A petroleira britânica BP divulgou nessa segunda-feira (14) o estudo ‘Energy Outlook 2020’ apontando que a era de contínuo avanço da demanda por petróleo chegou ao fim e também apontou que há a possibilidade do consumo da commoditie nunca mais voltar aos níveis pré-crise causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
A companhia destaca que a transição ecológica deve levar a uma queda no consumo de combustíveis fósseis. Nesse sentido, a BP estima que a demanda por petróleo fique ‘amplamente estável’ pelos próximos 20 anos, segundo o relatório, no melhor cenário previsto.
“As renováveis vão penetrar mais rápido [na matriz mundial] do que qualquer combustível na história moderna”, destacou Spencer Dale, o economista-chefe da BP, durante a apresentação do documento.
Em contrapartida, pessoas importantes do setor petrolífero projetam que o consumo da commoditie deve continuar avançando por décadas.
Contudo, o atual CEO da BP, Bernard Looney, por sua vez, considera que devido a pandemia de Covid-19, bem como mudanças comportamentais duradouras por parte dos consumidores, o consumo do ouro negro já atingiu seu auge.
“A demanda por combustíveis líquidos nos cenários ‘rapid’ e ‘net zero’ [os dois em que a transição energética ocorre de forma mais acelerada] nunca se recupera totalmente da queda causada pela covid-19, implicando no fato de que a demanda por petróleo atingiu o pico em 2019 em ambos os cenários”, destaca o relatório.
Comparando dois cenários diferentes, as previsões da petrolífera britânica destacam que poderá ser observado um resumo de 50% até 80% no consumo do óleo até 2050. Além disso, o relatório salienta que a procura pela commoditie se estabilizaria em 100 milhões de barris por dia durante as próximas duas décadas, em um cenário normal.
Cabe ressaltar que Looney afirmou em meados de agosto que cortaria em 40% a produção da commoditie nos próximos 10 anos e criaria uma das maiores empresas de energia renovável.
Opep aumenta estimativa de queda na demanda por petróleo
Além da BP, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) alterou, neste segunda-feira, sua previsão para a contração da demanda mundial pela commodity neste ano e estimou que a recuperação em 2021 será mais lenta do que o esperado anteriormente.
Segundo o relatório mensal divulgado, o consumo geral em 2020 deve cair 9,5 milhões de barris por dia (bpd), 400 mil bpd maior em comparação a agosto (9,1 milhões de bpd), chegando a uma média de 90,2 milhões de bpd. Para o ano que vem, a expectativa da Opep é de expansão de 6,6 milhões de bpd, aproximadamente de 400 mil abaixo da projeção do documento do mês passado, para uma média de 96,9 milhões de bpd.
A mudança na estimativa para este ano é resultado de uma alteração para cima (100 mil bpd) da estimativa do uso de petróleo pelos países que integram parte da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A queda da demanda durante o segundo trimestre deste ano, quando o Ocidente atingido de forma mais intensa pela pandemia do novo coronavírus, foi menor do que o esperado.