Em uma revisão de suas estimativas, o Bank of America (BofA) diminuiu a projeção de queda do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020. A atual estimativa é por um recuo de 5,7%, frente a anterior projeção de uma baixa de 7,7%.
Por meio de um relatório, divulgado nesta quarta-feira (29), os analistas David Beker e Ana Madeira mencionaram a melhora em dados econômicos e a gradual reabertura da atividade econômica no país. “Dados recentes reforçam que o pior em números da economia foi, provavelmente, em abril, com a atividade já mostrando melhora gradual na margem”, disseram, justificando a expectativa por uma queda menos intensa do PIB.
Para eles, os dados do comércio, com média móvel de três meses ajustada de forma sazonal, saíram de -6,1% em abril para -1,7% em maio. No caso da indústria, a atividade recuou 9,1% em abril e 7% em maio, ambos na comparação anualizada.
“No entanto, a recuperação no segundo semestre deve continuar gradual dada a deterioração do mercado de trabalho e os níveis de confiança, que permanecem baixos”, diz o relatório.
Mesmo assim, os especialistas do BofA ressaltam que a confiança da indústria, calculada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 13,8 pontos no mês passado — com dados não dessazonalizados. O indicador foi para 77,9 pontos.
A confiança do comércio cresceu 13 pontos, para 81,1, e do setor de serviços, avançou 9,4 pontos, indo a 69. Já a confiança do consumidor, por sua vez, que já tem os números referentes a julho, cresceu 6,9 pontos, para 78,3, e está 12,1 pontos inferior ao nível pré-crise, de acordo com o relatório.
Quanto à inflação, apesar de ter sido observada um aumento na margem nos últimos meses, o BofA salienta que os núcleos (medidas que tentam reduzir o efeito de itens mais voláteis) e o aumento dos preços em serviços prosseguem em linha com o esperado, devido ao elevado hiato do produto, o que deve manter o contexto inflacionário comportado.
“Notadamente, pressões altistas vieram, em geral, dos preços regulados – com a recuperação da gasolina e outros derivados – e da alimentação, cujos itens são mais voláteis na cesta”, afirmam os analistas. A instituição norte-americana espera uma inflação de 2% ao fim deste ano.
Indicadores mostram que PIB tem se recuperado, diz Campos Neto
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou, na última quarta-feira (22), que os indicadores tem demonstrado que a economia brasileira está se recuperando. De acordo com o executivo, a última estimativa da autoridade monetária para o PIB de 2020, de queda de 6,4%, “é pessimista”.
Em videoconferência feita pela jornal “Valor Econômico”, Campos Neto falou sobre uma possível recuperação rápida da economia, em um primeiro momento. “Tivemos uma queda muito abrupta e muito rápida da atividade econômica, por isso a tendência em um primeiro momento é de um retorno rápido também. Nos índices de confiança de alta frequência, já vemos uma recuperação grande”, disse o presidente do BC.
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Campos Neto também falou sobre dados de consumo de energia e arrecadação de tributos, que sinalizaram uma recuperação da economia a partir de junho, mas destacou que o 2º trimestre ainda é incerto. “É ele que vai ditar PIB este ano [número do segundo trimestre]. Desde o último Relatório de Inflação, os indicadores têm confirmado essa recuperação”, afirmou Campos Neto.