O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode cair 6,5% neste ano por conta da crise, segundo analistas consultados para elaboração da Sondagem Econômica da América Latina, realizada pelo Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com o instituto alemão Ifo, divulgada nesta quinta-feira (20).
A queda projetada para a economia brasileira, caso venha a ser confirmada, seria inferior àquela prevista para o PIB da América Latina, de 7,7%, segundo analistas. A sondagem foi elaborada com entrevistas junto a 136 especialistas em 15 países da América Latina.
Por outro lado, a economista da FGV, Lia Valls, ressaltou que mesmo com as projeções de retração da economia menos acentuada do que a média da região, ainda há muita incerteza em relação à atividade econômica do Brasil.
A especialista destacou que o saldo do Indicador de Clima Econômico (ICE) do País ainda é negativo, de -60,9 pontos para -32 pontos, conforme sondagem feita para o segundo trimestre para a edição do relatório atual referente ao terceiro trimestre. O recuo foi estimulado principalmente por expectativas, e não pelo melhora da situação econômica brasileira, avaliou Valls
Em relação a dois sub-indicadores componentes do ICE, o saldo do Índice de Expectativas (IE) cresceu, de -22,7 pontos para um campo positivo, de 82,4 pontos do segundo trimestre para o terceiro trimestre. Em contrapartida, o Índice de Situação Atual (ISA) caiu, de -90,9 pontos para -100 pontos no período.
“Isso significa que todos os pesquisados responderam às questões de forma desfavorável, que todas as variáveis básicas econômicas ficaram pior na percepção deles”, afirmou a economista. Em uma lista de 10 países da América Latina, a maior distância entre os valores de ISA e IE se encontra no Brasil, com 182,4 pontos.
Governo responde melhor à economia do que à saúde
Além disso, segundo Valls, a sondagem apontou que os analistas entendem que houve um resposta melhor do governo federal em relação às questões econômicas durante a pandemia do coronavírus, com a concessão do auxílio emergencial de R$ 600,00 e outros programas, do que no que tange às questões sanitárias.
De acordo com a pesquisa, em uma escala de 0 a 50 pontos sendo resposta suficiente e entre 50 e 100 pontos em resposta insuficiente, as ações do governo para administrar a crise na economia e a queda do PIB, foi de 23,5 pontos; enquanto as medidas para lidar com o crise da saúde ficou em 70,6 pontos.