O petróleo fechou em alta nesta quarta-feira (14), com recuperação parcial das perdas registradas da sessão de ontem, na esteira da inflação ao consumidor acima do esperado nos Estados Unidos.
Com o enfraquecimento do dólar ante rivais, a alta além do previsto nos estoques de petróleo norte-americano e corte de projeção na demanda da Agência Internacional de Energia (AIE) ficaram em segundo plano.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega para outubro subiu 1,31% (US$ 1,17), a US$ 88,48, e o do Brent para novembro avançou 1,0% (US$ 0,93), a US$ 94,10, na Intercontinental Exchange (ICE).
“O mercado de petróleo parece que ainda vai permanecer apertado, apesar de alguns dos números de enfraquecimento da demanda que o relatório de estoque de petróleo bruto da AIE está nos dizendo”, avalia o analista da Oanda, Edward Moya.
Em relatório publicado hoje, a agência observou que a queda na demanda pelo óleo na China, em meio aos surtos de covid-19, tem se sobreposto ao consumo robusto em outros países. A AIE revisou para baixo sua projeção para a demanda chinesa por petróleo em 2022 em 400 mil barris por dia (bpd), a 15 milhões de bpd, 420 mil bpd a menos do que no ano anterior. Para 2023, a agência prevê 300 mil bpd, a 16 milhões de bpd.
Os ativos desaceleraram alta após o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) informar que os estoques do petróleo subiram em 2 milhões de barris na semana, ante expectativa de alta de 1 milhão de barris. Já os de gasolina caíram em 1,7 milhão, contra previsão de recuo de 600 mil, e os de destilados saltaram 4 milhões, ante previsão de aumento de 100 mil barris.
Mesmo com a alta do petróleo de hoje, “os investidores ainda absorvem as expectativas quanto à fraqueza da economia chinesa, o aumento semanal dos estoques nos EUA e as atuais menores expectativas quanto ao crescimento global”, afirma a equipe de Research da Ativa Investimentos.
“A agência internacional de energia dos EUA reforçou que espera que a demanda por petróleo bruto entre outubro de 2022 e março de 2023 seja o dobro da verificada no ano passado em função da expectativa por maior migração de gás para óleo diante da conjuntura atual, o que deve pressionar os estoques de petróleo e fortalece os preços na sessão de hoje”, apontam os analistas.
Em relação aos estoques, apesar de crescimento pela segunda semana consecutiva de 2,4 milhões de barris nos EUA, os estoques globais caíram 25,6 milhões de barris em julho, o que também colaborou para os ganhos no pregão. “Esperamos ainda que, ao término do processo de liberação de reservas estratégicas por parte do governo americano, o que deve ocorrer no final do mês que vem, verifiquemos novamente os estoques americanos adentrando uma trajetória negativa”, diz a nota da Ativa.
Os analistas ressaltam que as dúvidas quanto a uma greve ferroviária nos EUA também podem manter os preços sustentados ao longo dos próximos dias e também contribuem para os ganhos visualizados na sessão.
Resumidamente, a Ativa vê fundamentos para que os preços internacionais do petróleo não se descolem dos atuais parâmetros ao longo dos próximos meses.
(Com informações do Estadão Conteúdo)