Os contratos futuros de petróleo subiam logo cedo, depois chegaram a inverter o sinal, mas ainda reagiram e marcaram ganhos nesta terça-feira, 17. A commodity mostrou volatilidade, com viés inicial negativo após a notícia de que, segundo a Rússia, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) poderia reduzir sua oferta em 2024, caso se mantenha o quadro de déficit na oferta.
O petróleo WTI para dezembro fechou em alta de 0,21% (US$ 0,18), a US$ 85,44 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o petróleo Brent para o mesmo mês avançou 0,28% (US$ 0,25), a US$ 89,90 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
Na sessão da segunda-feira, a notícia de que os Estados Unidos poderiam moderar sanções contra a Venezuela, permitindo que o país exporte mais, levou os contratos a recuar pouco mais de 1%. Nesta terça, houve recuperação em parte do dia, mas o fôlego foi curto.
A Rystad Energy avalia que um potencial acordo com a Venezuela poderia levar a um aumento na oferta de 200 mil barris de petróleo por dia (bpd) pelo país. O avanço poderia ser visto em 2024, mas o quadro é contido pela falta de investimentos recente no setor, pondera a consultoria.
Nesta terça, a notícia da Rússia esteve em foco. A Eurasia, porém, considera, em relatório a clientes, que a perspectiva global fraca em 2024 deve fazer a Opep+ continuar a segurar sua oferta bem entrado o próximo ano, a fim de impedir o excesso de óleo no mercado.
A Spartan Capital, por sua vez, afirma que um eventual acordo com a Venezuela poderia ser um “escudo” para os preços caso ocorra forte alta diante do conflito no Oriente Médio.
O conflito em Israel e Gaza, com possível envolvimento do Irã, poderia levar a mais sanções contra o petróleo iraniano, e esse prêmio de risco tende a apoiar os preços.
Petróleo: FMI projeta preço médio do barril a US$ 80,5 no final de 2023
O preço do barril de petróleo deve terminar o ano em uma média de R$ 80,5, projetou o Fundo Monetário Internacional (FMI). A instituição acredita que a commodity deve seguir caindo até uma média de US$ 72,7 no ano de 2026, diz o Fundo no Relatório Perspectiva Econômica Mundial.
Segundo análise do fundo, as restrições à oferta do petróleo estão segurando os preços de caírem mais, enquanto seguem em níveis ainda muito inferiores em relação a um ano atrás.
Quanto aos metais básicos, a expectativa é que os preços continuem a recuar, influenciados por uma queda na demanda global, sobretudo no setor de construção chinês. A projeção do FMI é que os preços dos metais básicos caiam em média 4,7% em 2023 e 7,1% em 2024.
Para a instituição, a projeção é que os preços de gás natural liquefeito (GNL) sigam caindo até um ponto de equilíbrio, já que houve redução da demanda enquanto países aumentavam suas reservas.
Conflito entre Israel e Hamas não é o principal fator de preocupação do mercado de petróleo, diz StoneX
A situação de guerra entre Israel e o Hamas segue indefinida e não é atualmente o principal fator de preocupação do mercado de petróleo, avalia o analista de Inteligência de Mercado para Petróleo da StoneX, Bruno Cordeiro. A alta da commodity, explica, se deve a outros fatores como a primeira sanção dos Estados Unidos ao petróleo russo e à revisão para cima de uma possível queda de estoques no quarto trimestre.
“Pela primeira vez, os Estados Unidos aplicaram sanção a um navio tanque russo com petróleo acima de US$ 60 o barril, e isso traz muita preocupação porque a Rússia é um grande player global por ser principal fornecedor de petróleo para a China e a Índia”, diz Cordeiro. “Há impactos na produção e na exportação russa, conforme os Estados Unidos e o G7 se mobilizam para aplicar essas sanções”, ressalta.
Bruno Cordeiro lembra que a Rússia é a segunda maior produtora mundial de petróleo e também tem relevância por ser grande exportadora.
Opep
O analista destaca que a própria Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) revisou para cima a queda dos estoques globais de petróleo no último trimestre de 2023.
“No relatório mensal da Opep, eles revisaram para cima a perspectivas de queda de estoques para o quarto trimestre do ano, uma redução próxima a 3 milhões de barris dos estoques globais de petróleo, e isso traz um receio porque evidencia que a própria Opep espera um mercado deficitário para o quarto trimestre do ano”, explica.
*Com informações da Dow Jones Newswires
Com Estadão Conteúdo