Petróleo abre semana em queda, apesar de temor após ataque do Irã contra Israel
Apesar do temor de uma escalada do preço do petróleo após a ofensiva do Irã contra Israel no sábado (13), as cotações do produto começam a semana sem sobressaltos.
Na manhã desta segunda-feira (15), por volta das 8h55 (horário de Brasília), operavam em baixa o barril do óleo tipo Brent, com recuo de 0,75%, cotado a US$ 89,77, enquanto o óleo tipo WTI caía 0,77%, com preço de US$ 85,00.
Em relatório divulgado nesta segunda-feira, o banco australiano ANZ disse que não esperava uma reação imediata nos preços do petróleo após o ataque do Irã a Israel, considerando que o prêmio de risco geopolítico já estava “elevado”. Com isso, a instituição mantém o preço-alvo para o barril do Brent no curto prazo em US$ 95.
“Esperamos que a reação inicial dos mercados petrolíferos seja moderada. O ataque foi bem telegrafado e parecia planejado para infligir danos mínimos. O Irã também deixou claro que considera que se trata do fim do atual ciclo de escalada”, escreveu o banco australiano, alertando que uma continuação do conflito dependerá da resposta de Israel. “Só num caso extremo vemos que isso terá um impacto realista nos mercados petrolíferos.”
O ANZ acrescenta que, mesmo que o fornecimento de petróleo do Irã seja interrompido, a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) reiterou recentemente a sua política de abastecimento, o que a deixa com capacidade ociosa e possibilidade de responder a uma eventual quebra no abastecimento.
Risco geopolítico
Apesar da reação imediata relativamente calma do mercado de petróleo, a consultoria de energia norueguesa Rystad Energy avaliou neste domingo (14) que o ataque do Irã contra Israel aumentou drasticamente o risco geopolítico envolvendo esse mercado. A instituição destacou que na semana passada os preços da commodity já estavam em níveis 10% acima do valor justo, que considera apenas fatores econômicos e que estaria em US$ 84 o barril.
O índice de Risco Geopolítico desenvolvido pela Rystad Energy já vinha crescendo, alcançando 1,22 na primeira semana de abril. Na segunda semana, que encerrou no sábado, 13, o indicador foi para 1,35, o nível mais elevado desde o início de 2024.
“Ao focar apenas nos dias 13 e 14 de abril, até 14h do Reino Unido, o Índice de Risco Geopolítico saltou ainda mais para 1,41”, disse a consultoria.
Uma possível interpretação dos acontecimentos recentes sugere que as ações do Irã foram uma “retaliação medida” contra a ofensiva registrada em Damasco, na Síria, atribuída a Israel, embora o país não tenha reivindicado o ataque, afirmou a Rystad. A consultoria acrescentou que a representação do país islâmico na Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o assunto como encerrado, sinalizando que não haverá mais ações.
Conforme destacou a consultoria, há incerteza sobre qual será a resposta das forças de Israel. Vários cenários são considerados neste contexto.
“O resultado mais favorável seria a redução das tensões, com os Estados Unidos desempenhando um papel crucial”, afirmou a consultoria, apontando o envolvimento direto do presidente americano Joe Biden em conjunto com o G7. Ainda assim, é improvável que o prêmio de risco geopolítico caia para os patamares anteriores a 1º de abril sem sinalizações mais consistentes.
Na pior hipótese, uma retaliação vigorosa partindo de Israel poderia desencadear a escalada de um conflito sem precedentes. “Sob tais circunstâncias, os prêmios geopolíticos aumentariam significativamente”, apontou a consultoria, acrescentando que se os EUA aplicarem novas sanções ao Irã podem afetar ainda mais os preços do petróleo no mercado global, aumentando as pressões econômicas existentes.
*Com informações de Estadão Conteúdo