PetroRecôncavo (RECV3): ações sobem no Ibovespa; analistas destacam “escalada gradual de produção”
Na terça-feira (09), a PetroRecôncavo (RECV3) divulgou o resultado da atualização da certificação de reservas dos ativos Potiguar e Bahia. Para a XP, o relatório de certificação trouxe uma redução tanto na produção quanto no Capex para os anos iniciais. Nesta quarta-feira (10), as ações da companhia sobem 1,7% no Ibovespa, cotadas a R$ 22,17.
Durante o investor day, também realizado ontem, a companhia destacou seu foco na otimização de recursos durante toda a apresentação, enquanto a empresa também parece adotar uma visão cautelosa com relação a possíveis oportunidades de fusões e aquisições, preferindo aguardar oportunidades que atendam aos requisitos da empresa, informa a XP.
De modo geral, a XP avalia que a certificação e o Investor Day não trouxeram mudanças significativas para a tese de investimento da PetroRecôncavo. “Em comparação com a certificação antiga, o novo relatório prevê uma escalada mais gradual da produção. Esse ajuste levou a um deslocamento da curva de produção para a direita”, diz a research.
De acordo com a administração da RECV, um dos objetivos para isso foi ter maior controle dos custos, melhorar a eficiência e aproveitar os novos avanços tecnológicos ao longo do caminho. “Quanto às perspectivas de produção para o ano, a empresa disse que a nova certificação de reservas deve servir como meta”, comentam os analistas.
Além disso, PetroRecôncavo reavaliou os projetos anteriormente incluídos na certificação, e alguns foram migrados para o 3P (a empresa colocou um limite nos custos dos projetos de no máximo 22 USD/boe). Ainda assim, à medida que a empresa ganha mais eficiência e expertise na gestão de seus ativos, há potencial para que esses projetos sejam implementados.
PetroRecôncavo: produção aquém do esperado nos primeiros meses
Após uma recuperação promissora em janeiro, a produção da PetroRecôncavo ficou aquém das expectativas nos meses seguintes. A interrupção temporária da produção no Rio Grande do Norte por 10 dias resultou em problemas de produtividade, com um aumento no percentual de poços com falhas. Além disso, as chuvas acima do esperado na Bahia e no Rio Grande do Norte também impactaram a produção.
Para enfrentar esses desafios, segundo a XP, a PetroRecôncavo apresentou planos para tornar a empresa mais resiliente e com maior confiabilidade operacional. Isso inclui melhorias na confiabilidade elétrica para suportar eventos climáticos extremos, aumento da capacidade de escoamento de petróleo por rodovia e no midstream, aumento da capacidade de processamento de gás e redução de custos.
Em relação ao projeto da UPGN em Potiguar, a empresa mencionou que continuará estudando sua viabilidade, embora reconheça que essa não é a solução ideal para o setor como um todo.
Em relação ao mercado de gás, a PetroRecôncavo afirmou sua posição, prevendo que o mercado brasileiro deve continuar a espelhar sua dinâmica histórica, com preços atrelados ao Brent.
“Além disso, a empresa enfatiza a importância do gás, especialmente como uma fonte de energia suplementar em meio à evolução do Brasil em direção à energia renovável, destacando o apelo do gás por sua confiabilidade e pegada de carbono reduzida”, conclui a XP.
XP e Safra projetam cenário melhor em 2024
A PetroRecôncavo registrou um lucro líquido de R$ 186,6 milhões no 4T23, queda de 54% em relação ao mesmo intervalo do ano passado. Para os analistas, o resultado veio abaixo das expectativas, impactado pelas manutenções que tomaram quase um mês no ativo Potiguar.
De acordo com a empresa, os problemas de escoamento e restrição de produção no Rio Grande do Norte resultaram em um efeito total estimado de R$171 milhões de perda de Ebtida (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Neste caso, o fluxo de caixa livre da PetroRecôncavo foi negativo em R$ 100 milhões. No entanto, segundo a XP Investimentos, se fosse excluído o valor a pagar por aquisições, seria próximo de zero.
“Olhando de um ponto de vista normalizado, considerando que R$ 170 milhões de Ebitda potencial foram perdidos, e se 100% desse valor fosse convertido em fluxo de caixa livre, teríamos um yield anualizado de fluxo de caixa livre de 10%”, afirma a XP.
Além disso, entre os principais desvios em relação às expectativas da XP estão o lifting costs mais altos do que o esperado (US$ 14,3/boe), despesas (principalmente devido a maiores despesas de vendas), e preços líquidos de gás mais baixos do que o esperado.
A XP acredita que, retirando as restrições de produção em janeiro, a PetroRecôncavo está agora pronta para capitalizar totalmente seus ativos em 2024. Dessa forma, a casa recomenda compra das ações RECV3.
Para o Safra, olhando para frente, os problemas com a infraestrutura no estado do Rio Grande do Norte parecem ter sido resolvidos e, juntamente com o esperado início das operações da planta de tratamento de gás na Bahia, deverão ter um impacto favorável nos ganhos.
PetroRecôncavo: Genial e Goldman Sachs mantêm recomendação neutra para ações
A Genial Investimentos afirmou que o fluxo de caixa seguiu pressionado com investimentos ainda expressivos no trimestre. A empresa gerou R$ 308 milhões de fluxo de caixa operacional e investiu outros R$ 113 milhões com arrendamentos e aquisições.
A Research avalia que, apesar de qualquer eventual volatilidade que o papel venha a sofrer, o grande evento para o case continua sendo o seu respectivo processo de fusão com a 3R Petroleum (RRRP3).
A Genial tem recomendação de manter para os papéis da PetroRecôncavo, com preço-alvo de R$ 29.
O Sachs também avalia que a PetroRecôncavo teve um resultado financeiro abaixo do esperado, em parte devido a eventos não usuais e fora do controle dela. O banco permanece neutro, com preço-alvo de R$ 26.
Desempenho anual da PetroRecôncavo
Cotação RECV3