Petrobras (PETR4): Como será 2024 para quem investe na estatal?

Ao longo de 2023, a Petrobras (PETR4) viu as ações quase dobrarem de preço. Começando janeiro a R$ 17,90, os papeis da petroleira estatal chegam neste fim de ano na casa dos R$ 34,30, um crescimento de 91%.

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Além disso, os acionistas lucraram nos últimos 12 meses com um dividend yield (DY) de 21,11%, classificando-a uma das melhores pagadoras de dividendos listadas na bolsa de valores brasileira.

Apesar dos últimos meses de aparente prosperidade, o mercado recentemente vem sinalizando alguns pontos de alerta que podem ser negativos aos investidores da estatal.

Um deles foi o lucro mais enxuto que a companhia apresentou no terceiro trimestre de 2023 (contabilizado até setembro). Ao todo, no 3T23 o lucro líquido da Petrobras (PETR4) foi de R$ 26,625 bilhões, uma queda de 42,2% na comparação com o mesmo trimestre de 2022 e 7,5% menor do que o resultado do 2T23.

Outro fator que também preocupa os investidores da Petrobras são as mudanças na política de dividendos, além dos investimentos mais recentes da petroleira, que não foram bem recebidos por alguns especialistas no assunto.

Para entender um pouco do panorama em que a companhia adentra o próximo ano e quais as expectativas para quem planeja investir em Petrobras em 2024, segue 4 pontos para ficar atento:

  1. Queda no lucro da empresa;
  2. Expectativas para os dividendos de Petrobras em 2024;
  3. Investimentos da estatal que desagradam o mercado;
  4. Comprar ou vender Petrobras (PETR4)?

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1. Lucro da Petrobras (PETR4) em queda e relação com preço do barril de petróleo

O analista CNPI da Suno Research, João Daronco, é cauteloso quanto à virada de ano para PETR4. “O preço do barril de petróleo em queda impacta o lucro da Petrobras e impacta os dividendos. A gente deve começar o ano em um cenário mais desafiador do que foi em 2023, que já foi mais difícil do que em 2022″, alerta.

Sobre o preço dos combustíveis, Daronco ressalta o contexto econômico mundial em que a petroleira está inserida: a pressão econômica sobre grandes economias, como Estados Unidos e China, espremem o consumo de energia, o que significa uma menor demanda e a queda de preços.

“Em meio a conflitos bélicos, o preço do petróleo Brent deveria subir, porque a oferta é menor. Mas como o consumo de energia – e consequentemente de petróleo – está associado à atividade do mundo, não é o que acontece,” explica João Daronco, analista da Suno Research.

Daniel Cobucci, analista do BB Investimentos, tem uma análise parecida quanto ao preço da commodity: “No curto prazo, nossa avaliação é de que os preços de petróleo devem seguir pressionados, no contexto de um corte menor do que o esperado na produção de países membros da Opep+ e de uma demanda menor do que o esperado, principalmente na China.”

Ele ressalta, entretanto, que a Petrobras “acerta”, sem transmitir a volatilidade internacional. “[Petrobras] conseguiu manter uma janela de importação, ao mesmo tempo em que subiu fortemente a capacidade de utilização do parque de refino”, o que segundo o analista aumenta a participação de mercado e maximiza os resultados no setor. Em comparação, Combucci pontua que a política da companhia antes era de redução na capacidade de refino, o que permitia um maior nível de importação com maiores preços.

2. Expectativa alta para dividendos deve se concretizar?

Em relatório publicado na semana passada, o BTG Pactual (BPAC11) apontou que a queda na estimativa de dividendos da Petrobras (PETR4) não é uma grande preocupação para seus analistas. O banco destacou que a redução projetada de 55% nos dividendos, com base no Projeto de Lei (PL) para as diretrizes orçamentárias de 2024, não é necessariamente um sinal de enxugamento nos pagamentos.

Segundo a publicação, a reação negativa precificada nas ações de PETR4 pelo mercado poderia ser uma oportunidade de entrada nos papeis.

Na semana passada, as ações da Petrobras chegaram a derreter 3,83% em dois pregões, com a percepção pessimista para a nova política de dividendos da estatal.

Em linha com o acontecimento, Daronco, da Suno Research, antecipa um cenário de dividendos inicialmente menores em 2024, se comparados a 2023, dado que, estrategicamente, o capital da Petrobras empregado em investimentos reduz a fatia que sobra para a distribuição dos lucros.

O analista do BBI, por sua vez, defende que a distribuição de 45% do fluxo de caixa livre (FCL) está alinhada com as práticas de outras companhias globais do mesmo setor e tem uma taxa de distribuição que o banco enxerga como razoável.

“No nosso modelo, projetamos uma distribuição de 41,4% do lucro líquido 2024. E (que estimamos em R$ 136,6 bilhões), considerando a fórmula atual de distribuição de 45% do FCL. Isso deve resultar em uma distribuição de R$ 3,84 por ação para 2023 (yield de ~11,2%) e R$ 3,97 por ação para 2024 (yield de 11,6%),” calcula Cobucci, sem somar uma distribuição extraordinária de dividendos que considera provável.

3. Investimentos da estatal desagradaram o mercado?

As perspectivas para os investimentos da Petrobras em 2024 tem doses moderadas de otimismo em face a um cenário ainda desafiador.

Para os analistas do BTG, os últimos meses revelaram uma mudança significativa na estratégia da estatal, com impactos que podem ser insuficientes para a criação de valor a longo prazo. Analisando o Capex (despesas de capital) da Petrobras, o dado ficou 17% abaixo da orientação, “o que levou a uma maior geração de caixa e distribuições mais significativas [de dividendos]”, afirma o relatório do BTG.

No entanto, o banco alerta para a possibilidade da petroleira adotar alguns posicionamentos mais pragmáticos no curto prazo, optando por não pagar dividendos acima do valor de caixa gerado.

Para Daronco, alguns dos investimentos da companhia colocam os dividendos da Petrobras em risco de redução, visto que o resultado deles deverá demorar mais tempo para ser rentabilizado.

“Alguns investimentos são bons em um consenso, como aqueles em foco na exploração e produção da Petrobras. Outros são mais questionáveis, como nas refinarias, pois demandam um tempo pra maturar e o resultado de um investimento desses em 2024 só é visto em 2027″, contrasta Daronco. Na visão da casa, o capital destinado a exploração e produção traz resultados mais explícitos e em um intervalo de tempo menor, pois visam reduzir o custo da extração, melhorar margens e aumentar lucros.

O analista do BBI acredita que a Petrobras tem buscado um equilíbrio bem-sucedido entre os interesses dos diversos stakeholders e destaca a continuidade do foco no pré-sal, a manutenção da meta de endividamento abaixo de US$ 65 bilhões e a política de distribuir 45% do fluxo de caixa livre.

“O aumento em investimentos em energias de menor pegada de carbono é algo que as ‘majors’ do setor também têm feito, e certamente é um ponto de atenção tanto para execução, quanto para eventuais mudanças na alocação de capital/retornos,” destaca Cobucci.

O BBI destaca ainda que as mudanças na política de preços e dividendos ao longo do ano trouxeram alívio aos investidores, que receavam alterações menos favoráveis.

“As mudanças aprovadas ao longo deste ano para a nova política de preços e política de dividendos também trouxeram alívio aos investidores, que tinham receio de alterações menos favoráveis”, afirma analista do BB Investimentos, Daniel Cobucci.

4. 2024 batendo na porta: É hora de comprar ações da Petrobras (PETR4)?

Em seu relatório publicado na semana anterior, o BTG Pactual manteve sua avaliação de “compra” para ações da Petrobras, negociadas sob o ticker de “PBR” nos EUA. O preço-alvo do banco para os próximos doze meses é de US$ 16. Hoje o American Depositary Receipt (ADR, papel de empresa brasileira negociado na Bolsa dos EUA) da petroleira são negociados na casa dos US$ 14,42. Além disso, o banco estima uma valorização de 11% nas ações da Petrobras na B3 e um dividend yield de 20%.

O BB Investimentos, na mesma linha de recomendação para comprar Petrobras, mira o preço-alvo de R$ 42,00 para 2024. Segundo a instituição, os principais riscos a se atentar na hora de investir ou manter a posição na estatal são:

  • (i) volatilidade nos preços do petróleo;
  • (ii) mudanças na política de preços da empresa;
  • (iii) risco de execução de projetos em andamento e futuros;
  • (iv) resultado desfavorável de discussões judiciais, inclusive tributárias e trabalhistas;
  • (v) com a entrada no segmento de renováveis, eventual alocação de recursos em projetos com retornos menores do que o custo de capital da companhia; e
  • (v) volatilidade cambial.

Além dos pontos abordados pelo BBI, Daronco completa que ainda é preciso ter cautela com o clima de insegurança política. “Devemos ver um volume de indicações políticas aumentando por causa da mudança de estatuto da companhia e, a depender de quem você coloca na empresa, pode estar destruindo valor pro acionista”, ressalta.

Além disso, segundo o analista, nos preços atuais, a Suno não tem recomendação de compra para as ações da Petrobras (PETR4).

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Camila Paim

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