PIB do Brasil tombará 9% em 2020 devido à pandemia, diz FMI
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cairá 9,1% devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). O relatório da instituição com suas novas estimativas foi divulgado nesta quarta-feira (24).
Na projeção anterior, apresentada em maio, o FMI estimava que o PIB brasileiro cairia 5,3% neste ano. Caso a atual projeção se confirme, essa será a recessão mais profunda da economia do País nos últimos 120 anos.
A queda mais próxima da estimativa do FMI ocorreu em 1990, quando o PIB recuou 4,4%. A expectativa da instituição internacional também é mais pessimista que os profissionais do mercado financeiro, que passaram a projetar um tombo de 6,5%, segundo o Boletim Focus divulgado na última segunda-feira (22).
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Além disso, o relatório World Economic Outlook apresenta uma piora na condição economômica global. Enquanto no mês passado a projeção era de uma queda de 3%, agora é esperado que o PIB mundial caia 4,9% neste ano.
“Pela primeira vez, projeta-se que todas as regiões experimentem um desempenho negativo (do PIB) em 2020. No entanto, existem diferenças substanciais entre as economias, refletindo a evolução da pandemia e a eficácia das estratégias de contenção”, informa o documento.
Para economias avançadas, como da Espanha (-12,8%), Itália (-12,8%) e França (-12,5%), a média da queda da economia será de 8%. Nos mercados emergentes, no entanto, o recuo será de 3%.
Segundo o economista-chefe do FMI, “a pandemia levou as economias para um grande lockdown, o que ajudou conter o vírus e salvar vidas, mas também desencadeou a pior recessão desde a Grande Depressão“.
Já a recuperação, a partir do ano que vem, apresentará um crescimento de 5,4% na economia global — em abril, a estimativa era de uma alta de 5,9%. O Brasil, para o Fundo, irá crescer 3,6% em 2021.
“Em 2021, projeta-se que a taxa de crescimento para os países emergentes e economias em desenvolvimento se fortaleça para 5,9%, refletindo amplamente a previsão de recuperação para a China (8,2%)”, disse o FMI.
FMI alerta para endividamento
O FMI também alertou para o endividamento dos países, elevado nas medidas de contenção da pandemia, trazendo uma piora fiscal em razão dos gastos públicos.
De acordo com a instituição, as medidas fiscais anunciadas pelos países já somam mais de US$ 10 trilhões, acima dos US$ 8 bilhões estimados há dois meses. Com essa flexibilização fiscal, o FMI projeta que a dívida bruta global deverá chegar a 101,5% do PIB em 2020.
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No caso do Brasil, a dívida bruta deverá alcançar 102,3% do PIB neste ano, caindo para 100,6% do PIB no ano que vem, segundo as estimativas do FMI.
PIB brasileiro caiu 1,5% no primeiro trimestre
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB brasileiro caiu 1,5% no primeiro trimestre de 2020 em relação ao trimestre anterior. Este resultado do PIB considera o desempenho da economia entre janeiro e março de 2020, sendo que a pandemia passou a impactar o País de forma mais acentuada em meados de março.
“Aconteceu no Brasil o mesmo que ocorreu em outros países afetados pela pandemia, que foi o recuo nos serviços direcionados às famílias devido ao fechamento dos estabelecimentos”, disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, a economia brasileira apresentou uma baixa de 0,3%. Dessa forma, o PIB está em um patamar similar ao registrado no segundo trimestre de 2012.