PIB do Brasil tem queda de 0,2% no primeiro trimestre, diz IBGE

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou uma retração de 0,2% no primeiro trimestre de 2019 em comparação ao quarto trimestre de 2018. Em valores, o total foi de R$ 1,714 trilhão. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

A retração do PIB é a primeira desde o último trimestre de 2016, quando registrou uma queda de 2,3%. Assim, os números estão de acordo com o esperado pelo mercado. Além disso, o registro mostra uma estagnação da economia e uma piora das expectativas para 2019.

Em comparação com os primeiros três meses de 2018, a alta no indicador é de 0,5%. Já no acumulado do ano até março, o avanço é de 0,9%.

Indústria extrativa puxa queda

De acordo com o instituto, o principal fator de influência foi a forte queda da indústria extrativa. Isso porque o setor recuou 6,3%, como reflexo do desastre do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG).

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“O incidente de Brumadinho e o consequente estado de alerta de outros sítios de mineração afetaram todo o setor”, explica a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Claudia Dionísio.

PIB 1º tri 2019
Resultados do PIB e da indústria extrativa.

O resultado também foi puxado pela queda no setor industrial, que caiu 0,7%. Além disso, também influenciou a retração de 0,5% na agropecuária. No segmento da indústria, os números foram:

Saiba Mais: Boletim Focus: previsão do PIB cai pela 13ª vez seguida e índice vai a 1,23%

  • de transformação: queda de 0,5%;
  • de construção: recuo de 2%.

Além disso, também houve retração no comércio (0,1%), e em transportes e armazenagem (0,6%). “Essas atividades dependem em grande parte da produção industrial e refletem sua performance no trimestre, que foi negativa para todas as categorias econômicas”, comenta Claudia.

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Em contrapartida, algumas atividades apresentaram um resultado positivo. Foram elas:

  • informação e comunicação: avanço de 0,3%;
  • e atividades financeiras: alta de 0,4%.

Já no segmento agropecuário, a variação negativa foi puxada principalmente pelos recuos em safras com grande importância, como a soja e o arroz. Sendo assim, cada uma caiu, respectivamente, 4,4% e 10,6% no trimestre. No entanto, os resultados positivos ficaram por conta do milho e da pecuária bovina.

O IBGE também divulgou que as exportações cresceram 1% no período em comparação com o primeiro trimestre de 2018. Por sua vez, as importações caíram 2,5%.

Consumo das famílias

O consumo das famílias apresentou uma alta de 1,3% no primeiro trimestre deste ano em relação ao do ano passado. Assim, para Cláudia, o fator foi definitivo nos números do PIB. Segundo a especialista, sem esse resultado, a retração poderia ter sido ainda maior.

“O consumo das famílias foi o pilar que sustentou o indicador no período. Poderia estar melhor, mas ainda temos uma taxa de desocupação alta e uma inflação que, mesmo controlada, ainda está num patamar mais alto”, afirma.

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Além disso, a Formação Bruta de Capital Fixo também teve alta. Com isso, o avanço foi de 0,9%. No mesmo sentido, as despesas de consumo do governo também cresceram a um percentual de 0,1.

Na comparação com o último trimestre do ano passado, os indicadores registraram:

  • Formação Bruta de Capital Fixo: queda de 1,7%;
  • consumo das famílias: avanço de 0,3%;
  • consumo do governo: alta de 0,4%;
  • exportações: queda de 1,9%;
  • importações: alta de 0,5%.

Previsões para o PIB anual

O resultado do PIB no começo do ano confirma as previsões do mercado. Isso porque na última segunda-feira (27), o Boletim Focus, do Banco Central, reduziu pela 13ª vez seguida a estimativa de crescimento em 2019. No início do ano, o projetado era 2,6%, agora está em 1,24%.

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Além disso, o Ministério da Economia também diminuiu a expectativa de crescimento do País para o ano. Desse modo, a projeção foi de 2% para 1,6%. No mesmo sentido, o Itaú havia previsto uma retração de 0,2% neste trimestre.

Saiba Mais: Itaú reduz projeção do PIB no 1T e prevê retração de 0,2%

De acordo com o economista chefe do banco, Mário Mesquita, a projeção estava de acordo com o “consenso atual” sobre o crescimento brasileiro. Para o ano, a instituição estima um PIB de 1%, caso a reforma da Previdência seja aprovada.

Beatriz Oliveira

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