O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,0% no primeiro trimestre de 2022, comparado ao quarto trimestre de 2021, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo trimestre de 2021, o PIB apresentou crescimento de 1,7%. No acumulado nos quatro trimestres, terminados em março de 2022, o PIB cresceu 4,7%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se do terceiro resultado positivo, depois do recuo no segundo trimestre de 2021 (-0,2%). Em valores correntes, o PIB no primeiro trimestre de 2022 totalizou R$ 2,249 trilhões.
Com esse resultado, o PIB está 1,6% acima do patamar do quatro trimestre de 2019, período pré-pandemia, e 1,7% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do país, registrado no primeiro trimestre de 2014. O nível está próximo do registrado no primeiro trimestre de 2015.
No primeiro trimestre de 2022, a taxa de investimento foi de 18,7% do PIB, abaixo da observada no mesmo período de 2021 (19,7%).
O crescimento da economia foi puxado pela alta nos serviços (1,0%), que representam 70% do PIB do país.
“Dentro dos serviços, o maior crescimento foi de outros serviços, que tiveram alta de 2,2%, no trimestre, e comportam muitas atividades dos serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação. Muitas dessas atividades são presenciais e tiveram demanda reprimida durante a pandemia”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
O PIB ficou abaixo da mediana de 1,2% das projeções do mercado, cujo intervalo ia de 0,6% a 1,8%.
“O PIB veio levemente abaixo da expectativa do mercado. Olhando pelo lado negativo, temos muitos problemas nos próximos meses. E vemos um segundo semestre muito desafiador para a economia”, disse fundador da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, Marcelo Oliveira.
A equipe do BTG Pactual comenta: “Como surpresa positiva, destaque para o setor de Serviços, especialmente para os setores mais beneficiados pela melhora da situação pandêmica, como Comércio alta de 1,6% t/t, por exemplo. Em adição, o setor de Transportes mostrou avanço de 2,1% t/t/, refletindo a elevada demanda por transportes de carga e a retomada das viagens terrestres e aéreas.”
Os analistas acrescentam: “Ressaltamos mais uma leitura positiva para a Construção civil (0,8% t/t), melhor do que o esperado por nós, segmento que tem se mostrado resiliente frente à elevação da taxa de juros e ao aumento dos custos.”
O que se espera para os próximos resultados? “Para o 2T22, os dados antecedentes de sentimentos (sondagem do empresário) sinalizam mais um período forte, com melhora na percepção de situação atual e expectativas. Grande parte da melhora pode ser atribuída a introdução do Auxílio Brasil, melhora significativa do cenário pandêmico, estímulos fiscais e avaliação favorável com relação a demanda externa e os elevados preços das commodities. Nesse sentido, esperamos dados positivos do setor agropecuário na próxima leitura.”
Como ponto de atenção, o BTG destaca “os impactos da Taxa Selic em patamar bastante contracionista, a volatilidade percebida no período eleitoral e movimento mais duros na política monetária dos bancos centrais dos países desenvolvidos também podem provocar efeitos negativos sobre a atividade econômica.”
Para o banco internacional francês, o BNP Paribas o Brasil teve um bom desempenho econômico e com isso os especialistas revisaram para cima a expectativa do PIB para o final de 2022.
“Revisamos nossa projeção de PIB do Brasil para este ano para 1,5% (de -0,5%) para que reflita a economia do Brasil recuperação melhor. Apesar da transferência positiva para 2023, ainda esperamos 0% de crescimento no próximo ano.”
Veja a comparação com o PIB do 4T21
Na comparação com o PIB do Brasil no quarto trimestre de 2021 (4T21) houve queda na Agropecuária (-0,9%), estabilidade na Indústria (0,1%) e elevação dos Serviços (1,0%).
Dentre as atividades industriais, houve avanço nas seguintes atividades:
- Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (6,6%),
- Indústrias de Transformação (1,4%)
- Construção (0,8%).
O único desempenho negativo ocorreu nas Indústrias Extrativas (-3,4%).
Já nos Serviços, houve crescimentos nos seguintes segmentos:
- Outros serviços (2,2%),
- Transporte, armazenagem e correio (2,1%),
- Comércio (1,6%),
- Atividades imobiliárias (0,7%)
- Administração, saúde e educação pública (0,6%).
“Houve aumento do transporte de cargas, relacionado ao aumento do e-commerce no país nesse período, e do de passageiros, principalmente pelo aumento das viagens aéreas, outra demanda represada na pandemia”, avalia a pesquisadora.
Ocorreram quedas na Informação e comunicação (-5,3%) e na Intermediação financeira e seguros (-0,7%).
Consumo das famílias cresce 0,7%
O consumo das famílias cresceu 0,7% no primeiro trimestre, enquanto o do governo ficou estável (0,1%). “No consumo das famílias, a demanda também está relacionada aos serviços que são principalmente feitos de forma presencial, como as atividades ligadas a viagens”, conta Rebeca Palis.
Já os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) caíram 3,5%.
“Essa queda foi impactada pela diminuição na produção e importação de bens de capital, apesar de a construção ter crescido no período”, explica. No primeiro trimestre, a taxa de investimento foi de 18,7% do PIB, ficando abaixo da registrada no mesmo período do ano passado (19,7%).
PIB do Brasil fica em 9º lugar de ranking com 32 países, diz Austin Rating
O crescimento de 1,0% no PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2022 ante o trimestre anterior e de 1,7% ante igual período de 2021, fez o País figurar na 9ª posição em ranking internacional de desempenho da atividade econômica, desta vez com 32 países, compilado pela agência de classificação de risco Austin Rating.
Os dados do PIB brasileiro foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que anunciou nesta quinta-feira os resultados das Contas Nacionais Trimestrais.
O Brasil ficou à frente de países como Reino Unido, que experimentou alta de 0,8% no PIB do primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021; Coreia do Sul (0,8%), Suíça (0,5%), Alemanha (0,2%), França (-0,1%) e Japão (-0,3%) e Estados Unidos (-1,4%).
Além desses últimos países, também integram a lista de dez países com resultados negativos na margem trimestral a Itália (-0,2%), Israel (-0,4%), Suécia (-0,4%), Chile (-0,8%) e Noruega (-0,9%).
A liderança do ranking foi ocupada pelo Peru, que cresceu 2,0% ante trimestre anterior e 3,8% na comparação interanual, ou seja, na comparação com o primeiro trimestre de 2021. Em seguida, surge Filipinas (1,9% e 8,3%), Canadá (1,6% e 3,3%) e Taiwan (1,6% e 3,1%).
Os Estados Unidos ficaram apenas em 28º lugar, com recuo de 1,4% no PIB do primeiro trimestre desse ano ante o quarto trimestre de 2021, mas alta de 3,6% na comparação interanual. A China ficou em 5º lugar com alta de 1,3% na margem trimestral e 4,8% interanual.
A Rússia é a última colocada, em 32º lugar, sem ter informado a variação do PIB no primeiro trimestre de 2022, mas com avanço de 3,5% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Também sem ter informado o comportamento do PIB nos primeiros três meses do ano estão Arábia Saudita e Índia, que antecedem a Rússia por terem avançado 9,6% e 4,1% respectivamente na comparação com igual trimestre de 2021.
Com Estadão Conteúdo