais – Inflação: IPCA chega a 0,57% em abril; No ano a alta é de 2,09%

Reforma da Previdência

Também participaram do evento realizado na FGV os economistas:

  • Samuel Pessoa, economista do Ibre e autor do think tank Instituto Millenium.
  • José Júlio Senna, economista do Ibre.
  • Carlos Melo, cientista político do Insper.
  • Celso Ming, jornalista do “Estadão”.

Senna argumentou que muitos investidores estão com demasiada confiança na eficiência do governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e, até mesmo, do Banco Central (BC).

Conforme o economista, o mercado deve atentar-se de que a aprovação da reforma da Previdência possa não ser a resposta final as dúvidas econômicas que atravessam o País.

Os economistas compartilham a avaliação do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que o Brasil passa por um momento de diversas incertezas econômicas, e estas foram as palavras-chave do evento. Na visão dos participantes do evento, é primordial que o governo realize a reforma da Previdência.

Saiba mais – Banco Central: investimentos são adiados devido as incertezas econômicas

Redução de projeção do PIB não é novidade

Neste mês, empresas e entidades, além do ministro da Economia, Paulo Guedes, também reduziram a projeção de crescimento do PIB para 2019.

O Boletim Focus, compilado pelo BC semanalmente, reduziu a projeção de crescimento do PIB de 1,49% para 1,45% em 2019.

Por sua vez, Itaú Unibanco (ITUB4) também divulgou relatório com atualização de projeção de expansão de crescimento da economia brasileira. O banco diminuiu a estimativa de 1,3% para 1% no fim deste ano.

Guedes cortou a previsão de avanço do PIB brasileiro. Contra os 2% previstos durante a gestão do ex-presidente da República, Michel Temer (MDB), o crescimento foi contraído a 1,5%.

E, por fim, a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal diminuiu a estimativa do PIB, de 2,3% para 1,8% neste ano.

Amanda Gushiken

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