O otimismo com o crescimento econômico em 2021 segue aumentando, e as projeções do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) já alcançam a casa dos 5%, impulsionados por retornos positivos na temporada de balanços do primeiro trimestre.
A melhora das estimativas do PIB do Brasil decorre também dos efeitos da retomada global e do retorno mais rápido da mobilidade após decretos de isolamento. A onda pode ganhar amplitude com o resultado do PIB do primeiro trimestre, que será divulgado na próxima terça-feira (1º).
Na terça passada, o Banco Fibra inaugurou as revisões para 5,0% – anteriormente a previsão era de 4,0%. Ontem, o Itaú Unibanco (ITUB4) foi na mesma direção, informando também mudança na expectativa para o segundo trimestre, de queda de 0,1% para alta de 0,6%. Em 2020, o tombo do PIB brasileiro foi de 4,1%.
O Fibra citou em relatório a “resiliência” da economia frente à segunda onda de covid-19 no primeiro trimestre em um contexto de vacinação “pouco satisfatório”, que pode ser explicada, segundo o banco, pela taxa de juros real, recuperação do mercado de trabalho e cenário externo bastante favorável, além do câmbio depreciado favorecendo o setor externo.
O Itaú já vinha argumentando que a redução da taxa de poupança ante níveis extremamente elevados em 2020 e a retomada forte da economia global, impulsionando commodities, sustentavam a atividade, mesmo com a queda nos estímulos fiscais, favorecendo consumo e investimentos, respectivamente. “Há risco de novos recrudescimento da pandemia, mas avaliamos que o impacto econômico seria moderado, como verificado na segunda onda.”
Estudo avalia “despoupança”
O economista-chefe do ASA Investments, Gustavo Ribeiro, fez um estudo para avaliar o efeito da “despoupança” nos dados mais fortes do primeiro trimestre, mas a indicação é que o gasto dos recursos acumulados por precaução ou de forma circunstancial pelas famílias em 2020 foi mais rápido do que o esperado diante de um mercado de trabalho ainda fragilizado.
Logo depois dos dados setoriais de março, há cerca de duas semana, o ASA Investments já elevou a projeção para o PIB de 2021 de 2,6% para 4,5%.
Por outro lado, Ribeiro observou que ainda existem temores relacionados à pandemia, que podem retardar uma ampla abertura da economia.
O economista-chefe do Bradesco (BBDC4), Fernando Honorato, comentou em debate virtual no início desta semana que, se o PIB do primeiro trimestre confirmar o desempenho do IBC-Br, as projeções do mercado devem migrar de 4,0% a 4,5% para 4,5% a 5,0%, ou até acima.
O IBC-Br subiu 2,3% no primeiro trimestre ante o quarto trimestre, com ajuste sazonal, e 2,27% frente a igual período de 2020. O Bradesco, porém, só deve revisar oficialmente o cenário para o ano após o resultado do primeiro trimestre.
Mais cauteloso, o Santander (SANB4) revisou a projeção de 3,0% para 3,6%, também admitindo chances de alta. Segundo a economista-chefe, Ana Paula Vescovi, há dúvidas ainda sobre a “saída” da segunda onda da pandemia, uma vez que os indicadores da doença seguem em patamares ainda preocupantes.
No boletim Focus desta semana, a mediana das projeções do mercado financeiro para o PIB de 2021 subiu de 3,45% para 3,52%.
PIB dos EUA cresce a uma taxa anualizada de 6,4%
O PIB dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anualizada de 6,4% no primeiro trimestre de 2021, confirmando estimativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam crescimento de 6,6% no mesmo período. A revisão dos dados dos EUA foi divulgada nesta quinta-feira (27), pelo Departamento do Comércio do país.
Apenas os gastos com consumo, que respondem por cerca de 70% do PIB americano, saltaram 11,3% no primeiro trimestre deste ano. Originalmente, a alta havia sido calculada em 10,7%.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.