Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda nesta sexta, 1º, em sessão marcada pela volatilidade. O foco do mercado nesta sexta-feira foi a liberação de reservas estratégicas da Agência Internacional de Energia (AIE). A medida dá mais fôlego para a oferta do óleo, recentemente pressionada pela guerra na Ucrânia e pelas consequentes sanções à Rússia.
O contrato do petróleo WTI para maio fechou em baixa de 1,01% (US$ 1,01), a US$ 99,27 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e na semana teve queda de 13,8%. Enquanto isso, o petróleo Brent para junho recuou 0,31% (US$ 0,32), a US$ 104,39 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), tendo queda semanal de 11,0%.
Na madrugada, o petróleo já operava em baixa, ampliando robustas perdas da sessão anterior, enquanto operadores aguardavam a reunião da AIE para decidir sobre a liberação de mais óleo de suas reservas estratégicas. Voláteis, os contratos futuros ganharam fôlego depois que o presidente americano, Joe Biden, confirmou essa liberação e, mais tarde, voltaram a cair com a confirmação pela AIE. De acordo com a agência, houve um acordo entre seus 31 membros, “em resposta à turbulência no mercado causada pela invasão russa da Ucrânia”. A entidade diz que detalhes serão tornados públicos apenas no início da próxima semana.
De acordo com Edward Moya, da Oanda, as liberações de estoques não terão um impacto duradouro nos preços do petróleo, “portanto, se os riscos geopolíticos continuarem a se intensificar, o petróleo se recuperará mais das perdas desta semana”. Para a Capital Economics, os riscos negativos para os preços das commodities estão aumentando. “A guerra em curso na Ucrânia e a incerteza associada que paira sobre os mercados de commodities provavelmente impedirão que os preços encontrem uma direção clara em breve. No entanto, supondo que a incerteza relacionada à guerra comece a diminuir um pouco nos próximos meses, acreditamos que uma recuperação na oferta reduzirá muito os preços até o final do ano”, destacou, em relatório enviado a clientes.
Em segundo plano, o mercado acompanhou a divulgação do número de poços e plataformas de petróleo nos Estados Unidos, que avançou dois na última semana, a 533, segundo a Baker Hughes, companhia que presta serviços no setor.
AIE confirma nova liberação de reservas de petróleo
A Agência Internacional de Energia (AIE) informou em comunicado divulgado nesta sexta-feira que houve um acordo entre seus 31 membros para uma nova liberação de reservas de petróleo, “em resposta à turbulência no mercado causada pela invasão russa da Ucrânia”. A entidade diz que detalhes sobre essa liberação serão tornados públicos apenas no início da próxima semana.
A AIE tem um “compromisso forte e unificado para estabilizar os mercados globais de energia”, diz o texto, após reunião extraordinária do conselho da entidade, em nível ministerial, presidida pela secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm.
No mês passado, a AIE já havia concordado em liberar um total de 62,7 milhões de barris das reservas de seus membros, lembra a própria entidade na nota. Nesta sexta, os ministros reiteraram sua preocupação com os impactos na segurança energética diante das ações da Rússia e demonstraram apoio às sanções impostas por causa da invasão militar na Ucrânia.
Os ministros expressaram sua solidariedade com o povo ucraniano e o conselho da AIE encorajou seus membros a apoiar a Ucrânia com o envio de derivados de petróleo. A guerra russa “continua a colocar pressão significativa sobre os mercados globais de petróleo”, aponta a AIE, o que aumenta a volatilidade dos preços. Os ministros “também notaram as dificuldades em particular nos mercados de diesel”.
A AIE lembra que seus estoques emergenciais totalizam 1,5 bilhão de barris, somando todos os membros. O acordo desta sexta representa a quinta vez que ela lança mão desses estoques, com ações anteriores em 1991, 2005, 2011 e em 1º de março do ano atual.
A perspectiva de problemas em larga escala na produção de petróleo russo ameaça criar um “choque global na oferta de petróleo”, diz a AIE, destacando o papel importante do país nos mercados de energia, como o terceiro maior produtor global de petróleo e o maior exportador.
Os ministros também discutiram a dependência “significativa” da Europa do gás natural russo. Foi ainda tratado o tema de como avançar nas transições para energia limpa, diz a AIE. Ela afirma, por fim, que continuará a “monitorar de perto” os mercados de petróleo e gás.
Com Estadão Conteúdo