O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos registrou contração de 0,9% no segundo trimestre deste ano, em termos anualizados. Esta é a primeira leitura do indicador, divulgada nesta quinta-feira (28) pelo Departamento do Comércio do país.
Como o PIB dos EUA encolheu 1,6% nos três primeiros meses do ano, a maior economia do planeta teve dois trimestres consecutivos de retração, um critério normalmente utilizado por economistas para definir uma recessão técnica.
PIB dos EUA vem abaixo de expectativas
O resultado contrariou a mediana das previsões de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que apontava para crescimento de 0,4%. O dado, no entanto, está dentro do intervalo das estimativas, que ia de redução de 1,5% para avanço de 1,5%.
O Departamento do Comércio dos EUA informou também que o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu à taxa anualizada de 7,1% entre abril e junho, replicando desempenho do primeiro trimestre. Já o núcleo do PCE, que desconsidera preços de alimentos e energia, avançou 4,4% no mesmo intervalo, após alta de 5,2% no trimestre anterior.
Carlos Vaz, CEO e fundador da Conti Capital, observa: “O relatório do PIB indica uma queda, resultado que reflete as ações do Fed em relação ao aperto monetário para baixar a inflação. Além disso, isso acaba permitindo que o banco central americano comece a planejar o seu desejado ‘pouso suave’ para economia, podendo cessar os aumentos mais agressivos, gradativamente, até que a inflação fique abaixo de 6%, algo previsto apenas para 2023.”
Vaz pondera: “É um cenário que, tecnicamente, é definido como recessão, mas acho importante pontuar que não se pode generalizar ao fazer essa classificação, pois é preciso avaliar muitos outros fatores, considerando uma leitura histórica de fatos. Isso porque há segmentos que vão atuar na contramão da crise, e, ainda, cada lugar do mundo vai sentir a puxada econômica de maneira diferente, com base em seus níveis de desenvolvimento, comportamentos e problemas locais. Além disso, o mercado de trabalho continua aquecido e com a taxa de desemprego em baixa, já é possível notar um afrouxamento dos gargalos de suprimentos e a melhora de outros índices econômicos, diferentemente do que foi visto nos períodos que antecederam o que foi chamado de ‘Grande Recessão’. Ao fazer essa análise mais ampla dos indicadores, é possível perceber a economia americana em uma posição relativamente forte, apesar do PIB indicar tecnicamente uma recessão.”
Temor de recessão, medida por PIB dos EUA, deve afetar lucros de empresas
As empresas de capital aberto nos Estados Unidos devem entregar o menor crescimento de lucros no 2.º trimestre desde o fim de 2020, em meio ao temor de uma recessão à vista. Além de cristalizar o efeito da subida de juros para controlar a disparada de preços no país, os resultados do período podem se tornar um desafio para o desempenho futuro das ações em Wall Street, segundo analistas consultados pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
O lucro das empresas do S&P 500, que reúne as 500 maiores companhias listadas nos EUA, deve apresentar expansão de 4,1% no 2.º trimestre, de acordo com estimativa revisada para baixo da norte-americana FactSet. Antes, a previsão era de alta de 5,9%.
Com Estadão Conteúdo
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