O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre teve uma variação negativa de 0,1%, em relação aos três meses imediatamente anteriores. A informação foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta quarta-feira (1).
Em comparação ao mesmo trimestre do ano passado, quando a economia do Brasil já sofria os impactos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o PIB avançou 12,4%. A alta acumulada no primeiro semestre de 2021 é de 6,4%.
Em números correntes, o indicador, que consiste na soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, atingiu R$ 2,1 trilhões. Embora o resultado do período entre abril e junho tenha mostrado uma desaceleração na retomada, volta ao patamar do pré-pandemia, no fim de 2019.
Estimativas de economistas compiladas pela Refinitiv esperavam um avanço de 0,2% no PIB do Brasil no segundo trimestre.
Segundo o IBGE, o resultado mostra estabilidade e é a primeira variação negativa após três trimestres consecutivos de crescimento econômico.
Em comentário, Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse que PIB do segundo trimestre ficou abaixo das expectativas da corretora, acompanhando a mesma reação do mercado.
“Evidentemente, o resultado atribui um viés baixista para a nossa expectativa de crescimento de 4,6% em 2021. Estamos revisando o nosso número”, afirmou o economista.
Para o Boletim Focus, a economia brasileira crescerá 5,22% neste ano.
Agropecuária pesa sobre o PIB no segundo trimestre
Do lado negativo, o maior peso veio da agropecuária, que recuou 2,8%. A indústria também esteve entre as baixas, com queda de 0,2%.
Em contrapartida, os serviços avançaram 0,7%, com a flexibilização das restrições de mobilidade urbana.
“Apesar dos programas de auxílio do governo, do aumento do crédito a pessoas físicas e da melhora no mercado de trabalho, a massa salarial real vem caindo, afetada negativamente pelo aumento da inflação“, disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
“Os juros também começaram a subir. Isso impacta o consumo das famílias.”
Nesse sentido, pela ótica da despesa, o consumo das famílias registrou uma varização zerada, enquanto os investimentos recuaram 3,6%. Confira o PIB do segundo trimestre por grupos:
- Investimento (FBCF): -3,6%
- Agropecuária: -2,8%
- Importação: -0,6%
- Indústria: -0,2%
- Consumo das famílias: 0%
- Comércio: 0,5%
- Consumo do governo: 0,7%
- Serviços: 0,7%
- Exportação: 9,4%
“A agropecuária ficou negativa porque a safra do café entrou no cálculo. Isso teve um peso importante no segundo trimestre. A safra do café está na bienalidade negativa, que resulta numa retração expressiva da produção”, disse Palis.
Vale destacar, também, que o avanço de 9,4% na exportação de bens e serviços teve o melhor desempenho desde o primeiro trimestre de 2010. Do lado das exportações, o destaque fica com a soja, com preços favoráveis no período.
O PIB do terceiro trimestre será divulgado pelo IBGE no dia 2 de dezembro deste ano.