Petróleo fecha em baixa, com possível alívio das sanções à Venezuela; investidores monitoram desdobramento da guerra
O petróleo fechou em queda, em meio às especulações de que os EUA poderão retirar sanções ao setor petrolífero da Venezuela, potencialmente ampliando a oferta global. O movimento, entretanto, corrige apenas marginalmente os ganhos de 5% da sessão passada relacionados à guerra no Oriente Médio, monitorada atentamente pelos mercados.
O petróleo WTI para novembro fechou em baixa de 1,17% (US$ 1,03), a US$ 86,66 o barril. O petróleo Brent para dezembro caiu 1,36% (US$ 1,24), a US$ 89,65 o barril.
Os governos americano e venezuelano estão negociando um acordo que resultaria no alívio das sanções ao petróleo da Venezuela, reportou hoje o The Washington Post, citando fontes. O acordo incluirá compromissos do governo socialista para permitir uma eleição presidencial mais livre e competitiva no próximo ano, segundo o jornal.
A notícia pressionou os preços da commodity, à medida que gera expectativas de um balanço menos apertado, com essa possível retomada da produção venezuelana, explicou o analista de Inteligência de Mercado da StoneX para petróleo Bruno Cordeiro. “O mercado segue olhando de forma especulativa para isso como fator positivo para oferta e, portanto, baixista para os preços”, comentou.
Para a Capital Economics, no entanto, o alívio nas sanções não teria um efeito material no déficit do mercado de petróleo global no curto prazo. Seria um longo caminho até que a Venezuela conseguisse elevar sua produção dos níveis atuais bastante deprimidos, disse a consultoria em relatório. “O setor venezuelano requer um investimento enorme para retomar a produção aos patamares vistos uma década atrás”, afirmou.
A guerra entre Israel e Hamas também continua sendo um risco acompanhado, já que a ameaça de uma ampliação do conflito a produtores de petróleo relevantes foi o principal fator que impulsionou a cotação na semana passada.
Também no radar, o setor observou neste pregão a queda da produção bruta global de petróleo a mínimas de 22 meses, puxada por Arábia Saudita, Estados Unidos e Noruega, segundo atualização da Iniciativa Conjunta de Dados das Organizações (Jodi, pela sigla em inglês). Já a demanda por petróleo se recuperou globalmente em agosto para um valor recorde sazonal, apoiado por China, Indonésia, EUA e Arábia Saudita.
Conflito entre Israel e Hamas não é o principal fator de preocupação do mercado, diz StoneX
A situação de guerra entre Israel e o Hamas segue indefinida e não é atualmente o principal fator de preocupação do mercado de petróleo, avalia o analista de Inteligência de Mercado para Petróleo da StoneX, Bruno Cordeiro. A alta da commodity, explica, se deve a outros fatores como a primeira sanção dos Estados Unidos ao petróleo russo e à revisão para cima de uma possível queda de estoques no quarto trimestre.
“Pela primeira vez, os Estados Unidos aplicaram sanção a um navio tanque russo com petróleo acima de US$ 60 o barril, e isso traz muita preocupação porque a Rússia é um grande player global por ser principal fornecedor de petróleo para a China e a Índia”, diz Cordeiro. “Há impactos na produção e na exportação russa, conforme os Estados Unidos e o G7 se mobilizam para aplicar essas sanções”, ressalta.
Bruno Cordeiro lembra que a Rússia é a segunda maior produtora mundial de petróleo e também tem relevância por ser grande exportadora.
Com Estadão Conteúdo